ENSAIO: Ford Mondeo 2.0TDCi Titanium X SW
O Mondeo foi o primeiro automóvel global produzido pela Ford durante a primeira metade da década de 90. Significa isso ter sido concebido para a comercialização em diversos mercados, logo com o objectivo de ser capaz de satisfazer exigências e gostos de um leque bastante variado de consumidores. Este modelo é uma evolução natural do anterior. Se em termos mecânicos mantém a mesma base, quer o interior, quer os motores, registaram significativos melhoramentos.
Nos anos mais recentes a Ford fez uma importante evolução na qualidade dos seus produtos. E isso está bem presente no actual Mondeo. Desde 1993 que esta viatura assumidamente familiar tem vindo a ganhar músculo e crescido em carácter e qualidade, ao ponto de, actualmente, levar vantagem sobre alguns dos líderes tradicionais da sua classe.
Quando se penetra no seu interior tem-se uma noção bem real dessa qualidade. A solidez dos materiais e da construção são uma evidência que rapidamente capta o olhar e outros sentidos, revelando-se ainda nos pequenos detalhes e em equipamento que rapidamente fazem esquecer que se trata de um automóvel produzido por de um construtor dito “generalista”.
Classe e estilo
Na verdade, hoje já não é assim tão grande essa diferença entre fabricantes. Para mais no segmento a que o Mondeo pertence. Porque se trata de um automóvel capaz de satisfazer plenamente em imagem e em classe, aqueles que procuram um carro que desempenhe as funções de uma viatura executiva e proporcione ainda tudo o que se deseja num mais familiar.
Para começar, o Mondeo oferece espaço e conforto. Diria mesmo bastante de ambos. Apesar das cotas de habitabilidade não terem variado face à versão anterior, na actual, a Ford apostou ainda mais na qualidade dos materiais, fez crescer a área de revestimentos mais suaves, e melhorou a funcionalidade de alguns comandos. Introduziu ainda bastante equipamento novo, quer de segurança quer de conforto, de modo a actualizar e satisfazer as exigências actuais do segmento.
Auxílio à condução
Entre esse equipamento estão alguns dispositivos capazes de contribuir para uma condução mais segura, como o sistema de aviso de saída de estrada pela transposição involuntária de uma linha da estrada, contínua ou tracejada, com emissão de aviso sonoro e vibração do volante. Ou ainda a detecção de objectos no chamado “ângulo morto” dos retrovisores, alertando através de uma luz que se acende nos respectivos espelhos exteriores. Isto faz parte do “pack driver” que encarece o preço em 750 euros, sendo importante referir que, ao contrário do que acontece por exemplo na Volvo, em que a luzes de alerta estão no interior, as do Mondeo, situadas no exterior, tornam-se menos visíveis sob chuva ou sol mais intensos.
Para melhorar o conforto, mas também para diminuir a possibilidade de distracção durante a condução à procura de determinados comandos, existe um sistema de reconhecimento, controlo e activação de alguns deles através da voz.
Novidade é também o funcionamento automático dos máximos, que se acendem para melhorar a visibilidade do condutor, mas que, perante a aproximação de outro veículo, retornam às luzes médias para evitar o encadeamento dos condutores que circulam em sentido oposto.
Contudo, o mais interessante e até mais útil deles todos, é bem capaz de ser um sistema de aviso que monotoriza de modo continuo o nível de vigilância do condutor, a partir da direcção e do comportamento do veículo. Quando o sistema calcula que a atenção do condutor está abaixo de um determinado nível, exibe a mensagem “take a break” (fazer uma pausa) no painel de instrumentos. Caso detecte uma perda de atenção súbita, como um afastamento da faixa de rodagem, é activado um alarme sonoro e alertas visuais para avisar o condutor.
Parte destas informações são transmitidas através de um painel situado no quadro dos instrumentos, que pode ainda servir para outras funções. Um painel maior, na consola central, fornece informações dos sistemas de som, navegação e ainda as imagens da câmara de estacionamento traseiro.
Espaço e conforto
Efectivamente, em termos de habitabilidade, este Ford continua a impor as melhores quotas de habitabilidade da sua classe. Proporciona espaço de sobra no banco traseiro, apesar da sua estrutura mostrar-se mais confortável para dois ocupantes.
A compleição dos bancos dianteiros, pelo menos na versão ensaiada, com estofos em couro e ajuste em altura (nível Titanium), parece capaz de propiciar maior apoio lateral, revelando-se confortáveis após muitos quilómetros de viagem.
Isto apesar da suspensão parecer ter ganho maior rigidez, privilegiando o comportamento do conjunto. Que efectivamente é bom, apesar das dimensões não ajudarem muito à capacidade de manobra do Mondeo SW.
A capacidade de mala, cuja habitabilidade ronda os 550 litros em qualquer das carroçarias, é obtida à custa da não existência de pneu suplente, gerando um espaço extra, com alguns centímetros de altura, sob o piso. Na versão carrinha, o acesso é facilitado pela altura da plataforma de carga. O rebatimento dos bancos traseiros proporciona um piso de carga praticamente plano.
A renovação de motores aconteceu essencialmente pela necessidade do cumprimento de novas normas ambientais. Isso trouxe como benefício uma melhor eficiência com reflexos nos consumos e emissões poluentes (segundo a Ford em cerca de 20 por cento), sem prejuízo dos valores de potência e binário.
No que toca à condução do modelo que coube para ensaio, uma belíssima versão carrinha dotada da unidade de 2,0 litros com uns significativos 163 cv, importa referir que o acréscimo de 23 cv, face à versão “normal” de 140, é conseguido graças a um conjunto de alterações no turbo, no sistema de injecção de combustível e na electrónica, sendo útil para situações pontuais de aceleração (convincente), ou em recuperações após ultrapassagens.
Muito mais interessante é gabar o excelente desempenho da caixa automática de 6 velocidades (PowerShift) que acompanhava esta versão, decisiva para o grande prazer que a condução do Mondeo é capaz de proporcionar. Menos bem ficam os consumos, já que a média do ensaio ficou claramente acima dos oito litros.
Dados mais importantes | |
Preço da versão ensaiada | 43 860 euros |
Motor |
1997 cc, 4 cil., 16 V, 163 cv às 4000rpm, 340 Nm entre as 2000 e as 3250 rpm, common rail, turbo de geometria variável, intercooler
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Prestações |
210 km/h, 9,8 seg. (0/100 km/h)
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Consumos (médio/estrada/cidade) |
5,6 / 4,7 / 7,2 litros
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Emissões Poluentes (CO2) | 149 gr/km |
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