DESDE SEMPRE associada a modelos de luxo e prestígio, quase todos inacessíveis ao comum dos mortais — mesmo se há alguns anos tem vindo a diversificar e democratizar a gama com as classes A e B — a marca da estrela também legou para a história do automóvel alguns dos mais bonitos, desejados e sempre desportivos modelos coupé e cabriolet.
LANÇADO HÁ alguns anos no mercado — e quando a Classe C se apresta para conhecer uma nova geração — o C Sportcoupé, resposta ao sucesso da série compact da também alemã BMW, mantém-se como um dos mais apurados exercícios de aerodinâmica da classe, tendo sido alvo de uma renovação em 2004. A secção dianteira é toda ela Mercedes, afilada, provocante mas também imponente e dominada pela volumosa estrela que decora a grelha, enquanto a traseira curta lhe reforça a propensão desportiva. É um daqueles carros que apaixona ao primeiro olhar, que apetece conduzir e sentir, mesmo antes de sabermos o que podemos contar da sua competência dinâmica.
NOS DIAS QUE CORREM um motor diesel de 150 cv já não impressiona quando falamos de um bloco de 2,2 l. Mas de um binário de 340 Nm, logo às 2000 rpm, associado a uma bem escalonada e precisa caixa de seis velocidades, poucas dúvidas deixa sobre a sua capacidade. E, se elas mesmo assim ainda existissem, rapidamente se esfumariam face ao desempenho de uma suspensão que, não regateando algum conforto aos ocupantes — até porque os pneus de baixo perfil também não ajudam nesse aspecto — se mostra à altura do que a restante componente mecânica lhe permite. E se permite muito…
Mas como uma velocidade máxima acima dos 220 km/h pouco interessa para o caso em Portugal, mais importante é apontar um consumo combinado de 6,3 l. É que este 220 CDI, da mesma forma que se mostra bastante desportivo quando disso se quer tirar partido, também evidencia um comportamento muito dócil e bastante elástico em toada mais calma.
SEM ABALAR o prestígio que os modelos da marca da estrela conheceram ao longo dos anos, a aparência mais jovem e até irreverente das suas criações mais acessíveis, está bem patente neste modelo. É essa imagem dinâmica que pretende transmitir e com ela cativar, procurando novos consumidores sem descurar os mais abastados e tradicionais clientes, que o podem encarar como segundo modelo da família…
E, desta última forma, pode ser visto pois o espaço traseiro não abunda. A capacidade da mala até é o bastante para o fim a que se destina — em parte porque, sob o piso apenas encontramos um pneu de emergência —, mas falo sobretudo do espaço reservado para os passageiros do banco traseiro em viagens mais longas, que poderão até sentir alguma claustrofobia perante a menor altura em relação ao tejadilho. É claramente um carro voltado para os dois ocupantes dianteiros que, mesmo se colocados em posição baixa — e isso é tanto mais notório quando se entra ou sai do sportcoupé —, podem desfrutar de bancos com excelente apoio.
ESSA POSIÇÂO menos elevada é também a de condução, ainda que o banco permita variadas regulações. A visibilidade pode não ser a melhor — sobretudo para a traseira —, mas a estrutura compacta deste Mercedes e a facilidade de manobra contribuem para uma condução muito acessível.
Interiormente, toda a classe de um Mercedes. Uso de materiais que transpiram qualidade e prestígio, sem grande ostentação, antes uma vincada imagem desportiva. A acessibilidade e o uso de alguns comandos requer hábito, enquanto o travão de serviço surge aqui na tradicional posição de «pé e botão» como é apanágio dos modelos de maior categoria da Mercedes. Oferece uma condução que vicia sem dificuldade, num conjunto que rapidamente se conjuga com os condutores mais exigentes.
E NEM OUTRA COISA seria de esperar num Mercedes e mais a mais num veículo cujo preço base ultrapassa, em Portugal, os 45 mil euros! Mais 10000 euros do que em Espanha, por exemplo…
Tanto em estrada aberta como em percursos urbanos, é um carro que impõe toda a sua mais valia, com uma excelente insonorização e um extremo conforto do rolamento em bom piso, para além de que a franca disponibilidade do motor, uma direcção precisa e uma caixa suave, contribuem, no conjunto, para uma condução deveras descontraída. Ou segura e previsível quando a condução se torna mais exigente e se exige maior dinamismo ao conjunto.
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PREÇO, desde 45.700 euros MOTOR, 2148 cc, 150 cv às 4200 rpm, 340 Nm às 2000 rpm, 16 válvulas PRESTAÇÕES, 220 km/h CONSUMOS, 4,8/6,3/8,6 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 174 g/km de CO2
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O SPORTCOUPÉ possui uma gama de motores diesel onde se inclui a versão ensaiada e um mais acessível 200 CDI, com o mesmo bloco mas em versão de apenas 122 cv. A gasolina, o 180K (143 cv), 200K (163 cv) e 230 (204 cv) e 350 (272 cv). Sendo francamente um modelo desportivo, pela sua compleição e arquitectura da suspensão, muito do equipamento passa por essa área — em termos de decoração da carroçaria e do interior, mas também por uma ponteira de escape cromada, bancos desportivos, afinação da suspensão, controlos electrónicos de tracção e de estabilidade —, mas sem descurar os habituais itens de segurança, como o duplo airbag frontal e laterais dianteiros, faróis de nevoeiro e o ABS com assistência a travagens de emergência. Já em termos de conforto, o ar condicionado automático, rádio/CD, volante multi-funções, computador de bordo, fecho centralizado com telecomando, vidros e retrovisores eléctricos ou bancos dianteiros com regulação eléctrica entre muitos outros. Versões especiais, como era o caso da ensaiada — SPORT EDITION — acrescentam ainda decorações em alumínio, pedais desportivos, volante desportivo e jantes em liga, por exemplo, podendo ainda contemplar extras como o pré-equipamento para o telemóvel, sensores de estacionamento ou estofos em pele.
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