Toyota iQ 1.0 VVT-i

O preço da exclusividade

Que diz o proprietário de um iQ ao condutor de um Smart? O meu é 30 cm maior do que o teu!

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A comparação entre os dois é inevitável e várias vezes me colocaram durante o período em que o tive para ensaio: o que distingue o iQ de um Smart?

Estive tentado a responder "Tudo!". Fiquei-me e fico-me pelo "quase tudo". Afinal, são ambos pequenos, fáceis de arrumar e ideais para circular em cidade. As semelhanças vão pouco mais além destas características.

Para começar, o iQ é maior, excepto na altura. Esses centímetros, quase 30 no comprimento, pouco mais de 10 na largura e menos 4 na altura, fazem toda a diferença. Embora o Smart tenha crescido na presente geração, continua a ser um "dois lugares"; o Toyota oferece quatro, e se não são generosos e bastante dependentes das necessidades dos ocupantes dianteiros, a realidade é que isso permite outra modularidade.

A mala do iQ é irrisória, praticamente inexistente. Se rebatermos 1 ou os 2 assentos, ela passa a ser de 238 litros, maior do que a do Smart.

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De comparação em comparação

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Paro com as comparações em relação ao modelo alemão, embora pudesse referir que, em termos de estabilidade e desempenho dinâmico do motor, a vantagem é claramente Toyota, fruto de uma melhor aerodinâmica, jantes grandes e iguais de 15'' e peso mais elevado, que conferem maior precisão em velocidade e no comportamento em curva.

Porque não consigo fugir às comparações — mesmo se não devesse fazê-lo porque o Toyota iQ é um carro dotado de características muito especiais e de objectivos muito concretos —, o facto de, no mercado português, o factor preço contar e estar directamente relacionado com a cilindrada, impõe novo paralelismo, desta vez sem sair de casa.

Falo do Toyota Aygo, projecto comum ao grupo francês PSA.

Partilhando este tri-cilindrico a gasolina, além de mais de espaço, o Aygo tem a vantagem de poder dispor de 5 portas, úteis em termos de acesso quando, por exemplo, se transporta uma cadeira de criança no banco traseiro. É mais meio metro — para melhor no que concerne à habitabilidade, para pior no que respeita ao poder de manobra —, num carro que acaba por custar menos 3 a 4 mil euros.

Estabeleci esta referência, para reforçar a justa dimensão do iQ; não se trata de um carro barato nem pretende sê-lo. Antes exclusivo e diferente!

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Espaçoso?

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Pode parecer estranho mas a habitabilidade é um trunfo. Ser largo para as restantes dimensões e ter um tablier bem estudado nesse sentido, dá-lhe a sensação de amplitude. Efectivamente não existe impressão de claustrofobia, além de que a frente curta e a traseira "cortada" permitirem uma excelente visibilidade e bom poder de manobra.

O painel de bordo é simples, contém as informações essenciais e os comandos do rádio são únicos e originais, em forma de joystick no volante e de uso intuitivo. Não falta nada que não exista nos grandes — a solução para porta-luvas é um mimo —, pode receber painel LCD para um sistema de navegação e até ter os bancos aquecidos…

O acesso aos lugares traseiros não é famoso, já o uso da mala e o rebatimento dos bancos são uma brincadeira de crianças. A qualidade dos materiais desculpa-se pela originalidade e fica largamente compensada pelo rigor da montagem e dos acabamentos.

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Enganador

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O iQ atinge e mantém velocidades proibitivas por lei de um modo natural e tranquilo, sem vibrações da carroçaria ou da própria direcção, que corremos o risco de nem nos apercebermos. Muito desse bom desempenho deve-se ao controlo de tracção e de estabilidade, que são sensíveis e estão em permanente alerta (o que se compreende num veículo com tais características), mas não incomodam. Com facilidade, o iQ entrosa-se com o condutor, e este 1.0 tem o comportamento típico dos propulsores japoneses, rotativo e esgotando-se para lá das 6000 r.p.m.. Obra e graça de um sistema de distribuição variável VVT-i, que abre e fecha as válvulas consoante o regime de funcionamento do motor, e de uma caixa muito colaborante e rápida nas "trocas", escalonamento curto das primeiras velocidades como se espera num citadino. Por causa do gozo transmitido pela sua condução e sem preocupação económicas, o consumo médio marcado no computador de bordo superou os seis litros.

Bancos com bom apoio colmatam as limitações de uma suspensão curta no seu curso e de pneus de baixo perfil, por aqui se percebendo o quanto muitas ruas das nossas cidades são uma miséria em termos de piso. Não penalizando em demasia o conforto ainda que se ressinta, mostra também que a insonorização cumpre com eficácia os objectivos.

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PREÇO, desde 13300 euros

MOTOR, 998 cc, 3 cilindros, 12 V, 68 cv às 6000 rpm, 91 Nm às 4800 rpm

CONSUMOS, 4,9/3,9/4,3 l (cidade/estrada/misto)

EMISSÕES DE CO2, 99 g/km

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