Por um planeta mais azul
Energia verde
Para que a terra não perca, ainda mais, o seu característico azul quando vista do espaço, os principais fabricantes mundiais de automóveis vão gradualmente apostando em novos modelos que dispensam os combustíveis fósseis. Marcha sobre rodas uma enorme revolução verde
Apesar do estrondoso fracasso que foi a Cimeira de Copenhaga, em parte porque se alimentaram elevadas expectativas quanto ao bom resultado das diferentes negociações, a verdade é que os principais líderes mundiais não se entenderam quanto à redução de emissões poluentes para a atmosfera.
Ao contrário disso, a indústria automóvel mundial aposta, cada vez mais, no desenvolvimento de "carros verdes". Uma consciência ecológica cada vez mais forte por parte dos consumidores, os receios da subida do preço dos combustíveis, ou até mesmo a escassez do petróleo fóssil, têm "obrigado" os grandes construtores a dirigirem milhões de euros para a investigação e desenvolvimento de soluções eléctricas, concebendo motores mais eficientes ou recorrendo a outros carburantes como o hidrogénio. Tudo em prol da diminuição das emissões de dióxido de carbono, considerado o principal responsável pelas alterações climáticas.
Conjuntura agravou-se
Contudo, a situação não é nova. Na segunda metade do século XX, diversas crises do petróleo já tinham levado à aceleração do desenvolvimento de motores e veículos mais eficazes no que toca aos consumos. Em resultado disso, a tradicional gasolina e gasóleo foram, em certos casos, substituídos por outros combustíveis naturais provenientes de plantas oleaginosas, da fermentação de cereais ou da destilação da cana-de-açúcar.
Agora, o caso é bastante mais grave. A qualidade de vida está em risco, os efeitos das emissões de dióxido de carbono são bem evidentes e, talvez como nunca, a maioria da população mundial ganhou a consciência de que o futuro também está nas suas mãos, passando a exigir, com maior veemência, a tomada de medidas urgentes da parte dos principais agentes poluidores.
Sendo assim, especialistas do sector prevêem que apenas daqui a quinze anos, em 2025, os carros eléctricos, híbridos ou a hidrogénio passem a ter uma quota relevante no mercado automóvel.
Vanguarda francesa
Como aqui se foi dando conta ao longo do ano que agora acaba, num futuro muito próximo deverão chegar ao mercado diversos veículos eléctricos.
A Aliança Renault-Nissan estabeleceu um acordo com o estado português, visando o desenvolvimento conjunto desta solução de mobilidade. Como "prémio", Portugal foi, a par da Inglaterra, um dos países escolhidos para a construção de uma das novas fábricas de baterias de iões de lítio para estes carros. Ficará localizada em Aveiro, nas instalações que a Renault já possui em Cacia.
Esta marca francesa irá apresentar quatro modelos eléctricos até ao final de 2012. O fabricante resolveu "saltar" a fase dos "híbridos", directamente para um carro "zero emissões". Paralelamente, tem vindo a optimizar o rendimento dos motores diesel e a gasolina, com vista à redução de emissões, na ordem dos 15 a 20%.
O primeiro modelo da Renault a chegar ao mercado, de momento já em fase final de testes, será o Kangoo eléctrico, seguido do Fluance que, tal como o Kangoo, parte de uma base já existente com motor de combustão. Seguir-se-á, mais tarde, o Twizy e o Zoe, estes dois desenhados e pensados exclusivamente para o mercado eléctrico.
A empresa está igualmente a trabalhar em carros alimentados a hidrogénio, se bem que a muito longo prazo, dispondo já de um protótipo: o Scénic ZEV H2.
Parceria forte
O grupo francês PSA, que congrega as marcas Peugeot e Citroën, estabeleceu uma parceria com a japonesa Mitsubishi, visando o desenvolvimento de diversas soluções eléctricas. O primeiro resultado desse acordo é o Peugeot Ion, baseado no Mitsubishi i-MiEV, que se prevê inicie a comercialização em finais do próximo ano.
Até lá, o construtor gaulês lançou um novo motor diesel que emite menos de 99 gramas de CO2 por quilómetro e também uma nova gama de propulsores de segunda geração com sistema "stop/start". Graças a este dispositivo que desliga o motor em semáforos, por exemplo, a marca anuncia uma redução de 15% nas emissões e, naturalmente, melhores consumos.
Em finais de 2010, princípios de 2011, está igualmente previsto o lançamento dos primeiros híbridos das duas marcas francesas. O primeiro será o Peugeot 3008 HYbrid4, seguindo-se o Citroën DS4 HYbrid4.
Smart eléctrico
Outro veículo bastante aguardado, até porque a popularidade granjeada lhe valeu, até ao momento, quase um milhão de unidades produzidas, é o Smart eléctrico.
Encarado, desde a sua concepção, como uma excelente solução de mobilidade para a densa malha urbana, o Smart Fortwo recebeu o primeiro projecto-piloto de uma versão eléctrica em 2007, menos de 10 anos após a sua chegada ao mercado. A Mercedes, construtor que detém a Smart, já revelou que planeia um primeiro lançamento comercial já em 2010, embora só deva massificar a sua produção em 2012. O início do fabrico em série do que deverá já ser a versão final do modelo, aconteceu no princípio deste mês. Mas estas primeiras 1000 unidades serão entregues apenas a projectos de mobilidade que participaram no seu desenvolvimento.
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