ENSAIO: Seat Mii 1.0/75 cv Ecomotive (99 g)

Mii é a designação dada a uma qualquer figura digital, uma entidade gráfica do mundo dos jogos e do ciberespaço. Mas este Seat é bem real e urbano. Ágil e económico, jovial na forma e no conceito, o pequeno Mii é o exemplo da atitude comportamental que um modelo citadino deve ter. Grande parte do mérito reside no desempenho do compacto motor de 3 cilindros com somente 999 cc, capaz de conferir ao pequeno carro espanhol uma postura irreverente e até quase desportiva.

A subida galopante do preço dos combustíveis, a crise económica e o aumento do tráfego urbano são razões que têm feito crescer a importância dos pequenos automóveis, mais económicos a todos os níveis.
Orientados para um estilo de vida mais urbano, carros como o Seat Mii não regateiam esforços para se aproximarem dos níveis de conforto e segurança de automóveis maiores. Como fazê-lo a partir de dimensões tão reduzidas – somente 3,56 metros de comprimento – é tarefa que os engenheiros conseguem ao maximizar o espaço que sobra de uma estrutura que, obrigatoriamente, tem de albergar um pequeno motor e os restantes órgãos mecânicos.


Ágil e enérgico

A impressão mais forte que me ficou, depois de o conduzir durante alguns dias, foi o enérgico comportamento do seu pequeno motor de 1,0 l. De tal modo que, poucos quilómetros depois de me sentar ao volante do Mii amarelo destinado ao ensaio, questionei-me se não estaria na presença de uma versão equipada com um motor maior e mais potente, tal a capacidade dinâmica que ele estava a demonstrar.
Mas não! Efectivamente, o Seat Mii actual, disponível em versões de 3 ou de 5 portas (esta a partir do verão), recorre a um compacto 3 cilindros com capacidade para entregar 60 ou 75 cv, consoante a versão. Dotado de sistema pára/arranca em semáforos e com um consumo médio anunciado em torno dos 4,5 litros, este motor tem níveis de emissões a partir de apenas 99 g/km. (ver AQUI mais sobre este motor)
No que é que isto é importante? Graças a estes valores, em Portugal e em muitos mercados europeus, são possíveis benefícios fiscais no acto da compra e também no pagamento anual do Imposto Único de Circulação.

Cinco aos cem

Na realidade, trata-se de um motor que demonstra muito poucos constrangimentos em termos de desempenho e que tem tanto de pequeno em tamanho, como de grande em alma desportiva. Levado a movimentar uma estrutura que, em vazio, não chega a pesar 900 kg, o bom escalonamento da caixa, precisa e rápida, e a gestão electrónica, contribuem para que se comece a rentabilizar bem cedo o binário disponível.
É um prazer guiar um carro que demonstra tanta generosidade a acelerar e que se esforça por manter o equilíbrio entre o conforto e o desempenho. O curso pequeno da suspensão não deixa absorver na totalidade as irregularidades ou isentar a carroçaria de vibrações em mau piso, mas faz os possíveis. A direcção muito directa e igualmente precisa, bem como o equilíbrio de uma traseira que termina abruptamente, são factores que contribuem para a agilidade e boa capacidade de manobra reveladas pelo Seat Mii.
No final do ensaio, a média real do consumo foi de 5,1 litros. Um valor excelente, sobretudo quando quem o conduziu não enjeitou a possibilidade de andar bem e depressa.

Interior jovem

Os únicos quatro ocupantes permitidos a bordo podem contar com um relativo desafogo embora, em boa verdade, a excelente capacidade da mala (251 litros é muito bom numa estrutura tão compacta) só seja possível com sacrifício do espaço para as pernas nos lugares traseiros e do pneu suplente, substituído por um kit anti-furo.
No interior da mala, uma divisória horizontal flexível coloca o piso ao nível da abertura da mala, gerando, por baixo, um espaço extra escondido de olhares indiscretos.
O tablier segue o princípio da simplicidade e da funcionalidade. Os materiais plásticos não impressionam mas também não geram ruídos indesejáveis e existem pequenos espaços em número suficiente para os habituais objectos pessoais.

Habitabilidade modesta

Até à chegada, prevista para o verão, da versão de 5 portas, este é, claramente, um carro mais indicado para dois ocupantes com serviço ocasional do banco traseiro. A movimentação dos assentos da frente, para permitir o acesso o acesso aos lugares traseiros, não dispõe de memória, o que obriga a novo ajuste sempre que isso é feito. Mesmo o manípulo para iniciar a acção surge numa posição demasiado baixa e discreta.
Atrás, os lugares são bons em largura e em altura, mas já não tanto no espaço que disponibilizam para as pernas. O que não acontece nos lugares dianteiros, efectivamente desafogados e com bancos amplos, sendo somente aborrecido que o condutor tenha que se inclinar sobre o banco ao seu lado, para comandar a abertura eléctrica do vidro.

Equipamento inovador

Nota final para um curioso acessório que o Seat Mii traz como novidade: um sistema portátil (com encaixe próprio na parte superior do tablier) que reúne entretenimento, navegação, conectividade Bluetooth e um avançado e inovador computador de bordo. Entre outras curiosidades importantes em termos de equipamento, possíveis de consultar AQUI, no texto de apresentação deste modelo.

Dados mais importantes
Preços desdedesde 11 422 euros
Motores998 cc, 3 cil./12 V., 75 cv às 6000 rpm, 95 Nm às 3000 rpm, injecção indirecta de gasolina
 Prestações
173 km/h, 13,2 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio)4,3 litros
Emissões Poluentes (CO2)99 gr/km

Conceito partilhado


Uma das premissas a que obedece um veículo com estas características é conseguir ser barato de construir, sem sacrificar aspectos importantes de qualidade, fiabilidade e segurança. Neste caso, o grupo VW consegue uma economia de escala ao fabricar este carro para três das suas marcas – VW, Skoda e Seat – atribuindo características distintivas e identificativas a cada um dos modelos.
Se a intenção é poupar, mais a mais numa altura tão complicada quanto esta em que vivemos, então esta é a versão mais equilibrada em matéria de preço, equipamento e imagem de marca, factores importantes na desvalorização do veículo ao longo do tempo.


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