ENSAIO: Kia Carens 2.0 CRDi EX com 7 lugares

QUEM a vê por fora, não a julga capaz de dispor de sete verdadeiros lugares. No entanto, as dimensões não diferem muito dos concorrentes mais directos com características idênticas de habitabilidade, Renault Grand Scénic ou Citroën Grand C4 Picasso. É pois o desenho equilibrado e muito harmonioso, de linhas vincadas e rectilíneas que lhe conferem também um ar de grande dinamismo, o principal responsável por essa impressão e que contribui ainda para atenuar o aspecto típico de um monovolume.

O SEGUNDO pensamento que me ocorreu, quando pela primeira vez senti esta nova geração, foi o quão distante ela se encontra, em termos estruturais, de alguma ingenuidade de construção da anterior e, em termos de conceito e funcionalidade, mais de acordo com uma imagem mais «europeia». A nova Carens confunde-se facilmente com uma station ligeiramente mais alta, proporciona bons índices de habitabilidade e, pela primeira vez, pelo menos no mercado nacional, uma lotação superior a cinco ocupantes. Os dois lugares traseiros são, como se vulgarizou, escamoteáveis e obtidos à custa do sacrifício da bagageira, passando esta a ser pouco mais do que simbólica. Mas o espaço para os ocupantes destes bancos não é assim tão desprezível e adultos podem viajar aqui com razoável conforto mercê da altura interior. O acesso também não é mau de todo. Única condicionante: a ausência de abertura dos vidros traseiros poderá desagradar em dias mais quentes, nada que o ar condicionado não resolva e este é, de resto, um óbice generalizado a toda a categoria.

BEM MAIS simples, mas também muito mais funcional, o painel de bordo desta nova geração prolonga-se na zona central, elevando e tornando mais confortável o manuseamento do manípulo da caixa de velocidades. Dividindo os dois lugares da frente, este prolongamento inclinado aproximou e tornou também mais fácil o acto de funcionar com os comandos do rádio e da climatização. Entre os bancos, um compartimento duplo sob o apoio de braços, no tablier e naturalmente no forro interior das portas, numa gaveta por debaixo do banco do passageiro dianteiro e até nas cavas das rodas traseiras, existem pequenos e muito funcionais pequenos espaços, incluindo, naturalmente, porta-copos.
Realço ainda uma bonita conjugação de dois tons de cor, tanto no tablier como no forro das portas. E se o faço é porque isto atenua a ausência de revestimentos suaves nestas zonas, se bem que os plásticos rígidos apresentem rigor no acabamento e na montagem.

NÃO É PORTANTO daqui, que provêm algum ruído que se sente no interior da Carens. O barulho, suportável e perfeitamente disfarçável pelo rádio, mas mais evidente em velocidades elevadas, é da responsabilidade do funcionamento do motor.
Com 140 cv, este propulsor diesel de 2,0 l é não apenas mais do que suficiente para a tonelada e meia de peso deste carro, como capaz de o levar a velocidades e acelerações bem interessantes. A unidade motriz, que serve outros modelos do grupo Hyundai, surge aqui coadjuvado com uma suave e precisa caixa de seis velocidades, e embora não apresente prestações de referência, isso deve-se às formas da secção dianteira que provocam ainda alguns ruídos aerodinâmicos em alta velocidade.

JÁ QUANTO a outro aspecto que, a par da habitabilidade, é igualmente muito importante, a Carens não desilude no conforto proporcionado pela suspensão. A taragem branda absorve bem as irregularidades e embora a compleição dos bancos não seja a ideal em termos lombares, o corpo também não se ressente grandemente em deslocações mais longas.
Muito estável em velocidade, essa brandura provoca apenas um ligeiro mas não constrangedor rolamento da carroçaria em curva, enquanto que a direcção, bastante assistida, lhe facilita as manobras de parqueamento mas retira alguma sensibilidade em auto estrada.

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PREÇO, desde 28800 euros
MOTOR, 1991 cc, 16 V, 140 cv às 4000 rpm, 305 Nm das 1800 às 2500 rpm, turbo-compressor de geometria variável, intercooler
CONSUMOS, 7,8/5,2/6,1 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 163 g/km de CO2

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A CARENS é um carro muito fácil de conduzir, com boa visibilidade lateral e dianteira e a particularidade de dispor de um travão de mão accionável... com o pé! Razoavelmente espaçoso e muito funcional, proporciona um lote de equipamento que o torna uma opção bastante racional face ao preço a que é proposto. Condicionado à fiscalidade que incide sobre o motor de 2,0 l, a existência de um propulsor 1.6 CRDi que a marca dispõe, torná-lo-ia mais concorrencial no nosso mercado, mas apenas em termos de preço final. Este 2.0 CRDi consegue consumos médios em tornos dos 6,0/6,5 l, e dificilmente a unidade 1.6 faria melhor nesse aspecto.
Por causa dessa mesma fiscalidade, este monovolume tornou-se uma aposta mais forte da marca em Portugal, o que até aqui ocorria com a Carnival. Disponibilizada unicamente com este motor, a Carens também tem um só nível de equipamento, bastante completo e que, de fora, deixa apenas a pintura metalizada. Para além do que se possa imaginar de conforto e estilo, inclui ainda, por exemplo airbags de cortina para as três filas de bancos e controlo de estabilidade.

Resultado dos testes de colisão EURONCAP (2007):

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