ENSAIO: Smart Fortwo (MY 2011)

Mesmo aqueles que não são fãs do Smart reconhecem a "enorme" genialidade do seu conceito: um pequeno carro seguro e prático de conduzir, capaz de proporcionar habitabilidade suficiente para dois adultos mas, sobretudo, agilidade e bastante capacidade de manobra no habitat a que se destina, a cidade. Do que agora se fala não é de um novo modelo, antes de uma renovação estilista e técnica da última versão surgida há pouco mais de três anos.
Confesso que me custa a perceber o fascínio que o Smart provoca em certas pessoas. Pelo preço que custa – em Portugal a partir dos 10 mil euros – e por aquilo que oferece – somente dois lugares, um pequeno motor e um espaço interior limitado –, não é propriamente um carro barato.
Só que um Smart… é um Smart! Ou seja, não é apenas "mais" um carro. É um Smart, repito, a meio caminho de se transformar num objecto de culto, acima de tudo um mercado importante para a Mercedes, graças aos indefectíveis apreciadores capazes de saber desfrutar das suas principais qualidades: facilidade de condução e economia.
E estilo, claro está.

Alterações estéticas


É principalmente de estilo, do design e da filosofia de vida, que se fala quando se aborda a temática Smart . Obviamente que as duas qualidades atrás referidas sempre foram os seus grandes trunfos, daí que a sua silhueta pouco tenha mudado desde que foi lançado em finais de 1998.
Conservou o traço original, logo à partida genial em matéria de segurança, e só esticou um palmo no comprimento quando houve a necessidade de introduzir novos motores menos poluentes.
Mesmo assim, os 2,7 metros no comprimento permitem-lhe manter a tão desejada estrutura compacta.
Em 2011, o Smart volta a ser alvo de cirúrgicas alterações. Sempre com o fito de o actualizar. Exteriormente, face ao modelo de 2008 (ver AQUI), as diferenças são realmente subtis. Apenas a dianteira chama desde logo à atenção quando equipada com luzes diurnas constituídas por leds, situadas ao nível dos faróis de nevoeiro. Quanto ao resto, existe uma série de novas combinações estéticas para a carroçaria.

Interior multimédia

No habitáculo, foi essencialmente a disponibilidade de mais equipamento que veio alterar parte do design. Nomeadamente pela introdução de um painel multimédia de 16,5 cm, entradas para fontes auxiliares de som ou ainda, consoante as versões, apoio para braços entre os bancos.
O próprio painel de comandos, com cores alaranjadas mais apelativas, melhorou a legibilidade, acrescentando, quando é o caso, indicadores próprios de uma versão “Start & Stop” (ver AQUI mais sobre este sistema aplicado ao Smart, segunda parte do texto).
O mesmo acontece com o volante, agora mais "adulto".
Realce para o bom aproveitamento feito a todos os pequenos espaços no tablier, atrás dos bancos e da própria mala. Necessariamente limitada, a bagageira apresenta dimensões que não são de todo desprezíveis. Sobretudo num descapotável: 220 litros. O único senão é que, dado que motor se encontra logo abaixo do seu piso, não é de todo recomendável transportar ali carga demasiado sensível ao calor…
Ao conduzir um Smart, na realidade, é fácil esquecermo-nos da sua exacta dimensão. A posição de condução e o tablier profundo contribuem para isso. Só damos conta do seu tamanho quando precisamos de estacionar e “qualquer buraco” serve, ou quando, ao manobramos por ruas estreitas, a sua boa capacidade de manobra é uma mais valia.

Vocação urbana

São estas situações que tornam fácil perceber a vocação e utilidade de um carro que continua a não ser exemplo de conforto quando o piso se complica. Efectivamente, a curta distância entre eixos, a forma e altura da carroçaria obrigam a uma suspensão que, por não ser demasiado branda, se ressente sobre as nossas tão típicas ruas calcetadas. Com alguns reflexos sobre a insonorização.
Apesar de se tratar de uma capota em lona, com abertura eléctrica e recolha atrás dos baços, a versão cabrio ensaiada consegue atenuar alguns dos efeitos que o vento geralmente provoca sobre este género de carroçaria.
Outra das consequências da suspensão, mas também do facto do motor se encontrar atrás, desequilibrando o peso, é a necessidade de diminuir a assistência sobre a direcção. Isto impede que ela se torne demasiado vaga em estrada aberta ou a mais velocidade. Porque sendo um "tudo atrás" (motor e tracção), mostra-se impulsivo em determinadas situações.
A caixa automática é uma mais-valia para o conforto em condução urbana, apesar de desagradar o hiato que por vezes se cria entre as mudanças. A transmissão é igualmente uma grande ajuda para o chamado "ponto de embraiagem".

Preços e versões

Agradável é que, por pouco mais de 13 mil euros, não há descapotável novo mais barato no mercado português. Refiro a versão mais económica dotada de um económico motor a gasolina de 1,0 litros com sistema “start & stop”. Com um consumo médio anunciado de 4,5 litros, foi esse mesmo o valor alcançado no final do ensaio.
Outras versões a gasolina existem no mercado português. Nomeadamente com este mesmo motor, onde um turbo eleva a potência para 84 cv, ou 102 cv caso se trate do desportivo "Brabus". Existe ainda um diesel de 799 cc e 54 cv.
Num exclusivo para o mercado português, está disponível a versão especial “Ice Edition”. Contém de série sistema de luzes diurnas Led, umas belíssimas jantes de 15 polegadas Brabus e, interiormente, sistema áudio e de navegação multimédia com painel “touch” de 16,5 cm, relógio e conta-rotações em suportes próprios sobre o tablier e ainda sistema ISOFIX para cadeira de criança. O Smart “Ice Edition” distingue-se pelo exterior em branco ou, no caso da versão Cabrio, pela capota em lona preta azul ou vermelha. Tem preços a partir de 14198 euros.


Dados mais relevantes
Preços desde9700€ (Coupe) 13083€ (Cabrio) (*)
Motores
999 cc, 16 V., 71 cv às 5800 rpm, 92 Nm às 2800 rpm
Prestações
145 km/h, 13,7 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
4,6 / 4,0 / 4,3 litros
Emissões Poluentes (CO2)98 a 105 gr/km
(*) Acrescem várias despesas de documentação, legalização e preparação.


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