Pelo azul e verde do Planeta
CONSTRUIR veículos e motores com melhor rendimento, foi, desde sempre, um objectivo perseguido por todos os construtores automóveis. Não apenas na relação directa entre o «tamanho» de um motor e as formas do carro com as suas capacidades de aceleração ou de velocidade máxima, mas também de circularem, durante mais quilómetros, com menos combustível.
UM INTERESSE que não é só de agora, perante a escalada do preço dos combustíveis. Aconteceu em plena década de 70 durante a chamada crise petrolífera, mas o que recentemente se tem vindo a assistir envolve também questões ambientais, com o planeta e com a qualidade do ar nas cidades.
E não só! É que, em muitos mercados ocidentais, os veículos menos poluidores beneficiam de substanciais reduções fiscais, com consequentes reflexos sobre o seu preço final...
POR VEZES, nem é preciso levar a tecnologia tão longe quanto a que integra um automóvel híbrido, por exemplo.
Existem soluções mais simples que não sendo inéditas contribuem para uma efectiva redução de consumos. A Mazda, por exemplo, ao conceber o novo 2 dedicou particular atenção à redução do peso final deste citadino. Devido a essa cura de emagrecimento, quando comparado com versões de potência idêntica da anterior geração, consegue apresentar melhores prestações com um consumo médio mais baixo e consequente diminuição das emissões poluentes. Tomando por exemplo a actual versão 1.3/86 cv, a gasolina, e o anterior 1.4/80 cv, a primeira consegue ser mais rápida e ainda assim apresentar um consumo médio inferior em cerca de 1 litro!
Volkswagen Golf V 1.9I TDI BlueMotion
A MESMA relação directa entre a redução de peso/redução de consumos, seguiu a alemã VW com a sua linha BlueMotion, associada aos modelos de maior venda.
Tomando por exemplo o Golf, o popular familiar equipado com o mais que conhecido motor diesel 1.9 TDI, obtém ganhos médios de cerca de 0,5 litro de gasóleo. Como é que isso se obteve? Para começar, com alterações na zona frontal da carroçaria, a nível da grelha e do pará-choques, mais leves e, sobretudo, mais aerodinâmicos. Juntamente com o rebaixamento do chassis, reduziu-se o coeficiente de penetração ao vento. Depois, com novos pneus geradores de menor atrito, uma das vantagens que os novos Michelin Energy Saver também apresentam.
O MOTOR e a transmissão sofrem algumas alterações: na gestão electrónica para obter um ralenti mais baixo, na pressão do turbo para maior aproveitamento dos gases de escape. A velocidade máxima foi limitada e as últimas relações da caixa de velocidade passaram a ser mais longas.
Interiormente, a diferença principal está no painel de bordo que, a exemplo do que já acontece noutras marcas, passou a dispor de um «informador» digital que aconselha a mudança mais correcta para a velocidade e tipo de condução que se está a praticar.
PARECE pouco, mas tanto bastou para que o índice da emissão de CO2 declarado descesse, no caso da versão de 3 portas de 132 g/Km para 119 g/Km. O consumo médio urbano passou de 6,5 l para 5,8, enquanto o misto desce 0,5 l para 4,5 l/ por cada 100 km. Por um planeta mais «azul», mas também por um sorriso mais «celeste» na cara do cliente, o preço final beneficia de uma redução de alguns milhares de euros, passando a estar disponível a partir de cerca de 23100 euros. Os valores de potência (105 cv/4000 rpm) e de binário (250 Nm às 1900 rpm) não sofreram alterações.
Smart fortwo coupé mhd 71cv
UM INDICADOR digital da mudança a que se transita, já dispõe o Smart desde o seu aparecimento. Para demonstrar como a tecnologia se interliga entre os diversos construtores, o fabricante de pequenos veículos citadinos (que, recorde-se, é propriedade da Mercedes) tem na sua gama um versão que denomina mhd e que, basicamente, se distingue das demais por um sistema semelhante ao que a Volkswagen apresentou há uns anos no Lupo 3L e chamou «stop-and-go».
EM QUE É que consiste? No desligar automático do motor de 3 cilindros, sempre que detecta uma paragem, voltando a arrancar suavemente e numa fracção de segundo, assim que o condutor solta o pedal do travão. Isto, em combinação com desmultiplicações da caixa ligeiramente modificadas, reduz o consumo de combustível até aproximadamente 13 por cento e as emissões deCO2 descem de 112 g para cerca de 103 g/km.
SENDO um veículo citadino por excelência, a situação acaba por também poupar mecanicamente o Smart, ao desligar o seu motor de combustão, por exemplo, nos semáforos, cruzamentos ou no trânsito de pára-arranca. A electrónica interrompe a acção do motor a uma velocidade inferior a 8 km/h quando o condutor carrega no pedal do travão, indicando a sua intenção de parar. A função «start/stop» pode ser desactivada até ao próximo processo de arranque, através de um interruptor integrado na consola central.
ASSOCIADO ao motor a gasolina de 71 cv, o consumo diminui 1,2 l em cidade, quando equipado com este sistema. O valor médio passa a ser de 4,3 l, face aos 4,7 e as emissões de CO2 são de 103 gr/km em vez de 112 gr/km. Mas neste caso, o beneficio tem um custo acrescido de pouco mais de 110 euros, estando disponível a partir de cerca de 9400 euros.
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