A tendência da procura é sempre para cores mais sóbrias, mas o Micra evidencia-se e torna-se muito mais alegre em tons de carroçaria mais vivos |
Além disso, apesar de esta nova geração apresentar linhas mais discretas, ainda assim, elas continuam a não gerar consenso amplo e imediato.
Mas após muitos anos a ensaiar carros, já não causa grande surpresa descobrir que as melhores sensações são as provocadas pelos que, à partida, não geraram qualquer expectativa especial. E é exactamente por causa desse inesperado, que a descrição inicial corresponde fielmente à primeira impressão que tive da nova geração daquele que foi, em 1993, o primeiro automóvel japonês a vencer o troféu “Carro do Ano” na Europa.
Muito mais equipamento
Dificilmente há carros perfeitos ou sequer capazes de agradarem a toda a gente. Ainda por cima num segmento como este, dos utilitários, em que se procura sempre mais por menos dinheiro.
Por isso, um dos primeiros factores de atracção é o design. Ele tem que ser capaz de cativar, mas também de se diferenciar dos demais. Ora se neste último aspecto o Micra sempre o conseguiu nas duas gerações anteriores, já no capitulo de agradar a gostos mais conservadores... não foi bem assim.
Agora ficou mais consensual, é bem verdade, apesar de aqui e ali resvalar, felizmente, para a irreverência. Tem o privilégio de estrear uma nova plataforma da Aliança Renault/Nissan que servirá também ao futuro Clio.
Na realidade, quem aprecia o “design” vai facilmente continuar a deixar-se seduzir pela irreverência das formas e do jogo de cores interiores se for o caso. Neste aspecto, a tradição Micra ainda é o que era. A mesma aposta não parece ter sido feita na qualidade dos plásticos, apesar de, por tradição, saber-se que os produtos da Nissan não costumam resvalar no que toca a longevidade ou solidez. Mas quer à vista, quer ao toque, parecem deixar a desejar. Mais ainda quando se escuta o som que provém da tampa do porta-luvas superior a fechar.
Sim. Porque existem dois. Se em matéria de habitabilidade este novo Micra não é dos melhores (nem dos piores) a disponibilizar espaço, já em soluções de aproveitamento para a colocação de pequenos objectos reclama créditos.
Tal como o faz em termos de equipamento disponibilizado, quer de série, quer no lote de opcionais. Quem não dispensa a tecnologia ou o conforto em viagem, pode bem contentar-se plenamente com o lote vasto que o modelo oferece: porta USB, ar condicionado automático, aquecimento dos bancos, sistema de navegação, avançado sistema de som com comandos no volante, botão “start” em vez de chave e abertura sem chave das portas, tejadilho panorâmico, sensores para muita coisa incluindo luz e chuva e por aí em diante...
Há também os itens habituais de segurança, bem como as diversas ajudas à condução. Como é o caso, pasme-se face a dimensões tão reduzidas, de sensores que ajudam a descobrir o melhor lugar para estacionar! Além dos típicos “pi-pis” que servem como alertas de proximidade durante as manobras.
Condução bastante divertida
Mas onde este Micra conseguiu verdadeiramente satisfazer-me foi em matéria de condução. Por causa da envolvência que senti ao integrar-me perfeitamente com um conjunto que proporciona boa visibilidade e noção rápida das extremidades. O que, de certa forma, e passe algum exagero, me fez retornar aos pequenos “minis” que rechearam a adolescência de muitos de nós.
Obviamente que com muito mais segurança, com muito mais precisão e com muito mais conforto. Nos limites do aceitável, sempre que o provoquei os desvios da trajectória foram mínimos, em parte por acção das ajudas electrónicas, noutra parte pelo equilíbrio evidenciado por este chassis.
Mas a impulsividade do comportamento deste pequeno carro, uma irreverência que em rigor não consigo explicar e o seu carácter contagiaram-me. O motor do Micra responde bem a arrancar e, porque o conjunto está mais leve, isso confere-lhe uma extraordinária agilidade em ambiente urbano. Claro que em estrada, a partir de determinadas velocidades e quando tem que enfrentar lombas, evidenciam-se as limitações deste tri-cilíndrico com 80 cavalos.
Sobretudo quando o ar-condicionado está ligado e portanto há que o desligar para obter um ganho extra de energia. É que, a partir da terceira mudança, as relações da caixa alongam-se para não esforçar o motor, para lhe reduzir o ruído e, principalmente, para lhe baixar os consumos. A média final do ensaio, com predominância de cidade, quedou-se em torno dos 7 litros.
Porque a minha vontade foi sempre a de andar a “picá-lo”.
Dados mais importantes | |
Preços da versão Visia | desde 11 990 a 16 490 euros (*) |
Motor | 1198 cc, 3 cil., 12 V, 80 cv às 6000rpm, 110 Nm às 4000 rpm |
Prestações | 170 km/h, 13,7 seg. (0/100 km/h) |
Consumos (médio/estrada/cidade) | 5,0 / 4,3 / 6,1 litros |
Emissões Poluentes (CO2) | 115 gr/km |
(*) acrescem despesas de documentação, transporte e pintura metalizada (300€)
Ensaios anteriores Nissan:
- Nissan Juke 1.6i/120 cv Eco (4x2)
- Nissan Micra C+C 1.4 Active Luxury
- Nissan Qashqai II 1.5 dCi
- Nissan Qashqai 1.5 dCi/106 cv (2010)
- Nissan Qashqai 1.5 dci Eco Pure Drive
- Nissan Qashqai 1.5 dCi (2009)
- Nissan Qashqai+2 1.5 dCi
- Nissan Qashqai II 2.0 4x4 CVT
- Nissan Navara 2.5 dCi /190 cv (2010)
- Nissan Navara 2.5 dCi 4x4 Sport Edition
- Nissan Pathfinder 2.5 dCi/190 cv (2010)
- Nissan Pixo 1.0 VVT
- Nissan X-Trail 2.0 Dci/173 cv
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