Nissan Qashqai II 1.5 dCi



Quebra-corações


PARA QUE NÃO RESTEM dúvidas, começo desde logo por admitir a parcialidade do meu julgamento em relação a este carro: já gostava dele antes de o conduzir!
Motivos não faltam. Cativa só de olhar e o económico motor diesel 1.5 de origem Renault, permite-lhe um preço imbatível entre a concorrência. Bastaria ficar por aqui para justificar o seu sucesso no nosso País!

OU NÃO! É demasiado redutor para um veículo que contém uma série de outros (bons) atributos. Trata-se de um SUV e, à partida, nada de novo; uma plataforma ligeiramente mais alta, não tanta quanto a de um todo-o-terreno «puro e duro», possibilidade de tracção a duas ou quatro rodas e um desempenho que privilegia o prazer, a facilidade de condução e o conforto. Mesmo a estética, sedutora e envolvente, também não é surpreendente... qual foi então a abordagem que o guidou para um sucesso de vendas?


CONCEBIDO na Europa e a pensar sobretudo neste mercado, o Qashqai encaixa-se no segmento dos SUV mas tem um posicionamento que permite-lhe concorrer directamente no segmento dos familiares médios. Motores a partir de 1.5 (a gasóleo) e 1.6 (a gasolina) garantem preços concorrenciais, uma estrutura compacta (cerca de 4,3 metros de comprimento) gera facilmente empatia com quem o conduz, a habitabilidade e o conforto de um familiar com a modularidade de uma carrinha, são motivos bastantes para o tornar opção numa faixa de mercado mais abrangente.

HÁ MAIS. O «mais» é a habitual qualidade dos produtos da marca japonesa, cada dia mais europeia por via da sua ligação à francesa Renault. Rigor nos acabamentos, boa escolha de materiais face ao segmento a que se dirige — o tablier não têm uma aparência demasiado «plástica» — e uma distribuição dos comandos, simples, intuitiva e, por isso, eficaz.
Devendo o nome a uma tribo nómada do deserto iraniano, o interior do Qashqai é, contudo, moderno, nada simplista, conjugando os tons sóbrios e a volúpia das formas arredondadas do painel de bordo, com o revestimento mais alegre e desportivo dos bancos. Apenas os comandos de climatização surgem numa posição algo baixa e desejar-se-ia também mais um ou outro pequeno espaço no painel de bordo, embora tanto o porta luvas, como as cavas no forro interior das portas, sejam de generosas dimensões.

UMA DAS RAZÕES que contribui para o carácter prático da condução deste SUV, é o facto de ser ligeiramente menor do que os seus pares. Isso não lhe retira habitabilidade, com os cerca de 400 litros de capacidade da mala a bastarem para as necessidades.
A altura beneficia o condutor em termos de visibilidade e facilita as manobras. Ainda assim, os sensores de estacionamento traseiro, revelam-se uma preciosa ajuda no estacionamento.
Complementa-se com uma direcção eléctrica bem assistida e um volante com boa pega — concentrando nele as principais funções do rádio e do cruise control —, mas estranho a colocação do botão que controla o computador de bordo e que se revela pouco prático.

O AR DESPORTIVO da secção dianteira, foi estudado para permitir ao Qashqai um excelente desempenho aerodinâmico. O que foi plenamente conseguido, pois praticamente não se notam os efeitos de ventos contrários. Em curva, o comportamento da suspensão, controlada pelas usuais ajudas electrónicas, compensam o natural efeito adornante do conjunto devido à sua altura. Surpreendente continua a ser a atitude deste motor diesel de apenas 1,5 l, que correctamente acoplado a uma caixa de seis velocidades, proporciona um andamento lesto em cidade graças a três relações iniciais mais curtas.
Sem impor um constante recurso ao manípulo da caixa de seis velocidades, em estrada, o andamento é igualmente vivo. O que mais se destaca, no entanto, a par do pouco ruído e das quase inexistentes vibrações, são os consumos médios abaixo dos 6 litros.


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PREÇO, desde 24 000 euros MOTOR,1461 cc, 106 cv às 4000 r.p.m., common rail, turbo de geometria variável, 240 Nm às 2000 rpm PRESTAÇÕES, 174 km/h CONSUMOS, 6,2/5,0/5,4 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 145 g/km de CO2

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A CARROÇARIA é única de 5 portas, mas a tracção pode ser a duas rodas ou integral. Os níveis de equipamento são três — Vísia, Acenta e Tekna —, sendo que o primeiro inclui para além do equipamento de segurança (6 airbags, ABS e controlo de estabilidade nalguns casos), ar condicionado, vidros e retrovisores eléctricos, rádio/CD, computador de bordo e banco do condutor ajustável em altura, entre outros.
O nível intermédio e provavelmente o mais procurado, para além do reforço do equipamento, permite já, opcionalmente, a instalação de um fabuloso tecto panorâmico em vidro ou interiores em laranja, que definitivamente contribuem para um habitáculo mais radical.
Há ainda que realçar o facto do Qashqai ter quase alcançado a nota máxima nos testes de colisão EuroNcap, sendo considerado um dos mais seguros da classe.



UM NÓMADA URBANO, um desportivo irreverente e um jovem radical que se vale da agilidade para se desembaraçar no caótico e imprevisível trânsito das cidades.
É essa a imagem transmitida por um dos melhores filmes publicitários e que contou com a participação de um profissional de skate. É numa forte aposta em campanhas comerciais, que passam, e muito, pelo uso da internet, que este SUV deve também parte do seu sucesso.

OBVIAMENTE que o carro é uma graça! Manobra-se bem, está bem construído e tem um preço de arromba graças ao motor diesel que lhe assenta como uma luva em mercados como o português. Fora de estrada é menos limitado do que pode sugerir. A versão ensaiada era de apenas duas rodas motrizes e, embora me tenha limitado a trilhar em «estradões» e percursos mais irregulares mas consistentes, apreciei bastante o trabalho das suspensões. Perante obstáculos, ela torna-se mais seca e brusca, mas nada preocupante. O facto de dispor de pneus de estrada, não o impediu mesmo assim de demonstrar apetências trepadoras, o que não se estranha; quem sabe e tem vasta experiência a fazer bons «todo-o-terreno», como a Nissan, não se arriscaria a ficar mal vista...
Resultado nos testes EuroNcap (2007):

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