Mazda 3 (1.6 MZ-CD e MZR-CD 2.2 Sport)
O Mazda 3 sempre foi um modelo onde pontificou o equilíbrio; das linhas e do conceito, da habitabilidade e do comportamento. Embora o modelo anterior já possuísse um traço bastante sedutor e personalizado, esta nova geração e muito principalmente a nova frente, conseguem sugerir ainda mais uma atitude dinâmica e até mesmo muito desportiva. Sempre foi um carro capaz de estabelecer facilmente empatia — e por isso não admira que seja o mais produzido do construtor japonês —, bem como de transmitir confiança aos seus proprietários. Sendo ainda um modelo particularmente fiável, tudo isso faz dele aquilo que poderíamos designar como um valor seguro.
Poucos carros nesta classe deixam uma impressão tão forte quanto este novo 3. Sobretudo quando se tem 150 excitados cavalos a reclamarem permanentemente por mais liberdade…
Depois do contacto que tive com as duas versões, fico realmente com pena que a carga fiscal que incide sobre a cilindrada, faça com que poucos portugueses não venham a ter o privilégio de o conduzir com o novo motor diesel 2.2.
A diferença de preço ainda é significativa, cerca de 6 mil euros, quando apreciado em níveis de equipamento equivalentes.
Harmonia
Apreciado com mais pormenor, o Mazda 3 não é, realmente, nem o mais espaçoso, nem o mais confortável dos familiares do segmento. O espaço traseiro – e principalmente o banco – são mais indicado para dois ocupantes devido à configuração e ao túnel central. O "CS" de 4 portas tem o tejadilho ligeiramente mais baixo nesta zona, em contrapartida ganha espaço de bagageira, 430 l face aos 340 do "HB" de 5 portas. No entanto, embora disponha de dobradiças exteriores com amortecedor, a "boca" da mala é para o estreita e o pneu suplente é de pequenas dimensões.
A posição de posição de condução é bem mais eficiente. Embora à primeira vista os interiores não deslumbrem quanto aos revestimentos, um olhar mais cuidado faz perceber a qualidade quer no toque suave na parte superior do tablier, como na robustez dos plásticos que forram outras zonas. Reina a eficácia: os acabamentos não levantam dúvidas, a insonorização é primor (mais ainda na versão mais potente, cujo motor, até no exterior, é silencioso), a funcionalidade dos comandos é uma realidade e a compleição dos bancos procura atenuar o desempenho de uma suspensão que privilegia mais o comportamento dinâmico do que a capacidade de amortecimento, bem ao espírito "zoom-zoom".
Carácter
Às vezes é difícil perceber por que é que determinados carros, mesmo que não sejam "perfeitos-perfeitos", também não nos deixam indiferentes. O 3, que seja pela sua atitude em estrada ou pelo tal carácter equilibrado mas nada desenxabido, é um carro que acaba por apaixonar.
A posição de condução ajuda. Não apenas pelo carácter prático, porque visualmente a forma e a disposição do tablier contribuem bastante para a integração ao volante. Já com as necessárias diferenças perante cilindradas e valores de potência tão díspares, a verdade é que tanto o motor 1.6 (já conhecido do grupo PSA, aqui com 109 cv), como a nova unidade 2.2 (estreada e já ensaiada no Mazda 6), têm uma atitude peculiar: demorando ligeiramente a abrirem as "portadas" à manada, por volta das 1800 rpm começam num crescendo constante sem darem mostras de esgotamento. Isso é, claro, mais evidente quando existem pelo menos 150 cavalos (também há com 185…) que não perdem qualquer fulgor mesmo quando já estão no limiar da zona vermelha…
Sem esquecer que neste caso são comandados por uma caixa de seis velocidades e que não será pela ausência de estabilidade ou presença de ruído de funcionamento, que nos aperceberemos de que já ultrapassámos largamente os limites legais…
Contenção
O que não significa que não se possa andar dentro dos limites legais em sexta velocidade, sem que o motor "morra". De facto é bastante "elástico" e, facto sempre agradável de constatar, tanta fogosidade não o faz mais guloso.
A marca anuncia consumos médios de 4,5 e 5,4 l para o 1.6 e 2.2 respectivamente. Valores que parecem perfeitamente atingíveis com um andamento tranquilo, porque a política de redução de peso emagreceu esta geração e diminuiu a sua resistência ao vento.
Só que… isso não é fácil para quem gosta de conduzir! O Mazda 3 é capaz de despertar os instintos mais provocantes. Não sendo correcto admiti-lo, por questões de civismo e segurança na estrada mas, de facto, proporciona imenso gozo a quem sente prazer de dirigir.
Mais uma vez, essa impressão acentua-se na versão mais potente. Transmite maior segurança e tem uma atitude muito constante, quer em estrada aberta, quer em percursos mais sinuosos.
O modelo 1.6 é naturalmente mais familiar. A suspensão, mais macia e outros pneus, chegam mesmo a fazer com que a traseira derive ligeiramente se não houver carga à retaguarda.
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PREÇO, desde 23000 euros
MOTOR, 1560 cc, 109 cv às 4000 r.p.m., 16 V, common rail, turbo com geometria variável, intercooler
CONSUMOS, 5,8/3,8/4,5 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 119 g/km de CO2
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PREÇO, desde 33000 euros
MOTOR, 2184 cc, 150 cv às 3500 rpm, 360 Nm das 1800 às 2600 rpm, 16V, common rail, turbo com geometria variável, intercooler
CONSUMOS, 6,9/4,5/5,4 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 144 g/km de CO2
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