Smart Fortwo Coupé 1.0/70 cv



Maior e mais reguila
AO PRIMEIRO olhar, se não existir termo de comparação e para quem não conhece bem a anterior geração, as diferenças face ao novo modelo poderão não parecer muito evidentes. Mas a verdade é que o pequeno carro não apenas cresceu cerca de um palmo no seu comprimento, viu parte importante da sua mecânica evoluir e beneficia de melhorias importantes na qualidade e na ergonomia do seu habitáculo.

ISTO sem beliscar algumas das características que o ajudaram a conquistar tanto sucesso, como a facilidade de condução, de manobra e de estacionamento graças às pequenas dimensões exteriores e uma segurança passiva apreciável. A que agora se junta um maior conforto interior, um painel de bordo mais moderno e funcional e, principalmente, mais espaço na zona de carga. Mas não só; os níveis de poluição mais exigentes «obrigaram» a rever a politica de motores, pelo que esta nova geração surge já mecanizada com um motor de três cilindros 1.0, a gasolina, com três níveis de potência — 61, 70 e 84 cv — em vez do anterior 0,7 l, o que, naturalmente, lhe permite outra desenvoltura em estrada.

IMPORTA, antes de mais, ver quais são então as principais alterações em termos estéticos e funcionais. Mantendo a silhueta, a frente do novo modelo surge com um conjunto óptico mais «adulto» (curiosamente lembra alguns modelos da francesa Peugeot) e é ligeiramente maior e mais inclinada para albergar os novos motores. A traseira parece também mais envolvente, ainda que, a meu ver, e em termos meramente estéticos, menos bem conseguida face à anterior. As alterações a nível óptico e do respectivo pára choques, mantiveram a forma dividida de abertura do portão traseiro (primeiro o vidro, depois a porta, criando uma pequena plataforma), e a capacidade da mala equivale agora à de alguns utilitários. Há uma explicação bastante simples: o Smart, sem perder o seu carácter prático e vincadamente citadino, devido às possibilidades conferidas pelos novos motores a gasolina, passou a dispor de outra desenvoltura em estrada. E, se assim é, é natural que convide mais à viagem, tornando-se pois necessário dispor de mais algum espaço para o transporte de bagagem...

ORA se o Smart evoluiu em termos de tamanho, a parte reservada ao condutor e passageiro mantém praticamente inalterado o espaço disponível. Que é francamente amplo; mas a maior virtude da presente geração, é sem dúvida um tablier muito mais consistente, não apenas em termos visuais, mais agradável porque menos disperso, como em termos qualitativos. Ou seja, para além do uso de plásticos de aparência mais robusta, uma disposição mais cuidada e funcional dos principais comandos e maiores saídas de ventilação, conferem-lhe um aspecto mais próximo de carro... mais «sério»! Sem com isso perder a «alegria» dos contrastes, neste caso reforçado por um jogo de aplicações em tom de alumínio. Há ainda um volante menos volumoso, e — este aspecto é tanto mais importante pois nunca compreendi a opção! —, o beneficio mais importante talvez seja a possibilidade de já ser possível ao condutor controlar a abertura/fecho do vidro do passageiro, sem necessidade de se esticar sobre o respectivo assento! Demorou, parecia que custava muito mas finalmente entenderam a incongruência...

COMO É FÁCIL de entender, tornou-se mais prático e agradável conduzir um Smart. O carro tornou-se mais «adulto» e as suas possibilidades em estrada aumentaram, não apenas devido a motores que demonstram outra disponibilidade, como o aumento das dimensões e os necessários ajustes na suspensão, lhe conferem maior estabilidade. Ainda assim, o seu habitat natural é claramente a cidade; as costas continuam a ressentir-se após deslocações mais demoradas e, em dias de vento, mantém-se a sensibilidade da carroçaria.
No entanto, o divertimento é garantido. O escalonamento curto da caixa de velocidades automática proporciona-lhe valores de aceleração interessantes, se bem que as passagens de caixa continuem a evidenciar ligeiros solavancos, ainda que mais atenuados do que anteriormente.
Os níveis de tracção e de aderência melhoraram, enquanto a suspensão ligeiramente mais absorvente, sem colocar em causa o desempenho, melhorou ligeiramente o conforto. Que, sendo aceitável, está naturalmente limitado ao pouco curso do sistema. Já a insonorização merece nota positiva, bem como os consumos, que, face aos maiores níveis potência, continuam deveras simpáticos...
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PREÇO, desde cerca de 10250 euros (Pure)
MOTOR, 999 cc, 70 Cv às 5.800 rpm, 3 cilindros, 12 V, 92 Nm às 4.500 rpm PRESTAÇÕES, 145 km/h CONSUMOS, 6,1/4,0/4,7 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES CO2, 112 g/km
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O SMART FORTWO está disponível em dois tipos de carroçaria, coupé e cabrio, sendo que o primeiro pode dispor também de tecto panorâmico em vidro. No primeiro caso, há, para além do motor a gasolina em três níveis de potência, ainda o motor cdi de injecção directa common rail com 45 cv de potência e 799 cc de cilindrada.
No caso do coupé a gasolina, há igualmente três níveis de equipamento (excepto para a versão turbo a gasolina de 84 cv), com preços a partir de cerca de 10000 euros. Na versão mais acessível – Pure –, do modelo ensaiado, os itens de segurança incluem dois airbags frontais de grande dimensão, ABS, sistema de assistência no arranque, programa electrónico de estabilidade (ESP), fecho automático das portas em andamento, sensor de crash para a activação dos piscas de emergência e elementos de absorção de energia à frente e atrás, para além de uma das mais seguras células de segurança conhecida como tridion. A caixa de velocidades automática de cinco velocidades com comando sequencial pode dispor em alguns casos de comandos ao volante, mas, de série, é possível ainda encontrar no nível Pure o fecho centralizado com telecomando, banco do acompanhante com encosto totalmente rebatível, porta-objectos do lado do acompanhante, ao lado do volante e nas portas, painel de instrumentos multifunções e indicador da temperatura exterior com aviso de gelo.

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