Suzuki SX4 1.5 GLX



O «tod'a-estrada» urbano

A CADA DIA QUE PASSA, mais me convenço de que este é o tipo de carro urbano que os portugueses precisam e entendo porque tantos outros optam, quando podem, pela compra de um SUV. Basta chover um pouco (e às vezes nem isso...), pelo menos em Lisboa e arredores, para que certas ruas se assemelhem a campos desminados, enquanto que estradas há cujas bermas parecem ter sido ratadas por animais sôfregos de asfalto!

NÃO, NÃO se trata apenas de estilo ou da beleza das linhas, do domínio da condução em altura ou simplesmente de se desejar ter um carro diferente dos demais. É mesmo necessidade, e não apenas para trepar passeios e descobrir um lugar de estacionamento. Como bem se sabe isso é ilegal e a fiscalização tem apertado mais ultimamente...
A maior altura em relação ao solo - 17,5 cm no caso -, o reforço da chassis e da suspensão, além das protecções da carroçaria, acabam por contribuir indiscutivelmente para uma maior longevidade do carro... em cidade!

DITO ISTO, olhemos então em pormenor para este produto fruto de uma cooperação com o Grupo Fiat; cooperação é como quem diz, pois a participação italiana pouco além foi do que o fornecimento do motor 1.9 JTD (versão não comercializada em Portugal) e de dispor de cerca de 1/3 da produção para vender como Fiat Sedici. Desde a concepção ao fabrico nas instalações que a marca japonesa dispõe na Hungria, coube-lhe fazer nascer, quase de raiz, um novo projecto destinado a um potencial nicho de mercado: o dos SUV utilitários.
Já não constitui novidade o surgimento de modelos neste segmento, dotados de características e equipamento específicos semelhantes ao SX4; tratam-se contudo de versões específicas, feitas a partir de modelos já existentes, como é o caso do actual VW Polo Cross ou era do já desaparecido Rover 25 Streetwise, por exemplo. Neste caso, recorrendo naturalmente a componentes mecânicos já existentes, mas também à enorme experiência do construtor na concepção de pequenos «todo-o-terreno», o SX4 surge dotado de características únicas perante os seus pares.

SÓ QUE, por culpa da nossa carga fiscal que penaliza a cilindrada, isso não é perceptível no nosso mercado. Refiro-me especificamente à versão de tracção total, unicamente disponível com motores 1.6 e 1.9 JTD. Teremos, pois, que nos «contentar» com este 1.5 somente de tracção dianteira, cujo preço, mesmo assim, não é dos mais apelativos.
No resto, é em tudo semelhante ao 4x4 (neste visual, há igualmente um outro mais «sóbrio» em certos mercados), desde a aparência exterior ao espaço interior, passando pela generalidade do equipamento principal. Como se vê pelas fotos, o estilo de um utilitário cruza-se com o de um SUV desportivo, apelando ao dinamismo e à aventura e, desse ponto de vista, pode afirmar-se que os objectivos dos projectistas foram mais do que alcançados, ao saber evoluir, em tamanho, as premiadas e fluídas formas do Swift.

INTERIORMENTE, sinceramente, as novidades são mais limitadas e o aspecto é semelhante ao de outros modelos da marca. O design é bonito e combina igualmente bem o estilo de um utilitário com o de um desportivo. Contudo, a escolha de plásticos rígidos ressente-se quando se transita em mau piso, até porque a suspensão, necessariamente mais rígida, não ajuda muito ao amortecimento. Salvo as volumosas bolsas nas portas laterais, não existem muitos outros pequenos espaços no habitáculo que se possam considerar práticos, mas a disposição e funcionamento dos comandos é perfeitamente intuitiva.
Favorável é a posição de condução e os comandos de elevação e acerto do volante destinados a facilitar a descoberta da melhor postura para o condutor. Somente se poderá apontar alguma falta de apoio lateral dos bancos, enquanto que, em termos de espaço, uma maior distância entre eixos em relação ao Swift, por exemplo, favorece imenso a habitabilidade traseira e dota a mala de uma capacidade próxima dos 300 litros.

EM MATÉRIA de condução e desempenho dinâmico, o SX4 é um dos mais divertidos modelos que ultimamente conduzi. Voltando ao início do texto, é também um dos mais eficazes em certas zonas da capital, onde realmente são úteis características de um «todo-o-terreno», como a maior altura em relação ao solo e o reforço do chassis e suspensão.
Claro que para os engenheiros, isso trouxe uma outra preocupação, num modelo que reclama possuir também algumas características desportivas que 100 cv lhe proporcionam. Foi, pois necessário dotar a suspensão de alguma rigidez que atenuasse o efeito adornante em curva e garantisse a necessária segurança do comportamento, sem, claro, penalizar o conforto. Um equilíbrio difícil, em parte conseguido, mais pela estabilidade e confiança das reacções, com o seu comportamento mais rebelde a sentir-se igualmente no isolamento acústico do habitáculo.

JÁ QUANTO à atitude deste motor, a sua associação a uma caixa de cinco velocidades muito rápida e precisa na troca de marchas, é de uma enorme mais-valia. Os consumos tendem a ser mais elevados do que os anunciados, principalmente porque há vontade de desfrutar mais de um conjunto que, em estrada, se comporta com a segurança de um utilitário. Mas também porque há uma certa apatia do motor a baixas rotações.

— 0 —

PREÇO, desde 20 600 euros MOTOR, 1490 cc, 100 cv às 5600 rpm, 16 V, 133 Nm às 4100 rpm, injecção multiponto PRESTAÇÔES, 175 km/h CONSUMOS, 8,5/5,7/6,8 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 163 g/km de CO2

— 0 —

ESTE MODELO apresenta-se em Portugal unicamente na versão ensaiada. Mas há mais: um tracção total 1.6 a gasolina e um outro com o motor Fiat 1.9 JTD, que, aparentemente por razões fiscais, o importador nacional resolveu não comercializar por enquanto em Portugal.
Este cinco portas dispõe igualmente de um único nível de equipamento e decoração da carroçaria, variando somente em nove cores disponíveis.
Como opção, apenas um sistema de navegação. Contempla pois, de série, airbags duplos (frontais, laterais e de cortina dianteiros), ABS com auxílio a travagens de emergência, ar condicionado automático, quatro vidros e retrovisores eléctricos, fecho centralizado com telecomando, visor de informação (relógio + temperatura exterior + consumo de combustível instantâneo), rádio/CD com comandos no volante em pele, banco do condutor com regulação em altura, barras de tejadilho e jogo completo de saias aerodinâmicas, frisos laterais e protecções frontais e traseiras, faróis de nevoeiro e jantes de alumínio 16'' com pneus 205/60.

Resultado nos testes EuroNcap:
http://www.euroncap.com/images/results/superminis/car_252_2006/Suzuki%20SX4%20Datasheet%202.pdf

Sem comentários:

Enviar um comentário