Irreverente, divertido e ousado. O Kia Soul foi um gesto arriscado mas corajoso da parte de uma marca ainda jovem no mercado europeu e a lutar pelo seu espaço. Surpreendeu também porque, pelo menos até então, o construtor coreano era encarado como algo conservador. Concebido nos “States”, representou um romper de estilos e de formas, piscando os olhos aos consumidores que ansiavam por um produto desde logo diferente, que pudesse ser ainda personalizado ao gosto… de vários gostos. Tudo por via de uma extensa lista de opcionais e possibilidades de combinação de cores e revestimentos. Revisitámos o modelo dois anos depois da sua comercialização, até porque, em breve, deverá conhecer um ligeiro rejuvenescimento.
Soul significa “alma” em inglês. E a “alma” é muito provavelmente aquilo que melhor esconde, ainda que não eja difícil adivinhar-lhe o feitio quando se têm um “corpo” que desde logo prenuncia irreverência.
Realmente é fantástico como uma marca, que ainda há menos de uma dezena de anos, em plena crise económica coreana, foi salva da falência pelo gigante económico Hyundai, tem vindo a demonstrar não apenas pujança, como algum atrevimento nas suas novas criações.
Um “nicho” de mercado
O Soul, apesar de já há algum tempo no nosso mercado, continua a chamar a atenção por onde passa. Isso é inegável e acontece mesmo quando revestido de cores mais sóbrias ou até quando os portugueses, entretanto, se foram habituando a outras “irreverências” sobre a forma de veículos.
O carro assim não é feito para grandes números de vendas e por isso também não pode ser barato. Apesar disso, o Soul até tem um preço aceitável quando falamos de uma versão diesel com 128 cv de potência e muito equipamento de raiz.
Tanto “carisma” nas formas torna-o complicado de segmentar enquanto produto. É antes um carro de “nicho”, um meio-termo entre um monovolume médio, moderno e com um tal acentuado sentido prático, e um pequeno SUV com pretensões bastante limitadas fora do alcatrão. Tudo por via dos 20 cm que dista em relação ao solo.
De familiar pouco mais tem do que algum espaço interior, embora o banco traseiro até apresente uma largura aceitável para 3 ocupantes, não muito largos, viajarem com algum conforto. Parte desse conforto traseiro deve-se também à altura da carroçaria, que permite a este banco ser colocado de forma favorável para os passageiros.
Quanto à mala, aparentemente apresenta uma capacidade limitada nos seus 300 litros.
Um tampo nivela-lhe o piso com a abertura do respectivo portão, mas por debaixo deste (e acima de um pneu suplente fino) existe uma volumosa caixa impermeável com espaços, que pode ser ainda retirada de modo a ampliar o volume da bagageira.
A mala contém ainda diversas possibilidades de fixação da carga. O banco traseiro rebate os encostos apenas de forma assimétrica e não circula longitudinalmente sobre calhas.
Ao gosto do consumidor
Uma das características mais importantes do Soul é a capacidade de personalização do seu interior, nomeadamente ao nível de combinação de cores. É possível optar por estilos vivos e muito próprios, quer ao nível dos revestimentos habituais (assentos, volante, punho das mudanças ou painel das portas, por exemplo), mas também no tablier ou até mesmo na cobertura interior dos espaços destinados à arrumação de pequenos objectos.
É sobretudo uma questão de gosto e de vontade. Quem desejar pode até ver as colunas de som nas portas iluminadas, inclusive ao ritmo da música que esteja a tocar no sistema de som. Mas os que apreciam maior descrição podem sempre optar por um estilo mais sóbrio e menos espampanante.
Os revestimentos plásticos não se mostram agrestes ao tacto e denotam uma aparência robusta com acabamentos de excelente nível.
O sentido prático não está tanto nas soluções funcionais, apesar de apresentar algumas como é o caso de vários pequenos espaços distribuídos pelo habitáculo. Sem esquecer que a forma e a altura lhe dão vantagem na facilidade de condução, mesmo se acabam por retirar alguma dinâmica ao conjunto.
