ENSAIO: Ford Focus 1.0 Titanium EcoBoost 5 portas
Quando
me sentei ao volante deste Focus veio-me à memória uma tentativa anterior da
Ford de oferecer um modelo familiar com um preço atraente. Recordei-me,
concretamente, de uma versão do último Escort equipada com o motor 1.25 e que
foi comercializada em Portugal há cerca de 20 anos. Só que, ao contrário desse
lento e guloso Escort, a agilidade e o desembaraço demonstrados por este
1.0EcoBoost torna difícil acreditar de que se trata, efectivamente, de um
conjunto com - “apenas” - 998 cc! É que tanto a capacidade de aceleração como a
de recuperação são equivalentes às anteriores unidades 1.4 e até 1.6, com clara
vantagem para os consumos e consequentes emissões. A tudo isto podemos ainda juntar
uma extensa lista de equipamento e, surpresa, a conta final deste familiar fica
nos 20 mil euros.
Com
o mercado português em forte ebulição e as vendas a caírem para metade face ao
ano anterior, todas as possibilidades que as marcas têm para oferecer “mais
carro” por “menos dinheiro” são desejadas por quem compra… e por quem vende!
No
caso deste Focus, um familiar de gama média comercializado por cerca de 20 mil
euros chama logo à atenção. Isso é possível devido à menor carga fiscal que
incide sobre uma cilindrada mais reduzida, beneficiando também do facto de as
emissões serem de apenas 114 g/km. Devem ainda acrescentar-se outros benefícios
vindouros, como os consumos mais baixos ou um Imposto Único de Circulação
abaixo dos 100 euros. A título de exemplo, este Focus paga cerca de 98
euros/ano, enquanto um familiar a gasolina, com mais de 1250 cc e emissões
superiores a 120 gr/km tem um custo anual de IUC de 163 euros.
Mas
este excelente argumento de vendas de nada serviria, caso o resultado prático não
beneficiasse em nada a dinâmica ou o desempenho da versão.
O
que não acontece. Bem pelo contrário.
Equipamento
e condução
Pouco
há a acrescentar em relação ao que já foi publicado no ensaio ao Ford Focus 1.0EcoBoost Edition SW.
Contudo,
as razões para voltar a falar deste conjunto permanecem válidas. E elas são não
apenas as apontadas no início deste texto – importantes na conjuntura económica
actual – mas ainda o facto de, realmente, a condução do Focus representar um
verdadeiro exercício de prazer.
Apesar
da sua vertente familiar, a estrutura compacta deste modelo, aliado a um
chassis bem concebido e superiormente afinado, proporcionam-lhe uma condução
bastante agradável e dinâmica. Torna-se fácil a qualquer “piloto” entrosar-se
com a sua condução, sendo que as manobras em cidade, e mais concretamente as de
estacionamento, podem ficar ainda mais simplificadas graças ao sistema de
auxílio ao parqueamento lateral. Um extra que custa, à parte, 700 euros.
Em
matéria de equipamento, até mesmo nesta económica versão disponível na casa dos
20 mil euros, o Focus oferece de série itens como as jantes em liga leve, os
faróis de nevoeiro, o sistema de chave inteligente, ar condicionado, sistemas
de controlo em curva, de estabilidade e de auxílio ao arranque em subida, airbags
frontais, laterais e de cortina, etc, etc, etc…
Desempenho
do motor
Estreado
no Focus, este “1.0 EcoBoost” estará presente em grande parte da gama, como o
novo B-Max ou a futura geração Fiesta. O “truque” para obter tão elevado
rendimento reside na pressão e precisão com que o combustível é pulverizado para
dentro do motor, aliado à compressão dos gases pela acção de um pequeno turbo.
Isto permite-lhe excelentes valores de potência e de eficiência, além de um
binário constante de 170 Nm entre as 1400 e as 4500 rpm, ou de 200 Nm obtidos
momentaneamente por efeito “overboost”. Para conhecer mais sobre a forma de
acção deste motor ler o texto de apresentação do mesmo.
Além
de uma redução de peso alcançada com um motor de 3 cilindros mais pequeno e
leve, outros factores concorrem para a economia e rapidez do conjunto: um
conjunto de melhoramentos aerodinâmicos, como o sistema de fecho activo da grelha
dianteira, o sistema start/stop e a aplicação Ford Eco Mode, que “treina” o
condutor para uma condução ecológica, através de gráficos no painel de
instrumentos e de uma luz que indica a altura certa para troca da mudança.
O
ensaio efectuado permitiu constatar a surpreendente resposta do motor logo às
1500 rpm e, mesmo que se pressintam maiores dificuldades em carga ou ao
enfrentar percursos mais inclinados, a belíssima desmultiplicação da caixa de
seis velocidades e a acção do “overbost” socorrem rapidamente qualquer
necessidade de força extra.
Dados mais importantes
| |
Preço (euros): | 19 650 (*) |
Motores | 998 cc, 3 Cil./12 Valv., 125 cv às 6000 r.p.m., 170 Nm das 1400 às 4500 rpm (200 Nm em overboost), injecção directa, turbo de baixa inércia |
Prestações |
193 km/h, 11,3 seg.
|
Consumos (médio/estrada/cidade) | 5,0 / 4,2 / 6,3 litros |
Emissões Poluentes (CO2) | 114 gr/km |
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