SE HÁ CARROS que se impõem por si só, pela imagem que transmitem e por não passarem desapercebidos entre os seus pares, então o Cadillac BLS é um deles. A começar pela frente imponente, que aloja a volumosa grelha e igualmente grandes grupos ópticos, pelos traços vincados e rectilíneos das linhas ou até mesmo pela traseira, toda ela elevada e altiva.
A CURIOSIDADE maior principia logo no nome e no símbolo, nada usuais no nosso país: «Cadillac», geralmente associado a aparatosos modelos americanos. Ora como a penetração do construtor não era significativa no velho continente, em grande parte porque a imagem de alguns dos seus modelos não corresponde exactamente ao gosto dos consumidores europeus, nada melhor do que conceber e construir, «de raiz», um automóvel essencialmente destinado a ser vendido por cá... e assim se explicam as razões do surgimento do BLS.
SERÁ QUE EXPLICAM? Bem, como em muitas outras coisas, depende do ponto de vista... é que a Cadillac, fazendo parte do grupo GM, à qual pertencem igualmente a Opel e a Saab, resolveu realizar o BLS a partir de um Saab; que por sua vez partilha a plataforma e a mecânica de um Opel... Confuso? Nem por isso; há muito que as marcas recorrem a tecnologia, peças e acessórios comuns para conceberem modelos diferentes, até para marcas e segmentos diferenciados e, não raras vezes, construtores concorrentes unem esforços para o fabrico de determinada viatura, motor ou caixa de velocidades. Assim é o mundo global, assim se executa a partilha de sinergias e desse modo se complica também a decisão de escolha dos consumidores!´
COMPLICA-SE? Talvez não... A verdade é que a identidade de cada um dos modelos, cuja base é comum — no presente caso, para além deste, Opel Vectra e Saab 9-3 — está mais do que garantida, o que facilita deveras o trabalho do marketing. Mesmo se um olhar mais pormenorizado, mas também necessariamente conhecedor, descobre sem dificuldade semelhanças interiores e alguns acessórios comuns ao Saab. O que só abona a favor do Cadillac! Sem pejo, pode afirmar-se que, em termos de qualidade do interior, neste segmento, este é o carro americano que recorre a melhores materiais e possui acabamentos mais cuidados; os revestimentos dos painéis, mormente do tablier, são macios, a insonorização quase perfeita e a ergonomia dos comandos não destoa. Pudera, foi concebido a pensar nos gostos europeus...
TERÁ SIDO MESMO? Ou melhor, terá resultado? Aparentemente sim. Os números de vendas tem superado os anteriores, ainda que, em termos absolutos, não impressionem. É preciso dizer que, de há uns anos a esta parte, a Saab tem surpreendido com novos modelos baseados em plataformas e motores do grupo General Motors, com a vantagem de os conseguirem tornar muito mais eficazes, depois de convenientemente «trabalhados» pelos suecos. A tal modo que se torna impossível estabelecer uma comparação de comportamentos! A partir daí poderia afirmar-se que o BLS, nascido de uma base sã, só teria motivos para agradar. Contudo, a política do grupo foi dotar o modelo de prestações acima dos seus pares e, como resultado mais imediato, tornou-se necessária uma adaptação da suspensão de modo a garantir a eficácia e segurança do desempenho.
E RESULTOU? Resultou. O BLS é efectivamente um modelo com um comportamento quase desportivo, muito seguro, bastante eficaz e previsível a curvar — mesmo que se note algum adorno da carroçaria —, com uma assinalável estabilidade em velocidades elevadas. Inclusive, o motor que equipa esta versão diesel — um bloco originário da Fiat, comumente utilizado pelo grupo e que reclama 150 cv mercê o sistema multiválvulas e um turbo de geometria variável —, acaba por ter um desempenho à altura, muito ajudado pelo escalonamento curto da caixa de velocidades automática com seis relações. O contraponto são os consumos: nem no modo sequencial a caixa «deixa» alongar o regime do motor, nem as relações curtas incentivam à contenção sobre o pedal do acelerador. Aliás: todo o conjunto instiga a que isso aconteça, porque, na realidade, «apetece» sentir-lhe o suave «ronronar» que por vezes invade o habitáculo, fazendo impôr a força da potência e do binário sobre o peso da estrutura.
MAS DEIXEMO-NOS de considerações e debrucemo-nos mais em concreto sobre o modelo. Já se referiu que o ponto de partida foi uma plataforma Opel, convenientemente «vestida» para fazer passar a imagem de um americano devidamente europeizado. Há um toque retro ou conservador, como se lhe quiser chamar, há algum dinamismo, mas há, seguramente, muita imponência que sugere sobranceria. Tipicamente americano, não é?
O toque da Saab garante-lhe o domínio sobre a segurança, o que também é sempre um excelente atributo. E, como atrás referi, em termos dinâmicos também não desilude. O consumo médio em torno dos 8 litros é em grande medida responsabilidade do escalonamento e forma de funcionamento da caixa de velocidades automática, mas, se assim é, deve-se ao facto deste motor «respirar» muito melhor acima das 2000 rpm. Em contrapartida, a caixa faz a transferência de velocidades de um modo muito suave e linear.
A AFINAÇÃO da suspensão privilegia claramente esse carácter quase desportivo do BLS. Trata-se de um modelo que não gosta de maus pisos e castiga os ocupantes quando o desviam para maus caminhos; torna-se seco, afunda-se bruscamente nas depressões, saltita nas irregularidades e quem paga são o condutor e passageiros. Os pneus de baixo perfil também não ajudam nada e a compleição dos bancos dianteiros igualmente não é a mais favorável.
O que não o impede de oferecer uma posição de condução muito envolvente, dominada por um generoso tablier, profícuo em matéria de comandos, mas funcional e intuitivo. A visibilidade traseira não é das melhores — o facto de esta ser elevada resulta numa maior inclinação do respectivo óculo — , mas para isso é que pode contar com sensores de estacionamento. E, por falar em traseira, neste caso em espaço, os ocupantes do banco posterior não dispõem de muito para as pernas. Já a mala beneficia de um excelente enquadramento, não impressionando, nem na volumetria total, nem por usar as vetustas dobradiças em arco, mesmo se protegidas. Hã! E não há pneu suplente! Em substituição, um sistema que inclui selante e compressor. Modernices!...
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PREÇO, desde 45 600 euros MOTOR, 1910 cc, 150 cv às 4000 rpm, 16 V, 320 Nm às 2000-2750 rpm, turbodiesel, injecção múltipla directa common-rail, turbo de geometria variável e intercooler PRESTAÇÔES, 210 km/h CONSUMOS, 9,9/5,6/7,2 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 194 g/km de CO2 (CX.Automática)
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EM PORTUGAL há, para além desta versão diesel, duas outras a gasolina, 2.0 e 2.8 V6, com potências que oscilam entre os 175 e os 255 cv. É pois sobre esta que recai o maior interesse no nosso país, até porque a equipada com uma caixa manual, igualmente de seis velocidades, representa uma poupança acrescida de mais de 3000 mil euros sobre a versão ensaiada, além de garantir maior economia de consumos e menores emissões poluentes.
Em todo o caso, e falando apenas da variante diesel, ela contempla dois níveis de equipamento — Business e Elegance —, sendo que o mais básico já inclui oito airbags, ABS com assistência à travagem de emergência e repartidor electrónico de travagem, controlos anti-patinagem e de tracção, ar condicionado manual, Rádio/CD com MP3 e comandos no volante, vidros e retrovisores eléctricos, fecho centralizado com telecomando, computador de bordo, cruise control e jantes em liga leve, entre outros.
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