Chrysler Grand Voyager SE 2.8 CRD


Se você não vai ao cinema...

...O CINEMA vai até si, quase que se pode afirmar! Este carro é grande — sim senhor —, é confortável — sem dúvida! — , e por isso óptimo para viajar — sem contestação. Mas, um dos aspectos que o distingue, é o completo e fantástico sistema vídeo e sonoro (multimédia) que constitui um opcional de 2500 euros: duplo sistema de DVD que permite aos ocupantes traseiros assistirem a filmes diferentes consoante a fila de bancos ou mesmo ligar uma consola de jogos, auscultadores sem fios, tudo escamoteável no tejadilho. A isto junta-se, como equipamento de série, um sistema áudio com leitura de ficheiros MP3 através de entradas auxiliares, CD ou a partir de um fantástico disco rígido interno com 20 GB, para o qual se podem gravar os ficheiros e depois fazê-los «rodar» em função «Jukebox»...


PARA definir a bem americanizada Chrysler Grand Voyager, há que associar-lhe a expressão «Stow’n Go». Surpreende descobrir o que permite este conceito de gestão do espaço interior. As possibilidades são múltiplas: dos dois bancos dianteiros para trás pode fazer-se o que se desejar: retirar ou escamotear todos os bancos para dormir lá dentro ou quase dispor de espaço para transportar um piano de cauda. Virando os da segunda fila para trás e montando a mesa que se guarda num dos compartimentos sob o piso, faz-se um piquenique. Para além de poder-se inclinar ou rebater os da fila central, os da última fila recolhem electricamente (de maneira assimétrica ou não...), ao nível do piso, carregando em simples botões...

NÃO LHE FALTAM mordomias... Aproximamo-nos do carro, dois toques no respectivo botão do telecomando e... voilá... abre-se o enorme portão traseiro; o mesmo acontece com cada uma das portas laterais traseiras de correr. Apetece mesmo entrar! Excelentes bancos, bom apoio lateral, confortáveis... À noite, com as luzes do tecto acesas, a associação ao interior de um avião é inevitável. Não adianta olhar para debaixo do banco: não há pára-quedas, antes airbags frontais, laterais, de cortina... e por falar em cortina, mas para proteger dos raios solares, os lugares traseiros beneficiam de umas de enrolar.

APETECE TÊ-LA para viajar. Mas para a ter são precisos quase 60 mil euros. E se a quisermos equipar com mordomias, para além dos 2500 do sistema multimédia, mais 1160 para o sistema de navegação, mais uns «trocos» para os vidros fumados...
A verdade é que um duplex custa mais do que um apartamento com Kitchenette, não é? O Chrysler Grand Voyager não tem dois pisos — embora a traseira seja mais elevada —, e não voa mas é grande: cinco metros e quinze, mais coisa menos coisa. Por quase dois de largura. Talvez a maior da categoria. O que significa que a capacidade de manobra não o torna particularmente recomendável para andar às voltas na cidade. Mesmo assim, um diâmetro de viragem de 12 metros até nem é mau. E, claro, há sensores no pára-choques traseiro (série) para ajudar durante o estacionamento.

PARA ESTE tamanho, o coeficiente aerodinâmico é baixo: 0,32. As dimensões e o peso — mais de duas toneladas, carregada pode chegar quase aos três — contribuem para a estabilidade em autoestrada. E também para que precise de algum tempo para embalar ou de uma mudança mais baixa nas subidas, principalmente se vai lotada. Bem como para os consumos. O motor faz o que pode: conhecido de muitos outros modelos, tem uma potência interessante e, sobretudo, um binário que começa cedo e se mantêm com vigor tempo suficiente. Mas tem uma caixa automática que decide por si, mesmo quando insistimos no modo sequencial. Ainda que, se se tratasse de uma inteiramente manual, não fosse provável obter melhores médias do que as anunciadas. Depois, este sistema, situado à direita e atrás do volante, acaba por se revelar o mais prático e cómodo.

O CONFORTO é, claro, outra das notas dominantes. Com sete lugares há bastante espaço, podendo circular-se entre as duas filas traseiras. Os bancos, com excepção dos mais atrás, são verdadeiras poltronas em pele com variados ajustes (série). A suspensão, pese embora um eixo traseiro rígido, cumpre a sua função e faz os possíveis por filtrar irregularidades e manter estável uma plataforma com uma grande distância entre os eixos; que tem, necessariamente, de mostrar alguma rigidez estrutural para não parecer um avião em permanentes poços de ar.
A Grand Voyager é, por natureza, estradista. E isso pressupõe bom piso. E aí, nada a apontar.

A COMODIDADE deriva também dos pormenores práticos. Estes não faltam. Referi o rebatimento eléctrico dos bancos traseiros para permitir uma mala com 915 litros, mas não disse que, quando operacionais, podem também servir para o exterior do carro. É possível personalizar a climatização por todo o habitáculo (série), abrir em compasso dos vidros traseiros e fazer uso de inúmeros pequenos espaços, dispersos pelo habitáculo. Sobretudo nos lugares da frente, como convém. O porta-óculos, no forro do tecto, «esconde» um espelho para os bancos traseiros. E de certeza que ainda ficou muito por descobrir...


PREÇO, desde 58600 euros MOTOR, 2777 cc, 163 cv às 3800 rpm, 360 Nm das 1600 às 3000 rpm, 16 V, turbo com intercooler
CONSUMOS, 12,8/7,3/9,3 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 247 g/km

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