QUANDO no dealbar do século a Toyota lançou o Yaris, fê-lo com objectivos claramente ambiciosos de conquista do segmento dos utilitários no Velho Continente, tendo, de uma forma inédita, desenvolvido o conceito auscultando permanentemente jornalistas e técnicos europeus de forma a produzir um carro o mais consensual e o mais próximo dos desejos do consumidor europeu.
O RESULTADO foi, desde logo, a conquista do galardão «Carro do Ano», um troféu para o qual votam jornalistas de cerca de 20 países europeus…
Na realidade, a 1.ª geração acabou por ter uma grande aceitação da parte do público, sobretudo feminino, com uma gama ampla de versões que iam desde os económicos 1.0 a gasolina e 1.4 a gasóleo, passando pelas versões desportivas «T-Sport» com motores 1.5. Ainda que tenha guindado a marca japonesa para números expressivos no segmento, graças a uma série de novidades de aproveitamento do espaço como o banco traseiro com deslocação longitudinal e motores evoluídos com variação da abertura das válvulas, a verdade é que a supremacia na sua classe nunca foi tão evidente quanto os japoneses o desejariam, apesar dos mais de 1,2 milhões de unidades vendidas.
É QUE SE TRATAVA de uma tarefa nada fácil, a de concorrer num campo onde confrontam imensas propostas de marcas europeias com historial na classe. A seu favor, a Toyota impôs o prestígio da marca, um Yaris com índices de fiabilidade e segurança elevados como atestam os diversos galardões obtidos, uma manutenção acessível, além de uma estética simpática e grande poder de manobra.
Pelo meio da vida da primeira geração ocorreu uma ligeira renovação estética e dotação de mais equipamento de série — o principal dos quais o ABS, corrigindo o equilíbrio da traseira em travagens bruscas —, vindo, com esta segunda geração, favorecer um dos factores mais importantes: o incremento da habitabilidade, sem grande reflexo das dimensões exteriores.
O TOYOTA YARIS parece, e de facto é, maior do que o seu antecessor. Mas não muito. Onze centímetros no comprimento, mais alto e ligeiramente mais largo, são os nove centímetros a mais na distância entre eixos que mais contribuem para uma melhor habitabilidade dos ocupantes do banco traseiro, agora com cerca de mais 5 cm de distância entre as duas filas de bancos.
Quanto à capacidade da mala é mais controverso; uma prateleira, colocada no plano de abertura da porta da mala — sob a qual é possível colocar objectos fora do alcance da vista num espaço com 50 l de capacidade — torna mais curta a distância que vai desta à chapeleira, mesmo se, em profundidade, a bagageira cresceu 13 cm. Sob tudo isto, encontra-se um pneu de emergência fino…
Claro que a regulação longitudinal do banco traseiro em 15 cm — com um processo mais fácil de movimentação localizado no topo lateral do respectivo encosto e que dispensa a remoção dos encostos de cabeça — amplia bastante a sua capacidade, ainda assim deixando algum espaço para as pernas dos respectivos ocupantes. A sua capacidade mínima é agora de 272 litros.
ONDE MAIS se nota este aumento das dimensões é, desde logo, quando nos sentamos ao volante. O painel surge mais imponente e mais profundo, permitindo a existência de novos pequenos espaços para arrumação. E são, de facto, bastantes e engenhosos, extremamente úteis e práticos. Talvez por isso, pelas maiores dimensões do tablier, por uma disposição mais cuidada dos comandos — com destaque para um renovado painel de instrumentos ao centro —, pelos pequenos pormenores de cor que sobressaem das linhas fluídas, que esta geração Yaris nos faz parecer tratar-se de um modelo mais adulto e equilibrado. O construtor também a isso foi «obrigado» com o surgimento do pequeno e citadino Aygo, de forma a distinguir claramente os dois modelos. Ainda que os plásticos estejam lá e à vista, a sua robustez tem claramente o cunho da tradicional qualidade Toyota.
