Valor acrescentado
É ENGRAÇADO! Há umas semanas, a propósito do ensaio ao novo Citroën Picasso de sete lugares (que, a propósito, foi considerado «Carro do Ano» em Portugal), referia o facto de alguns monovolumes do segmento médio estarem a crescer em tamanho, aproximando-se das dimensões dos de classe superior. Nem de propósito: para além do construtor francês ir divulgar em breve uma versão com 5 lugares do Picasso, mais curta do que a anterior, hoje irei falar de um que também viu diminuído o comprimento, mas beneficiada a habitabilidade graças a uma maior largura e altura.
TRATA-SE DE UM CARRO que, para a marca, é um dos seus porta-estandarte na Europa e particularmente em Portugal, por se ter tornado num dos modelos do construtor mais procurado, juntamente com o SUV Sportage. Daí, as responsabilidades acrescidas em substituir uma geração que se impunha por uma relação preço/habitabilidade praticamente imbatível, actualizando o conceito, acrescentando e aprimorando aspectos tão caros ao segmento como o conforto — físico e acústico —, habitabilidade, funcionalidade, condução e sobretudo segurança, área em que o anterior claramente pecava.
Contudo, manteve algumas funcionalidades desejáveis: portas laterais traseiras corrediças (com abertura eléctrica também através do telecomando — pack EX — e vidros que abrem quase na totalidade), vidros da terceira fila de bancos com abertura eléctrica em compasso (pack EX) e verdadeiras poltronas com espaço suficiente para dois adultos nesta fila acessória.
O que infelizmente não manteve foi a classificação de «Classe 1» nas portagens, obtida pela versão One da geração passada. Agora, para beneficiar de tal e com isso poupar bastante, torna-.se necessário dispor de Via Verde.
COMO REFERI, o comprimento exterior diminuiu (menos 11,5 cm) sem prejudicar a habitabilidade; o Carnival continua a fazer valer uma boa relação entre estes dois factores. Espaço em largura também não lhe falta, enquanto que, em altura, o acréscimo não foi tão significativo. Ao contrário de outros monovolumes, este Kia peca pelo menor número de pequenos espaços disponíveis: um na consola central, outros, generosos, no forro interior das portas dianteiras (atrás só para garrafas) e duplo porta-luvas. Apenas; nada sob o piso ou debaixo dos bancos e somente mais um na lateral da mala. Bagageira que, com os sete lugares colocados, não mais alberga do que duas malas (214 litros?), mais ampla com a terceira fila rebatida ou mesmo retirada.
O processo de rebatimento ou escamoteamento dos dois lugares traseiros é relativamente fácil, mas, convenhamos, não se trata de um sistema tão prático quanto o dos bancos que se escondem sob o piso da mala. Por outro lado, estes dois do Carnival são muito mais confortáveis nas viagens longas e o espaço proporcionado para as pernas é superior. O seu acesso não é complicado, ainda que ao entrar a altura em relação ao piso seja algo elevada.
O INCREMENTO da qualidade dos materiais surge ao tacto ligeiramente mais macia da parte superior do tablier, mesmo se depois imperem plásticos rígidos e fixações menos precisas. A verdade é que, ao transitar em mau piso, o Carnival acusa poucos ruídos parasitas. A posição de condução é boa, elevada e com boa visibilidade frontal e até lateral. A forma como eleva o banco do condutor, inicialmente até nem parece a mais cómoda — o assento descai ligeiramente — mas não condiciona o conforto, com os bancos rígidos a suportarem bem a fadiga que geralmente se instala em viagem.
A funcionalidade dos comandos e a facilidade de condução mantêm-se, melhorando naturalmente a capacidade de manobra. Os comandos são intuitivos, contudo a inclinação da consola central (onde se localiza o rádio) coloca os comandos deste e da climatização um pouco distantes em relação ao condutor, tal como o computador de bordo (pack EX), instalado junto ao tejadilho e mais fora de vista.
VIAJA-SE com conforto neste Carnival, como já se fazia no anterior. A suspensão, devido à altura e, logo, ao maior centro de gravidade não podia ser muito macia para não colocar em causa a segurança em curva, e, por isso, acusa mais as depressões do piso. Mas, em estrada boa, com a ajuda da estrutura dos bancos e do espaço disponibilizado, as deslocações tornam-se verdadeiramente agradáveis. Um porta copos/objectos entre os bancos dianteiros, a exemplo da geração anterior, pode ser escamoteado para permitir a passagem entre as duas primeiras filas de bancos ou a acomodação de um saco grande, por exemplo.
Um novo motor, mais potente, de maior cilindrada e com um binário apreciável veio substituir a anterior unidade de 2,5 l. Trata-se de um diesel comumente utilizado na Hyundai (grupo construtor do qual a Kia faz parte), mas peca principalmente por consumos menos moderados do que alguns blocos de 2,0 l da concorrência e por estar associado a uma caixa de velocidades que, além de ruidosa na engrenagem, nem sempre consegue consegue mostrar precisão nas trocas rápidas de relação. Em contrapartida faz impor o melhor binário que chega muito cedo, melhorando, face ao anterior, os valores de aceleração e velocidade máxima, com consumos e emissões poluentes mais baixas.
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PREÇO, desde 36 000 euros MOTOR, 2903 cc, 185 cv às 3800 rpm, 16 V, 343 Nm das 1500 às 3500 rpm, injecção common-rail, turbo de geometria variável e intercooler PRESTAÇÔES, 197 km/h CONSUMOS, 10,2/6,4/7,8 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 206 g/km de CO2
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UMA ÚNICA VERSÃO, dois níveis de equipamento: LX e EX. Uma das coisas que mais beneficia esta geração, acaba por ser também a que mais a penaliza em termos de preço em Portugal. A cilindrada elevada impede um preço ainda mais acessível (mesmo assim extremamente concorrencial), explicando o motivo porque a versão básica vá pouco além dos airbags frontais, laterais e de cortina, ABS, ar condicionado manual, vidros e retrovisores eléctricos, fecho centralizado com telecomando e rádio/CD. Por mais 4000 euros, o pack EX acrescenta algo tão importante quanto os controlos de estabilidade e de tracção, assistência a travagens de emergência e distribuição electrónica da força de travagem ou os encostos de cabeça activos. Para além disso, sensores de chuva e de iluminação, auxiliares de estacionamento, ar condicionado automático, faróis de nevoeiro, controlo da velocidade de cruzeiro, vidros da 3.ª fila e portas laterais com abertura eléctrica, computador de bordo, jantes em liga e pneu suplente de tamanho normal, entre outros.
Resultado nos testes EuroNcap (2006):
http://www.euroncap.com/images/results/mpvs/car_269_2006/Kia%20Carnival%20Datasheet.pdf
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