Smart Fortwo Cabrio O primogénito descapotável

JÁ REFERI AQUI as origens do projecto Smart quando, há poucos meses, trouxe a ensaio o Forfour de quatro lugares. Na altura relatei o parto nada fácil de um projecto que demorou vários anos a amadurecer e cuja ideia final, ainda que gira e original – unir o nome de uma marca de relógios da moda, a Swatch, a um modelo puramente urbano, de dois lugares, de estilo fashion –, demorou até encontrar um construtor que adoptasse o conceito. Acabou por ser a Mercedes a fazê-lo e, em finais da década de 90, o mercado conhecia finalmente as primeiras versões.

O MODELO agora em análise, baseia-se exactamente na ideia original de um dois lugares eminentemente citadino. Como então escrevi, a grande aceitação do modelo, despistou as dúvidas e reticências iniciais – mesmo por parte do construtor – acabando por dar lugar a outras versões e estabelecendo definitivamente o nome «Smart» como marca e não apenas como designação de um modelo. É exactamente uma delas, afinal a mais próxima por se tratar da inclusão de uma capota em lona, que serve de objecto a esta apreciação.

TENDO COMO PRETEXTO uma edição especial denominada «fortwo grandstyle», com um efeito visual baseado na elegância da combinação de cores da carroçaria - verde escuro metalizado e cinza prateado - e um vasto equipamento de série que inclui rádio/CD com leitor de MP3, ar condicionado, jantes em liga leve, volante e punho da alavanca de velocidades em pele, alia as características intrínsecas ao modelo fechado (coupé) - linhas e conceito revolucionários, dimensões pequenas que o tornam fácil de manobrar e de estacionar em cidade, diminutos e económicos motores e um preço convidativo - à sedução e funcionalidade de um descapotável.

EMBORA um bocadinho fora de época – já chove... – surgiu a ocasião para um contacto com esta série especial lançada este verão. E começando por analisá-la na sua principal característica – a capota eléctrica em lona –, aí reside, a par das cores escolhidas, grande parte do seu charme. O seu funcionamento é muito prático, pondo a descoberto, um arco prateado que garante a estabilidade torcional e protege os ocupantes em caso de capotagem. O tejadilho pode servir meramente como tecto de abrir com várias posições intermédias, ou descer por completo até ao nível superior da mala, que não sofre grandemente com isso no que respeita à capacidade.

JÁ QUANTO ao desempenho dinâmico não sofre muitas alterações em relação ao modelo fechado, salvo, naturalmente, quando circulamos de capota aberta e a acção aerodinâmica se faz sentir. Com ela colocada mal se pressente a acção do vento, o que revela também um grande cuidado com a insonorização. O modelo ensaiado dispunha de um pequeno motor a gasolina com cerca de 700 cc, equipado com turbo e compressor, para além de caixa automática de seis velocidades com comando sequencial. Duas notas a favor do conjunto, a grande economia de consumos e a desenvoltura dinâmica muito bem adaptada à circulação urbana; já em contrapartida, o funcionamento totalmente automático da caixa não é de todo linear nas passagens de velocidade, gerando ligeiros solavancos e incitando ao seu uso no modo sequencial.
Por motivos de segurança a velocidade máxima é limitada a 135 km/h (rapidamente atingida em estrada aberta), sendo bastante despachado em cidade (a faixa de binário é particularmente ampla e o rodado baixo também ajuda) e o comportamento em curva é efectivamente muito bom face ao peso, às dimensões do conjunto e até à circunstância de se tratar de uma viatura com motor e tracção traseira. Aliás, também a estabilidade em velocidade surpreende pela positiva, possuindo de série um programa electrónico com essa função.

COM CREDENCIAIS suficientes para servir não apenas como versão citadina dos clientes tradicionais da Mercedes, como para agradar a uma faixa etária mais nova devido ao seu ar jovem e irreverente, o Smart prossegue no interior o arrojo estilístico e personalizado que se adivinha desde logo do exterior. O toque descontraído e jovial do painel de comandos, a forma e colocação das saídas de ventilação, o próprio formato do volante e até a funcionalidade dos pequenos espaços (que não abundam, diga-se de passagem...), tudo concorre para agradar. Salvo o facto de, para abrir o vidro do pendura, termos que nos debruçar sobre o respectivo assento...
Já quanto à habitabilidade, ela é boa para os fins propostos. É certo que, inicialmente, quando nos sentamos, temos a ligeira sensação de retornarmos a um filme do sr. Hulot; mas rapidamente nos deixamos encantar pelo seu carácter irreverente, e a facilidade com que nos desembaraçamos do trânsito urbano ou encontramos um lugar «à justa» para o estacionar, ou até mesmo quando, de cabelos ao vento, podemos desfrutar de uma condução calma, descontraída, económica e invejada (com vários pescoços a voltarem-se à sua passagem...), rapidamente compreendemos e aderimos a «smartmania»...


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PREÇO, 14600 euros (grandstyle) MOTOR, 698 cc, 61 Cv às 5.250 rpm, 3 cilindros, turbocompressor suprex e intercooler, 95 Nm das 2.000 às 4.000 rpm PRESTAÇÕES, 135 km/h (limitada) CONSUMOS, 6,0/4,1/4,8 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 113 a 127 g/km
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O FORTWO CABRIO está disponível em vários níveis de equipamento, com preços a partir de 12 795 euros na versão mais acessível – Pure –, quedando-se pelos itens de segurança como o dois airbags frontais de grande dimensão, ABS e programa electrónico de estabilidade (ESP), além da caixa automática electrónica de seis velocidades com comando sequencial, vidros eléctricos ou o fecho centralizado com telecomando com três funções, incluindo a abertura da capota. Quanto a motores, para além deste a gasolina, existe um ainda mais económico turbodiesel com cerca de 800 cc e 41 cv de potência, ou uma versão mais desportiva da Brabus, baseada neste motor a gasolina agora ensaiado, mas com 75 cv de potência.

Resultado nos testes EuroNcap (modelo 1999)
http://www.euroncap.com/content/safety_ratings/details.php?id1=6&id2=29

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