A marca japonesa anunciou uma L200 renovada no início deste ano. A verdade é que traz mesmo um conjunto importante de alterações que justificaram a vontade de a revisitar
Mais conforto, maior eficácia
A fama vem de longe. O proveito também e por isso continua a ser um dos modelos mais desejados e procurados da sua classe.
Apesar de os principais concorrentes serem quase sempre os mesmos — Nissan Terrano, Mazda BT-50/Ford Ranger, Toyota Hylux e Isuzu D-Max —, o grau de exigência de um tipo diferente de consumidor tem levado todos os construtores a dotarem estes modelos com características que não eram primordiais na altura inicial da sua concepção.
Trabalho ou lazer?
A "pick-up" nasceu com duas funções essenciais de trabalho: capacidade de transporte e robustez suficiente para caminhos mais agrestes. Para tanto é exigido um chassis à altura (e com altura), uma suspensão que suporte peso mas igualmente eficaz a manter a aderência e um motor forte, principalmente em regimes mais baixos, de forma a "entregar" cedo o binário necessário. A tracção integral é na realidade acessória e depende das condições do terreno em que seja utilizada.
A partir destas bases iniciais nasceram os primeiros "jipes" civis. Depois os jipes aburguesaram-se, nasceram os SUV's e as "pick-up" seguiram a moda perdendo a austeridade que as caracterizava. É assim que a L200 se confunde com a designação Strakar, aproveitando o bom desempenho da Mitsubishi no "Dakar", quando este ainda não se tinha mudado para o outro lado do Atlântico.
Mas a base está lá, mantendo-se versões mais simples e despidas de muitos acessórios, por isso mais económicas e destinadas essencialmente à sua função primária: o trabalho.
Maior envolvência
Não é exactamente o caso da Mitsubishi L200 ensaiada. É verdade que a gama tem um preço de entrada competitivo, pouco mais de 17 mil euros, para a "tal" variante de cabine simples e 3 lugares, orientada essencialmente para o trabalho (ver caixa).
O modelo de 2010 vem com um aspecto exterior mais moderno: Retoques no pára-choques ao nível dos grupos ópticos, novas cores e pequenas reformulações no aspecto, distinguem-na da anterior versão.
O habitáculo também contém novidades: o redesenho do painel de bordo introduziu algumas novas funcionalidades e tornou mais ergonómicos alguns comandos. Tem espaço para ecrã de navegação (extra, €2050), de série ocupado por um painel digital, herdado do Pajero, com informações relativas à condução, altímetro, bússola e barómetro. Há novos comandos áudio, sensores de chuva e luz, seis airbags e programador de velocidade, mas a melhoria mais importante foi ao nível da insonorização. A par de uma suspensão mais eficaz a assegurar o conforto, a envolvência deste habitáculo quase faz esquecer o facto de ser uma "pick-up" e aproxima-o, definitivamente, da comodidade dos melhores jipes.
PREÇO, desde 34000 euros MOTOR, 2477 cc, 178 cv às 4000 rpm, 400 Nm às 2000 rpm, common rail turbo/intercooler injecção directa CONSUMOS, 9,7/7,2/8,1 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 214 g/km de CO2
Vantagem fiscal
O facto de algumas destas versões beneficiarem de um estatuto fiscal que as equipara a carros "de trabalho", confere-lhes um preço atraente face a outros modelos. Vejamos dois exemplos caseiros; enquanto que a versão mais acessível da Outlander (ainda que de outra classe) custa mais de 42 mil euros, a L200/Strakar cabine dupla, com "mais motor", é praticamente 5000 euros mais barata. Dinheiro suficiente para lhe "encaixar" uma caixa traseira que ao cobrir a área de carga confere também novo aspecto ao exterior.
A par da possibilidade de poder optar-se por uma caixa de velocidades automática de cinco velocidades e de este motor de 178 cv estar disponível em conjunto com o de 136 cv, a caixa traseira foi redesenhada para conferir-lhe maior versatilidade, variando a volumetria consoante a forma da cabine. O eixo traseiro suporta neste caso 1800 kg e a capacidade de reboque é de 2700 kg.
Mais motor
O que confere importância à geração de 2010 está afinal menos à vista e só se revela depois de conduzida. Um motor mais potente com 178 cv e alterações na transmissão conferem-lhe uma desenvoltura em estrada que não era habitual nestes carros. Para começar, a suspensão reage suficientemente bem em estrada, mantendo não só a estabilidade como atenuando convenientemente a inclinação em curva, uma tendência natural devido à altura ao solo.
Outra das actualizações decisivas para o seu comportamento foi a introdução do sistema "Super Select", igualmente conhecido do Pajero. Esta função permite ao condutor escolher o modo de transmissão mais adequado ao terreno e às condições de condução, podendo passar a tracção das 2 para as 4 rodas sem necessidade de imobilizar a Strakar, em velocidades inferiores aos 100 km/h. Ganhou com isto uma tremenda eficácia em pisos mais escorregadios e concede mais à-vontade a quem a conduz. Com um motor que consegue demonstrar uma economia surpreendente, a Strakar mostrou sempre uma dinâmica fantástica tanto dentro como fora do alcatrão, galgando inclinações acentuadas e ultrapassando com muita sobranceria percursos com assinalável grau de exigência.
A isto não é alheio o facto do equipamento de série contemplar o controlo activo de estabilidade e de tracção.
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