Alma motriz
A alma do Soul é, afinal, o que se encontra menos à vista: o motor. Este 1.6 diesel, que tão boa conta de si dá em diversos modelos do grupo Hyundai/Kia, é capaz de assegurar consumos razoáveis, apesar de uma carroçaria cuja forma faz aumentar a resistência ao vento.
Mas o melhor é realmente a disponibilidade surpreendente para a grande maioria das situações, só pecando pela ausência de uma sexta velocidade. Que não só lhe daria outra dinâmica em estrada, como certamente lhe reduziria o consumo e o ruído do motor.
Com um coeficiente aerodinâmico que não o favorece – isso nota-se nos ruídos provocados pelo vento na carroçaria –, o Soul tem ainda necessidade, devido à altura do conjunto, de apresentar uma suspensão mais rija que lhe prejudica o conforto.
Não fosse assim, o que seria do adorno da carroçaria em curva, sobretudo a acção sofrida pelos ocupantes do banco traseiro…
Ainda assim, o resultado dinâmico acaba por satisfazer e muito. Graças, claro está, à inclusão de sério de elementos como o controlo de estabilidade, capaz não só de assegurar o adorno da carroçaria em curva, como a própria estabilidade a maiores velocidades.
Condução e acessórios
Com altura suficiente (20 cm) para abordar e transpor pequenos obstáculos, isso permite-lhe também uma condução muito boa em cidade. É que a visibilidade é excelente em todos os sentidos, e o Soul tem formas compactas e praticamente direitas nos seus pouco mais de quatro metros.
Tem ainda como auxiliar precioso nas manobras de estacionamento, uma câmara traseira cujo monitor se encontra no espelho retrovisor monocromático. Isto ou os sensores de parqueamento, ainda que ambos só estejam disponíveis no nível de equipamento mais elevado.
E por falar em equipamento, apostando na juventude e na importância de um bom sistema de som, este crossover coreano apresenta entradas para fontes externas de som - i-pod, por exemplo ou ainda uma ficha USB – estando preparado para receber, em acréscimo, um amplificador ou um subwoofer na zona da mala.
Dados mais importantes | |
Preços desde | 22700 euros (EX*) |
Motores |
1582 cc, 16 V., 128 cv às 4000 rpm, 260 Nm das 1900 às 2750 rpm, common rail, turbo com geometria variável (VGT)
|
Prestações |
182 km/h, 11,3 seg. (0/100 km/h)
|
Consumos (médio/estrada/cidade) |
6,3 / 4,6 / 5,2 litros
|
Emissões Poluentes (CO2) | 137 gr/km |
(*) Até final de Setembro/2011 beneficia ainda de uma oferta comercial de 1600 euros
Kia Soul MY 2012
Apesar de não ter ainda sido apresentado em Portugal, a versão refrescada do Kia Soul não deverá conter alterações substanciais ao actual modelo.
Como é habitual nestes caso, passa por um rejuvenescimento da zona dianteira, com inclusão de iluminação led e com um subtil redesenho da zona inferior do pára-choques.
Em termos mecânicos, as novidades maiores incidem sobre motores a gasolina, devendo apenas ocorrer ligeiras melhorias ambientais na unidade diesel ensaiada mais acima, de forma a garantir um enquadramento fiscal mais favorável para o veículo.
Interiormente, alterações pontuais ficam a dever-se à inclusão de mais algum equipamento, como é caso da climatização automática, sistema de navegação e até câmara traseira no painel. Tudo isto a para da oferta de novos padrões interiores, com o objectivo de refinar ainda mais um conceito que lá por fora (sobretudo na América do Norte) tem conhecido algum sucesso. E, claro está, os amantes do som poderão contar com substanciais melhorias nesta área.
Sem comentários:
Enviar um comentário