Sob o signo da esperança
A RENAULT tem sido, entre as marcas generalistas, aquela que provavelmente mais dinâmica tem revelado de há uns anos a esta parte. O construtor francês não pára de surpreender, seja pela velocidade com que apresenta novos produtos, como pela capacidade de se reinventar, tendo ainda coragem para baralhar formas e conceitos. Nos tempos conturbadamente incertos e difíceis como os actuais, o factor novidade assume particular importância para espicaçar o interesse dos consumidores e com isso dinamizar as vendas de um dos sectores económicos mais atingidos pela crise. E, se mais não fosse, só por isso seria de saudar.A CURIOSIDADE maior deste novo familiar do segmento médio reside, deste logo, no rompimento em matéria de estilo com o modelo que vem substituir. O que não é nada de novo! Já o anterior o tinha feito e se sucesso teve, a verdade é que a sua secção traseira nunca foi inteiramente consensual.
Refiro-me, obviamente aos modelos de 3 e cinco portas. Quanto aos restantes da geração anterior, e muito particularmente em relação à versão carrinha, as opiniões já não divergem tanto.
No presente caso, o que mais salta desde logo à vista, mesmo neste familiar «cinco portas», é uma imagem desportiva mais forte. O coupé, de três, acentua ainda mais a ideia. Diria mesmo que em termos de conceito está mais próximo de ser a evolução do de há duas gerações atrás. E são apenas estas, para já, as únicas formas de carroçaria disponíveis. A gama, na linha da que actualmente já existe, irá renovando-se até 2010. Já em Abril deverá estar no mercado a tão desejada break.
ORA se podemos atribuir um maior pendor desportivo às linhas do modelo, a verdade é que, em matéria de comportamento houve uma clara evolução na continuidade. O modelo mantém um equilibro bastante bom entre o que oferece em matéria de conforto e lhe permitem as capacidades dinâmicas, com uma suspensão que se revela mais macia e permite maior adorno em curva, o que só não se evidencia mais porque a posição de condução é menos elevada. Está por outro lado mais largo, tem uma frente mais envolvente e aerodinamicamente mais fluída, e isso contribui para a estabilidade do seu comportamento em velocidade e em curva. Não tivesse a revisão do sistema de direcção aumentado demasiado a assistência dos movimentos do volante, fosse a direcção menos leve e não causasse alguma estranheza inicial até nos habituarmos, e a sensação de segurança aumentaria. E, por falar em segurança, neste caso a dos ocupantes, torna-se quase escusado referir que a geração actual consegue melhorar os padrões de protecção da anterior em caso de embate. Até porque, nesse aspecto, aumentou a dotação de equipamento de série: à partida pode logo contar-se com ABS com assistência à travagem de urgência e ligação automática dos piscas em caso de travagem de urgência, controlo electrónico de estabilidade, airbags frontais do condutor e passageiro adaptativos (os do passageiro são desligáveis), airbags laterais tórax/bacia para condutor e passageiro dianteiro, testemunho de esquecimento dos cintos de segurança dos 5 lugares, sistema ISOFIX de 3 pontos para fixação da cadeirinha de criança nos lugares laterais traseiros e apoios de cabeça dianteiros com protecção cervical e regulação em conforto.
COM A GAMA do novo modelo circunscrita a duas formas de carroçaria, a disponibilidade de motores para a berlina compreende os blocos diesel 1.5 e 2.0 dCi com potências entre os 85 e 150 cv e um surpreendente 1.4 a gasolina com 130 cv anunciados!
No meio termo encontramos a versão ensaiada e, mais do que provavelmente, a mais desejada pela relação preço/potência. Seria contudo injusto reduzi-la a esta classificação; este motor corresponde de facto ao que dele se espera. Associado a uma precisa caixa de seis velocidades, proporciona bastante agilidade ao conjunto, e consegue ainda, surpreendentemente, manter os consumos a um nível muito bom, facilmente conseguindo médias inferiores aos seis litros em circuito misto. É ainda silencioso, equilibrado e, por ser de pequenas dimensões e fixar-se num centro de gravidade mais baixo, contribuir para a precisão com que a frente do carro sai em curva. Pena mesmo a assistência da direcção...
DEIXO PARA O FINAL outro aspecto não mesmo importante: a habitabilidade e a funcionalidade do interior. O modelo continua a não ser famoso para as pernas dos ocupantes traseiros e perdeu em altura nestes assentos o que ganhou em largura. No final o resultado é positivo, mais por este último aspecto, embora o recuo da consola entre os bancos dianteiros acabe por interferir em parte. O que aumentou, e claramente, foi a capacidade da mala, mais 75 litros face ao anterior, superando agora os 400 litros. Bem esquadrada e bem forrada, mas um apoio deficiente da chapeleira, na parte onde «roda» durante a abertura da respectiva porta.
Interiormente, há múltiplos aspectos novos. E inovadores, a começar pelo estilo digital e fortemente luminoso do conta-quilómetros, que integra ainda leitor da temperatura do motor e capacidade de combustível. para além de outros sinalizadores, como um bem legível cruise control ou limitador de velocidade, quando presente no nível de equipamento. Em contrapartida, o travão de mão perde a forma aeronáutica, em favor de uma mais convencional. A posição de condução é realmente muito boa e confortável, mas a visibilidade para o exterior diminuiu, acentuando a sensação de largura do conjunto.
Num tablier de linhas fluídas e revestimentos suaves, surgem os comandos de forma intuitiva. O sistema de navegação, quando presente, recorre ao habitual conjunto de comandos colocado entre os bancos – não existem muitos pequenos espaços e este é um dos que assim desaparece -, quanto ao restante mantêm-se o que já havia: pode receber o sistema mãos livres que dispensa chave, ar condicionado bi-zone (excelente), sensores de chuva, luz, pressão dos pneus e para ajuda ao parqueamento, entre muitos outros, e, opcionalmente em todos os casos, tecto panorâmico em vidro.
PREÇO, desde 24600 euros (versão de 85 cv a partir de 22300)
MOTOR, 1461 cc, 105 cv às 4000 r.p.m., 240 Nm às 2000, turbo de geometria variável, 8 válvulas, injecção common rail
CONSUMOS, 5,5/4,0/4,5 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 120 g/km de CO2
MOTOR, 1461 cc, 105 cv às 4000 r.p.m., 240 Nm às 2000, turbo de geometria variável, 8 válvulas, injecção common rail
CONSUMOS, 5,5/4,0/4,5 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 120 g/km de CO2
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