QUEM ESTIVER à espera de encontrar um automóvel ronceiro, anémico e pouco expedito, desengane-se. Ainda que para animar o conjunto disponha de um pequeno motor diesel com cilindrada inferior aos 1500 cc, a verdade é que este propulsor já dá muito boa conta de si, por exemplo, no monovolume Grand Scénic que não só é mais pesado como menos aerodinâmico. No caso deste Laguna, a subida de pressão do turbo no motor 1.5 dCi faz com que ganhe 5 cv, mantendo os valores de binário presentes no Clio Sport, no Mégane ou na Scénic. Detentor da «assinatura» «Renault eco²» — que distingue os modelos mais ecológicos e mais económicos da marca, com emissões de CO2 inferiores a 140 g/km e pelo menos 5% de materiais plásticos reciclados —, esta versão beneficia ainda de um preço final que começa nos 30 mil euros e de um consumo combinado real inferior aos 6 litros.
QUANDO ensaiei o Laguna, numa versão mais potente, destaquei-lhe o aspecto compacto que, aparentemente, o torna mais pequeno do que realmente é. Isso e uma condução prática e confortável que beneficia de ampla visibilidade dianteira. Todas estas características se mantêm no 1.5 dCi eco² Apesar de não ser um exemplo de habitabilidade, porque o túnel central e a altura do tejadilho retiram capacidade aos lugares traseiros, mais indicados para dois adultos e não muito altos, a volumetria da mala e a sua versatilidade, não desmerecem. Os 450 litros são medianos, mas a circunstância de uma quinta porta, a boa esquadria e o consequente aproveitamento tornam-na bastante para uso familiar. Para o seu conforto, contribui o facto do ruído de funcionamento deste motor diesel não se evidenciar no interior. Paralelamente à boa insonorização, a qualidade e o rigor de construção são de nível elevado, com uma insuspeitável solidez dos materiais e da acção das partes móveis.
O TABLIER é bonito e moderno, sem desagradar por excessos. O traço simples confere-lhe equilibro, os comandos encontram-se racionalmente distribuídos e não existe concentração que provoque dificuldades nos que se situam no volante (muito desportivo, no formato não totalmente redondo e no jogo de cores), ou atrás deste. Inserindo-se num segmento bastante exigente e competitivo, onde coexistem os consumidores familiares e as frotas empresariais, para além dos habituais itens de segurança e conforto, as inovações tecnológicas são já factor de diferenciação. Algumas tendem a vulgarizar-se como o cartão com telecomando que substitui a chave e que permite trancar/destrancar a viatura, mais fino e prático de transportar no bolso da camisa, por exemplo. Bem como um botão de ignição ou o travão de mão automático (ambos a partir do nível Dynamique S), que facilita o chamado ponto de embraiagem. Já os comandos do sistema de navegação (extra) posicionam-se entre os bancos e não são completamente intuitivos. Pode ainda receber faróis bi-xenón auto direccionais, sensores de estacionamento e controlo da pressão dos pneus, por exemplo.
«ECOLÓGICO» à nascença, ao Laguna eco² não poderia faltar o indicador digital que informa da necessidade de subir ou descer a relação da caixa de velocidades, ajudando, desse modo, a escolher a mudança certa na circunstância e assim reduzir os consumos e consequentes emissões poluentes. Num modelo tão fácil de conduzir, apenas estranhei uma direcção mais pesada do que o habitual e um tanto sensível a pisos mais degradados. A adaptação do condutor é facilitada pela visibilidade e pela descontracção com que o conjunto se move, graças a uma caixa de velocidades que aproveita cabalmente o binário. Embora, em situações de carga e com o piso inclinado, se ressinta nas baixas rotações. Estável e seguro nas manobras, o 1.5 DCi/110 cv deste Laguna não se acanha na autoestrada. A suspensão confortável permite ainda alguns rasgos dinâmicos nos trajectos sinuosos, desde que, logicamente, não se peça muito porque as «saídas» são necessariamente mais lentas.
VINCADAMENTE familiar, o Laguna e esta versão em particular, demonstra uma surpreendente agilidade em cidade. A suavidade, precisão e rapidez da caixa contribui para o facto, com um escalonamento bem adaptado ao peso do modelo. A transmissão é, portanto, uma das suas principais mais-valias, decisiva para aquilo que o construtor pretende e o consumidor agradece: consumos médios baixos, mantendo um desembaraço que não o deixa ficar mal visto no segmento. A contribuir para a economia total, a cilindrada baixa, tal como o nível de emissões, dão uma grande ajuda nos impostos, colocando o preço final num patamar bastante atractivo. Tudo isto num veículo de linhas consensuais que não desmerece em qualidade ou solidez, e beneficia da reputação de segurança de um grande construtor automóvel. Neste campo está muito bem equipado: ABS com assistência à travagem de emergência, controlo de estabilidade e de subviragem, airbags frontais para condutor e passageiro, lateral tórax/bacia dianteiro e laterais de cortina, são de série em todas as versões.
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PREÇO, desde 29660 euros MOTOR, 1461 cc, 110 cv às 4000 r.p.m., 240 Nm às 2000 rpm, turbo de geometria variável, 16 válvulas, injecção common rail CONSUMOS, 6,1/4,5/4,9 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 130 g/km de CO2
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