NUMA ALTURA em que o mercado automóvel só pontualmente dá sinais de alguma vitalidade em Portugal, a francesa Citroën é das que menos razões tem de queixa. Claro que numa conjuntura económica mais favorável, melhor estariam as vendas, o que não impede ao «double chevron» manter-se entre os mais vendidos, dispor de uma carteira de encomendas expressiva em modelos como o Picasso, conseguir variações positivas face ao ano anterior e, inclusive, aumentar a quota de mercado.
AS RAZÕES que tornam mais fácil a vida dos vendedores da marca são uma sucessiva e intensa renovação dos produtos — visualmente mais atraentes e constantemente melhorados em aspectos como a habitabilidade, qualidade de construção e inovação tecnológica —, sem esquecer que tudo isto surge «adoçado» com um preço muito competitivo que permanentes campanhas de marketing fazem questão de nos alertar.
NO CAMPO da inovação tecnológica, tem sido notória a intenção do grupo PSA de devolver ao símbolo francês uma fama que já lhe coube, com algum merecido mérito e nem sempre total proveito... Simultaneamente, ao atribuir à Citroën um papel de destaque na introdução de novidades, também lhe tem cabido a ingrata tarefa de experimentação de soluções cuja mais valia só depois de testada e comprovada tem transitado para a outra marca do grupo. Estratégias de imagem...
«O CARRO é muito giro!», eis uma frase que mais ouvi nos dias em que o tive para ensaio. Exteriormente bonito mas igualmente atraente quando lhe apreciavam o interior e a habitabilidade, não sendo excessivamente comprido é suficientemente largo para deixar adivinhar conforto em viagens longas. Mas não só: na disponibilidade de pequenos espaços, cobertos na parte superior do tablier ou, ao centro deste, um outro refrigerado onde é possível manter uma garrafa de água de litro e meio.
Soluções de modularidade dos bancos traseiros, espaços sob o piso e tabuleiros são já conhecidos, merecendo especial destaque a boa capacidade da bagageira (500 litros), a versatilidade de colocação da divisória e, tal como na anterior geração, um cesto com rodas dobrável, consoante o nível de equipamento escolhido.
O «CINCO LUGARES» não difere interiormente (salvo no comprimento e na ausência lógica dos dois bancos acessórios) do Grand C4 Picasso. Idêntico tablier e ampla luminosidade interior possibilitada pelo sistema Visiospace, o amplo vidro dianteiro que dispõe de um duplo sistema de pára-sol e lhe potencia também a visibilidade. Que é muito boa em manobra, lateralmente ajudada pelos dois vidros triangulares dianteiros que ladeiam o tablier, e por uma posição de condução elevada e avançada. Os bancos largos, confortáveis e com apoio correcto, permitem uma postura cómoda e, sem perder uma excelente habitabilidade para os cinco lugares disponíveis, ganha maior capacidade de manobra face à versão mais longa de sete lugares.
INOVAÇÃO e criatividade têm sido adjectivos utilizados para os produtos mais recentes da marca gaulesa. Se, no segundo caso, nos podemos cingir às linhas fortemente personalizadas e identificadoras do modelo, que o fazem distinguir dos demais, ou até mesmo à criação de soluções de versatilidade interior, no primeiro, há que referir a tecnologia empregue com o objectivo de simplificar e tornar mais seguro o acto de conduzir.
Como a ausência de manípulo para o travão de mão, substituído por um sistema automático que «destrava» automaticamente quando se começa a circular com uma mudança engrenada ou accionando-se quando se imobiliza o veículo. Possível ainda de controlar através de um botão ao centro do tablier, contribui para um arranque mais simples em plano inclinado ao manter o veículo parado até dois segundos, dando tempo ao condutor para transitar entre o pedal do travão e o do acelerador.
INAUGURADO no C4 berlina, temos ainda um volante com uma zona superior fixa (rodando sobre um painel de comandos de rádio ou do telefone, limitadores de velocidade e cruise control) e, tal como o Grand Picasso, controlos de climatização colocados à esquerda do condutor (os principais), ou à direita do banco do passageiro os de controlo individual. Esta irreverência desafogou de comandos a zona central do tablier, concentrando e melhorando a acessibilidade dos mesmos por parte do condutor.
A aposta mais ousada do importador, tem sido a introdução da caixa manual pilotada de seis velocidade. Creio que aquilo que verdadeiramente a distingue das demais caixas de velocidades «clássicas», nem é o modo como o condutor a pode «controlar». Há manípulos sobre o volante — nenhuma novidade —, um manipulo junto à coluna da direcção para permutar entre os modos — ponto morto, marcha-atrás, inteiramente automático ou sequencial e até aqui também nada de novo... —, contudo, e isto é deveras agradável de constatar, com consumos médios e emissões poluentes menos elevados face à caixa de velocidades manual.
MAS HÁ MAIS! Há, por exemplo, a possibilidade de o equipar com faróis direccionais, com sensores de estacionamento e avisos da pressão dos pneus. Por outro lado, o comportamento, atendendo a que se trata de uma viatura com o centro da gravidade mais elevado, é bastante seguro, mantendo a trajectória e contendo o natural adorno do conjunto de forma eficaz. E se a suspensão até acusa alguma brandura perante as irregularidades...
Este motor 1.6 HDi é realmente uma agradável surpresa. Muito suave, silencioso, isento de vibrações e permitindo consumos moderados face ao peso, é o único a equipar esta versão em Portugal. Para além da caixa automática, pode vir acoplado a uma outra manual de cinco velocidades, uma economia inferior a 1000 euros se compararmos níveis idênticos de equipamento. Por falar em equipamento, de referir que, mesmo a versão base, com transmissão manual (a partir de cerca de 27500 euros), está presente o mais importante em termos de itens de segurança activa e passiva. O que fez o C4 Picasso merecer a pontuação máxima de cinco estrelas na protecção dos ocupantes nos testes de colisão EuroNcap.
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PREÇO, desde 29 000 euros
MOTOR, 1560 cc, 110 cv às 4000 rpm, 16 V, 240 Nm às 1750 rpm, turbodiesel de geometria variável, common-rail, filtro de partículas
PRESTAÇÕES, 180 km/h
CONSUMOS, 6,8/5,1/5,7 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 150 g/km de CO2
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Resultado nos testes (2006):
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