TEMOS, POIS, ao volante, a sensação de um carro maior, e a própria posição, ligeiramente mais elevada, bem como a profundidade do tablier, requerem acertos mais cuidados do banco e da direcção, para que nos sintamos confortáveis. Continua a não ser dos mais compridos do segmento e, em manobra, a forte inclinação dos pilares dianteiros, as linhas de cintura e da traseira mais elevadas — que contribuem para a impressão de solidez e segurança do conjunto — não são um grande óbice à visibilidade. O espaço disponível no banco traseiro melhorou bastante, os cintos de três apoios e a disponibilidade de airbags traseiro vieram, igualmente, reforçar a segurança dos passageiros.
MAIORES dimensões e maior peso, trouxeram naturalmente maior estabilidade ao Yaris. Para além do reforço da segurança, as preocupações com o conforto passaram também por mais revestimentos insonorizantes — ainda que o ruído do motor diesel nunca deixe de estar presente… — e por uma nova ancoragem da suspensão traseira numa plataforma inteiramente revista.
O comportamento em curva e em travagem melhorou significativamente, graças também a uma maior firmeza no amortecimento a que obriga a sua altura.
O maior peso veio, pelo menos na versão diesel ensaiada, retirar algum fulgor que a mesma possuía na primeira geração. É certo que se trata de um motor potente mas em que os valores ideais de binário se situam em torno das 2000 rpm, o que obriga a permanentes trocas de velocidade. Contudo, os consumos mantêm-se comedidos em condução descontraída, para o que certamente também contribui a boa fluidez aerodinâmica das linhas da carroçaria.
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PREÇO, desde 18000 euros MOTOR, 1364 cc, 90 cv às 3800 rpm , 190 Nm entre as 1800 e as 3000 rpm, PRESTAÇÕES, 175 km/h CONSUMOS, 5,4/4,0/4,5 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 119 g/km
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COM ESTA GERAÇÂO, o Yaris manteve algumas motorizações da anterior geração — ainda que melhoradas na eficiência, conhecendo outras. A base da gama assenta num novo 1.0 de 3 cilindros a gasolina com 69 cv — o do Aygo — progredindo para um 1.3 — muito importante em termos europeus mas não em Portugal —, com o binário reforçado. Por enquanto, a gasolina, o nosso país deverá conhecer apenas estes — futuramente, a versão T-Sport assentará num 1.8 —, enquanto que, a gasóleo, a aposta recai sobre os 90 cv debitados pelo 1.4 D-4D objecto deste ensaio.
A par da caixa de velocidades manual, existe ainda uma outra designada «Multi-Modo», operada por motores eléctricos e de transmissão robotizada com uma embraiagem pilotada electricamente, que possibilita passagens de caixa em modo totalmente automático ou sequencial, com opção desportiva.
Outra novidade opcional é o «Smart Entry & Start», um sistema avançado de entrada e de arranque inteligente, em que a luz de cortesia se acende sempre que detecta a presença da chave na vizinhança do carro e a entrada e arranque não requer ranhura para a chave, bastando pressionar um botão de start para ligar o motor.
Em matéria de equipamento, tendo o Yaris sempre sido considerado um dos veículos mais seguros da sua classe, é natural que assim se mantenha. Por isso, a par dos quatro airbags (dois frontais e laterais) disponíveis de série, pode ainda ser dotado de airbags de cortina e para os joelhos (estreia neste segmento), com painéis de protecção localizados no interior das portas. Mas, para alcançar a pontuação máxima nos exigentes testes Euro-Ncap, além dos reforços estruturais da carroçaria, bancos que diminuem o efeito de «chicote», coluna da direcção e pedal de travão retrácteis, conheceu também desenvolvimentos no sistema de travagem com múltiplas ajudas, desde o ABS, distribuição electrónica da força de travagem e assistência a travagens de emergência.Em conjunto com todo este equipamento que se encontra disponível no Toyota Yaris 1.4 D-4D Rock in Rio ensaiado (incluindo os airbags laterais traseiros e de joelho), encontramos ainda os vidros e retrovisores eléctricos, fecho centralizado das portas com telecomando, ar condicionado manual, volante e punho da caixa em pele, rádio/CD com comandos ao volante, ajuste em altura e em profundidade do banco do condutor e do volante e computador de bordo, por cerca de 20 mil euros.
Resultado do modelo nos testes de segurança EuroNcap:
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