Uma agradável revelação!
Confesso que não tinha qualquer expectativa especial quando me sentei ao volante do Lancer. À partida já o sabia melhor do que o seu antecessor, mais ao gosto do consumidor europeu. Apesar de não ter um interior capaz de "encher o olho" à primeira impressão, nem a qualidade, ou sequer a funcionalidade, levantam questões. Depois levei-o para a estrada. E aí...
Com o mercado português a antecipar a entrada em vigor das novas medidas fiscais que certamente irão penalizar ainda mais o comércio automóvel no nosso país (como se já não bastasse a crise económica que afecta aos rendimentos de muitos cidadãos nacionais), o segmento médio/familiar, o mais importante para muitas marcas aqui representadas, está em permanente ebulição.
Aproveitando também os novos desenvolvimentos, sobretudo na área electrónica que vêm permitindo que blocos mecânicos mais pequenos debitem potências mais elevadas, os fabricantes tratam de equipar os seus modelos com motores não apenas mais eficazes (em matéria de prestações, consumos e, logo, emissões poluentes), como ainda, em certos casos, menos penalizados em termos de impostos.
Um novo motor japonês
É o caso deste familiar japonês, terrivelmente mais interessante ao ganhar, finalmente, um argumento importante para se impor no mercado europeu.
À partida, a presente geração tem uma melhor aparência qualitativa do que a sua antecessora. Mas não só; tem também uma silhueta mais moderna e dinâmica, com uma frente bastante agressiva e desportiva, acompanhada, nesta versão em particular, por um grupo óptico traseiro igual ao mais aguerrido dos Lancer, o Evolution.
Senhora de um palmarés desportivo importante, a Mitsubishi pretendeu conferir a esta versão do Lancer (conferir AQUI resultado do ensaio à versão a gasolina) um comportamento e um desempenho à altura da fama conquistada nos diversos palcos desportivos mundiais. E ainda que não lhe dê propriamente a "raça" de um desportivo, esta motorização, desenvolvida inteiramente pelos japoneses e estreada no SUV ASX, apresenta um excelente binário (300 Nm das 2000 às 3000 rpm), que começa a fazer-se sentir cedo e se mantém o tempo suficiente para proporcionar uma condução tranquila, sem o constante recurso à caixa de seis velocidades.
Contudo, o maior trunfo desta versão face à que agora substitui (com o motor 2.0 DI-D, ver AQUI resultado de ensaio anterior) reside na diminuição dos consumos (combinado de 5,3 l segundo o fabricante) e consequente redução das emissões poluentes (139 g/km). Isto sem afectar as prestações. Algo que certamente não é consequência apenas de esta versão já dispor do sistema "Stop & Go".
Diversão garantida
Além de tudo isto, este bloco consegue ser mais silencioso do que o anterior 2.0 de origem VW, com natural reflexo sobre o bem-estar dos passageiros. Apesar do interior do Lancer não expor tantos revestimentos suaves, como acontece em muitos modelos europeus, a qualidade de construção e a robustez dos materiais denotam uma evidente subida de forma face às versões anteriores. Já a elegância ou modernidade das linhas não é tão ostensiva, salvando-se o lado prático e o carácter funcional dos comandos.
Com habitabilidade mais indicada para 2 passageiros no banco traseiro, o Lancer não oferece também uma mala ampla. Os 344 litros só não são uma desilusão maior quando parte desse espaço é ocupado, como era o caso da versão ensaiada, pelo "subwoofer" do sistema de som Rockfort Fosgate. O que, se não ajuda à arrumação, contribui pelo menos para uma maior animação.
Animação que está mais do que garantida com o comportamento excelente que revela. É verdade que foi testado equipado com a suspensão desportiva e esta é de uma enorme mais-valia na grande maioria das situações: precisa, divertida e eficaz, quer no desempenho em curva, quer a transmitir ao solo os 150 cv reivindicados por esta nova motorização.
PREÇO, desde 28000 euros MOTOR, 1798 cc, 150 cv às 4000 rpm, Binário máximo 300 Nm das 2000-3000 rpm, 16 V., common rail CONSUMOS, 6,6/4,6/5,3 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES, 139 g/km de CO2
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