NO MUNDO global em que vivemos, são cada vez mais vulgares as parcerias entre fabricantes e a partilha de componentes dentro de um mesmo grupo construtor. Há quem por isso lamente a falta de personalidade, carisma ou identificação própria de certos modelos, mas a realidade é que estas sinergias geram grandes poupanças — de tempo e de dinheiro — durante a concepção, desenvolvimento e posterior fabrico, com os métodos actuais de produção a permitirem alguma personalização, consoante a marca que cada veículo no final receba. É o caso do Citroën C- Crosser, do Peugeot 4007 e do Mitsubishi Outlander. Em Portugal, o preço de cada uma das duas versões existentes nos modelos do grupo PSA não diferem muito entre si, com variações pontuais de equipamento. O carro japonês só é comercializado com o nível máximo de equipamento.
DIGO E REPITO uma verdade evidente: a moda dos SUVs veio para ficar: são mais bonitos do que a generalidade e isso contribui para que se distingam nas estradas; oferecem uma versatilidade maior, conciliando algumas das capacidades de uma carrinha ou de um monovolume, com as possibilidades de um todo-o-terreno, ainda que naturalmente mais limitados; são altos — neste caso até nem muito, cerca de 18 cm — e isso é do agrado de certos condutore(a)s; e as protecções da carroçaria, bem como os reforços da suspensão, acabam por dar-lhes maior resistência, fiabilidade mecânica e consequente longevidade.
Para entrar neste apetecível mercado, o grupo francês PSA aliou-se a um dos maiores e mais reputados especialistas em matéria de construção de viaturas 4x4, com um palmarés brilhante também no plano desportivo: a japonesa Mitsubishi, cabendo aos franceses fornecer motores, um dos quais o 2.2 HDi, aqui com 156 cv.
VISTO de frente não engana: é um Citroën. O «double chevron» estende-se até ao grupo óptico de acordo com a nova imagem de marca, relegando para uma posição mais baixa, na linha do pára-choques, a entrada de ar para motor. Bem visível é ainda uma protecção frontal do motor, ainda que esta também tenha uma clara função estética. Aliás: todo o conjunto possui um enorme apelo estilístico. Ou trocando por miúdos... tem estilo! Os cromados, as jantes imponentes, os estribos laterais, o C-Crosser é, dos três e desse ponto de vista, o mais apelativo. Até na designação!
O HABITÁCULO , espaçoso, dispõe de sete lugares, dois dos quais através de um banco escamoteável. Começando por aqui, o espaço e o conforto que estes permitem é limitado; os seus ocupantes ficam em posição relativamente baixa e a noção é exactamente a de lugares suplentes. Mesmo se o banco até possui uma compleição razoável. A forma de rebatimento e de colocação — com ele recolhido a plataforma de carga torna-se absolutamente plana — não oferece dificuldade, mas não é, desde logo, intuitiva.
A mala é suficientemente ampla para o segmento: 440 ou 510 litros, consoante a posição da segunda fila de bancos que corre longitudinalmente sobre calhas. Com sete lugares, fica abaixo dos 200 litros, com apenas 2 sobe para 1686 l.
NA MALA, o que merece igualmente destaque a abertura do portão traseiro. Abre normalmente para cima, mas, de forma a melhorar o acesso a objectos mais pesados, tem uma segunda abertura para baixo, ao nível do pára-choques traseiro. Aberto, pode ainda servir de mesa ou de apoio a um máximo de 200 kg. Não sendo usada, a cobertura da bagageira pode ser guardada em local próprio.
O INTERIOR é partilhado pelo trio de modelos, distinguindo-se em pormenores. A posição de condução resulta cómoda, prática e com visibilidade suficiente para o exterior. A linha de cintura elevada reforça a sensação de segurança e as manobras traseiras são facilitadas pela câmara voltada nessa direcção, opcional que o encarece em 2430 euros.
A disposição dos comandos não oferece dificuldade, colocados que estão de forma racional. Do equipamento base consta um computador de bordo, mas para o sistema de navegação e o magnifico sistema de som com disco rígido para guardar ficheiros MP3, são necessários cerca de mais 3220 euros. Os materiais usados e a qualidade de construção não diferem muito do que se encontra na concorrência, tal como o número de pequenos espaços. O rebatimento dos bancos da segunda fila pode ser feito de forma manual ou eléctrica através de botões colocados na zona da mala.
MESMO com a aparência de um todo-o-terreno, o cliente típico não dispensa o conforto e a facilidade de condução. Mais a mais quando se trata de um Citroën, associado habitualmente à ideia de conforto. Neste campo não desilude: absorve convenientemente as irregularidades e a insonorização, boa face ao ruido do motor, não é tão eficaz no que toca à deslocação de ar.
As imponentes jantes de 18 polegadas que equipam as versões com o nível de equipamento Exclusive, sem penalizarem grandemente o conforto, contribuem bastante para o comportamento quase desportivo do conjunto. Estável em velocidades elevadas, o C-Crosser não deriva lateralmente em curva, permitindo manter uma média elevada. Nesse aspecto conduz-se quase como um vulgar turismo, mas é evidente que o controlo de estabilidade, sempre presente de série, é decisivo.
O MOTOR é por demais conhecido no grupo francês, perdendo cavalos no C-Crosser, mas ganhando binário o que é muito mais importante. Antes de mais, os consumos: apresentando uma grande disponibilidade nas três primeiras relações da caixa de seis velocidades, faz facilmente médias próximas dos 10 litros em cidade. Mas, tanto em estrada como no cômputo médio, os valores são bastante comedidos para os 1800 kg que tem a obrigação de fazer deslocar.
Outro dos aspectos que o fazem SUV é a tracção, gerida electronicamente através de sistemas que doseiam a força disponível, não apenas entre os eixos, como entre cada uma das rodas que os constituem. Ao condutor deixa a possibilidade de escolher manualmente se a deseja apenas para as rodas dianteiras — ideal para boas condições de aderência, beneficiando os consumos — reparti-la pelas quatro ou a posição Lock. Nesta, e com velocidades de até 80 km/h, é principalmente o bloqueio das rodas dianteiras que lhe evita o patinar em pisos de menor aderência.
— 0 —
PREÇO, desde 44900 euros MOTOR, 2179 cc, DOHC, 16 V, 160 cv às 4000 r.p.m., 380 Nm às 2000 rpm, common rail, turbo de geometria variável, intercooler CONSUMOS, 9,5/5,9/7,2 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 191 g/km
— 0 —
Sem comentários:
Enviar um comentário