Renault Laguna Break 2.0 dCi/175 cv


NUNCA, como agora, o segmento que engloba os modelos familiares foi tão competitivo, quase baralhando os consumidores tão diversificada é a oferta. A competição começa dentro da própria marca ou grupo construtor — entre modelos similares e mesmo de segmentos diferentes —, vem de novos fabricantes nomeadamente orientais, e passa pelos nomes que tradicionalmente dominam a classe. Para não falar que, ao criarem versões economicamente mais acessíveis, construtores de prestígio estendem ainda mais o leque de ofertas dentro de determinados escalões de preço, com as marcas ditas generalistas a subirem, e muito, a qualidade e os níveis de exigência dos seus produtos.

POR EXEMPLO: pensar numa carrinha gera uma associação quase imediata com a versatilidade da bagageira, nomeadamente a sua capacidade. Neste aspecto, é curioso verificar que o valor é ligeiramente inferior, por exemplo, à da Renault Mégane (que é mais curta), embora os 508 litros se considerem normais para a classe do Laguna. Mas com o rebatimento dos bancos torna-se possível dispor de um comprimento de mala de praticamente dois metros, com um nível de materiais, acabamentos e possibilidades de uso naturalmente superiores às da Mégane.
Permite ainda a abertura independente do vidro do portão traseiro e o plano de carga é dos mais baixos da categoria. Mas com os seus 4,8 metros de comprimento, a Laguna break não é a mais comprida e aquilo que por isso ganha em facilidade de manobra, acaba por ter reflexos na oferta de espaço interior.

O LAGUNA, e a carrinha em particular, representa, sobretudo, uma aposta em termos estéticos. Algo que é plenamente alcançado. A acentuada inclinação do óculo traseiro retira-lhe algum espaço, mas reforça uma indiscutível elegância que acompanha toda a linha lateral que principia num grupo óptico dianteiro bastante «rasgado». Há uma forte ideia de dinamismo e classe em todo o perfil exterior do Laguna, e a fineza do traço confere-lhe não só um aspecto mais compacto e equilibrado, como facilmente a distingue de todas as outras.
A linha esguia e fluída traduz-se num certo desportivismo e, quando se conduz versões como a ensaiada, percebe-se que a intenção foi mesmo essa; a firmeza da suspensão fê-la perder um pouco de conforto mas, em contrapartida, em conjunto com a estrutura compacta, tornou-a mais dócil e levou-a a um comportamento mais entusiasmante.

OU SEJA, houve um claro objectivo de a dotar de características que lhe permitissem concorrer em igualdade com os habituais líderes, leia-se, marcas do norte da Europa...
No interior, não existe qualquer noção de «atrofiamento» para o condutor ou passageiros. Em largura, o banco traseiro consegue mesmo surpreender em generosidade, pese embora o incómodo do túnel central. A habitabilidade para as pernas é igualmente suficiente, sem deslumbrar, enquanto por todo o habitáculo existem pequenos espaços q.b.. Uma posição de condução mais elevada possibilita ao condutor dominar com facilidade os extremos do veículo. Ficou mais facilitado o acesso aos comandos e, como referi no ensaio ao cinco portas, o desenho do painel de bordo contribui para a atmosfera envolvente do interior deste Laguna.
Dadas as pretensões de conquista, a qualidade e o rigor de construção são de nível elevado, enquanto que a insonorização comprova não apenas a solidez, como a capacidade de amortecimento dos materiais.

NESTE PATAMAR, jogam-se várias exigências: personalidade, prestígio, qualidade e conforto. Tradicionalmente os modelos franceses são fortes no último campo. Embora o Laguna imponha um uso naturalmente confortável — a começar pelos gadgets com vista a facilitar a vida ao condutor, como o cartão com telecomando que substitui a chave e permite trancar/destrancar a viatura, o botão de «start/stop» que faz as vezes de ignição ou o travão de mão que acciona ou destrava de forma automática e que, no arranque, facilita o chamado ponto de embraiagem —, por outro lado, não apresenta uma capacidade de amortecimento tão elevada quanto a habitual. A boa complexão dos bancos atenua um pouco esse aspecto.

O REVERSO positivo desse inconveniente é o comportamento entusiasmante anteriormente referido. Com 175 cv, o motor 2.0 dCi, acompanhado por uma muito precisa e bem escalonada caixa de seis velocidades, contribui para que a Laguna tenha um desempenho ao nível de alguns desportivos. A elasticidade do seu motor, a capacidade de recuperação e a correcta transferência de potência ao solo, ajudam a optimizar um conjunto que, até em termos aerodinâmicos, se tornou num dos melhores da classe.
Ora isso, em conjunto com um indicador da necessidade de subir ou descer a relação da caixa de velocidades, também contribui para a redução dos consumos e consequentes emissões poluentes.
Os consumos médios moderados, não impedem, no entanto, a Laguna break de se mostrar um carro ágil e capaz de facilmente interagir com os mais diversos estilos de condução. E a capacidade de cativar, primeiro ao olhar e, depois, com um desempenho dinâmico preciso, tornam-na, sem dúvida, numa das melhores opções do segmento. (cockpitnanet@gmail.com)

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PREÇO, desde 40 000 euros MOTOR, 1995 cc, 175 cv às 3750 r.p.m., 16 V, Common Rail 1600 bars + Turbo de geometria variável, intercooler, 380 Nm às 2000 rpm CONSUMOS, 8,4/5,5/6,5 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 171 g/km de CO2
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DESDE o seu lançamento em Portugal e o ensaio à versão «carro», o Renault Laguna conheceu novos motores. No caso da «carrinha», esta tem como principal motivo de interesse a versão 1.5 dCi com 110 cv e consumo misto de 5,0 litros, que lhe permite um preço de entrada na casa dos 32 mil euros. Já o 2.0 dCi declina-se em potências 150, 175 e 180 cv.
A última é exclusiva de uma variante denominada GT e que, para além de um natural acréscimo de equipamento, surge dotada de 4 rodas direccionais. O sistema, denominado chassis active drive assegura-lhe uma maior eficácia da direcção, com o ângulo de viragem das rodas traseiras a ser regulado em função da velocidade. Abaixo dos 60 km/h, as rodas traseiras viram no sentido oposto ao das dianteiras, oferecendo uma maior manobrabilidade. Acima desse valor as rodas traseiras viram no mesmo sentido das dianteiras e, desta forma, em curva, o trem traseiro mantém a precisão da trajectória.
Por fim, existe ainda uma única variante a gasolina com 205 cv debitados pelo motor 2.0 T.

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