Excentricidades
FALAR de um carro destes, numa altura em que o preço dos combustíveis aumenta a cada dia que passa e na ressaca da ameaça dos postos de abastecimentos secarem devido ao bloqueio dos transportadores, pode parecer provocação. E até é... Por um momento vamos esquecer tudo isso, imaginar que ganhámos o Euromilhões e que, por isso, podemos fazer o que nos der na real gana...
IMAGINAR não custa. E, pelo menos por enquanto, não paga imposto. Ao contrário deste Mazda CX-7 que é um importante contribuinte! Senão vejamos: só à cabeça, devido ao motor 2.3 a gasolina, paga qualquer coisa como 21700 euros, entre o Imposto Sobre Veículos (ISV) e IVA. Ora se a isto somarmos o IMV, anual, mais os impostos englobados no preço da gasolina de um carro que apresenta um consumo médio superior a 10 l aos 100 km...
O importador nacional tem consciência disto, mas também de que dispõe aqui de um excelente produto que poderá merecer redobrado interesse quanto, provavelmente ainda este ano, chegar ao mercado europeu equipado com um bem mais apelativo motor a gasóleo.
PARA IR marcando presença e dar-se a conhecer, a Mazda Portugal fez um grande esforço por o colocar a um preço bastante competitivo, quando comparado em motor e disponibilidade de equipamento, com os concorrentes mais directos. Embora dez mil euros mais caro do que em Espanha (o habitual, devido à menor incidência fiscal de lá), os cerca de 48 mil euros permitem-lhe que seja, dentro do género, o mais barato.
O QUE oferece de melhor este Mazda CX-7? Aquilo que menos se pode aproveitar se enveredarmos por uma política de poupança de combustível: o comportamento dinâmico. Com 260 cv e um binário elevado debitados por um motor turbo comprimido, os 1800 kg deslocam-se com uma ligeireza impressionante, graças não só ao bom escalonamento da caixa de velocidades, como a um perfil aerodinâmico muito bem esculpido.
Com uma velocidade máxima acima dos 200 km/h, capaz de fazer os típicos 0/100 km/h nuns impressionantes 8 segundos, o CX-7 é um SUV que faz plena justiça ao primeiro S de Sport, por se comportar como um verdadeiro desportivo.
MAIS A MAIS, pese embora uma configuração mais alta da carroçaria, tanto a estabilidade como o desempenho confortável da suspensão, lhe permitem circular com bastante naturalidade e inspirar bastante segurança em autoestrada, o mesmo acontecendo em curva, pese embora uma plataforma mais elevada.
Isto deve-se em grande parte à elevada distância entre eixos, mas também a um sistema de tracção integral gerido electronicamente em conjunto com os sistema de tracção e o de estabilidade. Em condições normais de estrada, essa tracção é feita apenas às rodas dianteiras; contudo, em função do ângulo do volante, aderência ou até mesmo do tipo de condução, a gestão electrónica distribui automaticamente essa tracção consoante as necessidades.
SE ISSO resulta bem em estrada e lhe assegura um excelente comportamento dinâmico, fora dela o CX-7 revela grandes limitações. Circula-se bem em piso não demasiado irregular e com alguma firmeza, no entanto, quando este se mostra mais escorregadio, demasiado macio ou tem que enfrentar taludes em idênticas condições, nem a tracção, nem as quase duas toneladas de peso jogam a seu favor. Se parte disso também se deve aos pneus de estrada, também é verdade que este SUV, claramente concebido para vingar no mercado americano, não foi feito para grandes aventuras fora do asfalto.
MAIS do que a funcionalidade, apreciei o conforto interior. Valendo-se de uns excelentes bancos em couro e de bastante espaço, respira-se classe e sobriedade. Parte dessa sensação deve-se à linha de cintura elevada que contribui para o aspecto musculado do CX-7 e aos vidros fumados.
Embora a qualidade dos materiais, nomeadamente por um tablier demasiado plástico e pouco suave, não impressione, o silêncio que impera no habitáculo «fala» pela sua solidez bem como pela da montagem. Isso quando não se põe a uso o bom equipamento de som Bose que a Mazda usa nos seus modelos!
LACUNA deste SUV, a ausência de sistema de navegação. Com um tablier desenhado de forma a não permitir grandes inserções sem sacrifício do sistema de som e de climatização, é provável que ocorra algum redesenho dessa parte. Porque, no que diz respeito aos portugueses, se existe GPS gostam de ter. Mesmo que seja para não se perderem em auto-estrada...
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PREÇO, desde 47800 euros MOTOR, 2261 cc, 260 cv às 5500 rpm, 380 Nm às 3000 rpm, 16 V, turbo com intercooler CONSUMOS, 13,8/8,1/10,2 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 243 g/km
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O MAZDA CX-7 apresenta pormenores curiosos. O volumoso apoio de braços entre os bancos dianteiros, tem um suporte para pequenos objectos e, no fundo, uma tampa esconde novo compartimento. Os bancos traseiros podem rebater-se de modo prático a partir da mala e dispõem de diversas posições. Pequenos vidros triangulares, junto ao pilar dianteiro, facilitam a visibilidade em manobras. Para a mala com cerca de 450 l de capacidade, existe como acessório um tapete impermeável em borracha. E a ausência de túnel central beneficia a já excelente habitabilidade do banco traseiro.
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