Seat Altea XL 2.0 TDI
DENTRO do grupo VW, a Seat sempre gozou de alguma autonomia criativa. Isso foi uma constante pelo menos até ao novo Ibiza, parte dessa responsabilidade cabendo a Walter de'Silva, designer italiano «roubado» em 98 ao grupo Fiat onde, entre outros, desenhou o belíssimo Alfa Romeu 156. É ele o responsável por algumas criações da marca espanhola até meados da década, altura em que transitou para outro símbolo do grupo, a Audi.
Na altura do seu lançamento, em 2004, o Altea foi um exemplo de diferença em alguma da monotonia estilística que então grassava no segmento dos monovolumes do segmento médio: a frente bastante afilada e desportiva e o tejadilho em «gota», destacavam-se num conjunto que transpira inegável dinamismo e modernidade.
CONSTRUÍDO sobre uma das plataformas do construtor alemão (a mesma que serve, entre outros, o VW Tiguan referido há poucas semanas) e recorrendo, como é natural, a muitos outros componentes do grupo, o Altea impõe-se pela habitabilidade e sobretudo capacidade da mala, cujo volume é simplesmente espantoso na versão XL agora ensaiada.
Com quase mais 19 cm face à versão mais curta do Altea, este acréscimo de comprimento vai todo para a zona das bagagens e para a melhoria em altura da habitabilidade do banco traseiro graças ao prolongamento da linha do tejadilho. Assim, a mala cresce de cerca de 400 para os 532 litros, mantendo o plano de carga mais baixo do que a abertura da porta. Como acessório existe a possibilidade de um fundo duplo que nivela este acesso (170€). A profundidade da mala varia consoante a posição dos bancos traseiros (assimétricos) que correm 14 cm sobre calhas longitudinais, podendo crescer até aos 632 litros.
O INTERIOR é espaçoso mas não se pode dizer que bem aproveitado nos desejados pequenos espaços. Desejar-se-iam mais no tablier, melhor uso do apoio central de braços e as preocupações de estilo resultam que o que se guarda na consola central escorregue para o chão por falta de apoio lateral. O porta luvas é de dimensões normais, há aproveitamento sob os bancos dianteiros e duas redes protegem outros tantos espaços na lateral da mala. Com ressalva dos tabuleiros que servem os bancos traseiros e naturalmente da configuração e do espaço, dir-se-ia que o habitáculo está mais próximo de uma carrinha do que de um MPV.
O CONFORTO em viagem e sobretudo o da posição de condução é factor primordial neste tipo de veículos. Beneficiando do espaço, o Altea XL garante o primeiro, mesmo nesta versão mais desportiva e por isso com suspensão mais firme. A absorção das irregularidades não é deficiente nem muito prejudicada pelo uso de pneus de baixo perfil. Em contrapartida, isso minora o efeito oscilante que habitualmente ocorre em viaturas com centro de gravidade mais elevado.
Quanto ao condutor, embora o assento não proporcione apoio lombar total, não se pode queixar da ergonomia dos comandos, dispostos de maneira lógica e acessível como é apanágio nos modelos do grupo. São, aliás, vários os comandos e instrumentos partilhados e conhecidos de outras bandas, embora a forma do tablier em que se inserem seja, de facto, criativa e diferente. O volante tem um toque bastante desportivo e a qualidade dos plásticos é apenas mediana, sem uso de revestimentos macios.
A ACESSIBILIDADE é boa até porque o Altea não é um modelo assim tão alto. Não se destaca pela insonorização face ao ruído do motor, ou pela visibilidade lateral em manobra, estorvada pela inclinação dos pilares dianteiros. É uma questão de adaptação. Para trás, a versão ensaiada dispunha de sensores de estacionamento traseiro (250 €). Por falar em equipamento, esta versão Sport-up conta com controlo de estabilidade e de tracção, jantes em liga de 17'', controlo da pressão dos pneus e alguns itens desportivos. O preço não se pode dizer que seja particularmente apelativo, com uma lista de opcionais que inclui sistema de navegação com bluetooth por mais de 1000 euros. Os airbags laterais traseiros constituem também opção, num modelo que recebeu 5 estrelas nos testes EURONCAP.
COM ESTE MOTOR, o Altea XL não se torna na versão mais em conta, naturalmente. Se mantêm pretensões mais familiares e até mesmo com uma suspensão mais firme não interferindo gravemente no conforto, já as capacidades dinâmicas surgem potenciadas pelo acréscimo importante de potência e binário deste motor. A caixa de seis velocidades é colaborante na precisão e rapidez de passagem, mas o alongamento das suas relações retira algum prazer na progressão de regime. Em contrapartida beneficia os consumos: face aos 170 cv, não se pode considerar má uma média em torno dos 7 litros.
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PREÇO, 34 780 euros (Sport-Up branco) desde 34000 € (Stylance branco) MOTOR, 1968 cc, 170 cv às 4200 rpm, 350 Nm às 1800 rpm, 16 V, turbo com geometria variável e intercooler, injector bomba electrónico CONSUMOS, 8,0/5,2/6,2 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 168 g/km
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