Imaginar que um dia os automóveis poderão circular com a mínima intervenção humana fora dos grandes centros urbanos, já não é uma utopia digna de um filme de ficção científica. É uma realidade cada vez mais possível de aplicar até mesmo em muitos veículos de série que actualmente se fabricam. Tudo graças a empresas como a TRW, apostadas em desenvolver novos sistemas de segurança e de condução. Confira a seguir o que actualmente existe e aquilo que espera os condutores que trocarem de veículo nos próximos tempos.
A possibilidade de um automóvel estacionar (quase) sozinho, executando as manobras necessárias do volante, sendo pedido ao condutor apenas para engrenar a mudança certa, acelerar ou travar, faz parte, actualmente, da lista de equipamento de algumas viaturas da classe média.
Mas num futuro mais ou menos imediato, poderá mesmo deixar de ser necessária qualquer intervenção humana. Sensores dianteiros e traseiros, aliados a câmaras de estacionamento, enviarão as instruções necessárias para um central de comando, que accionará então, não apenas uma caixa de velocidades automática, como o acelerador ou o pedal de travagem.
Assustador para muitos, a crescente integração da electrónica nos veículos automóveis tem, contudo, o objectivo de tornar a condução não apenas mais fácil, como mais segura na estrada.
Travar ou desviar automaticamente perante obstáculos
É exactamente isso que a TRW Automotive pretende. Dando especial ênfase à segurança, esta empresa americana desenvolve equipamento capaz de assegurar uma maior protecção passiva dos ocupantes – airbags ou sistemas de retenção dos cintos –, e ainda sistemas de condução activa, como controlos de tracção e de estabilidade, sistemas de travagem e de direcção ou outras formas de assistência à condução.
Um deles, já aqui referido no ensaio a alguns novos modelos automóveis, é um dispositivo capaz de detectar obstáculos no caminho ou nas imediações da viatura. Assinalada a presença de peões ou de outras viaturas, depois de alertar o condutor para o perigo, e se tal se mostrar efectivamente necessário, é automaticamente efectuada uma travagem de emergência.
Este sistema, quando aliado a um outro de controlo de velocidade de cruzeiro, permite circular em estrada, à velocidade previamente estabelecida, mantendo a necessária distância de segurança ao veículo da frente.
Distância essa que pode também ser pré-programada.
Não estará longe o dia em que o veículo, em vez de se imobilizar automaticamente, possa também executar uma manobra de desvio do obstáculo. Possibilidade essa que está de momento a ser aperfeiçoada.
Manter o veículo na estrada
Alguns dos modelos mais recentes, já se encontram equipados com sinais de alerta para a transposição involuntária da faixa de rodagem.
Ou seja, dispõem de sistemas capazes de “ler” as linhas (contínuas ou tracejadas) pintadas no alcatrão e, na ausência de sinal indicador de mudança de direcção, avisam o condutor através de sinais auditivos, visuais ou fazendo tremer o respectivo assento.
Este equipamento destina-se a evitar distracções ou sinais de fadiga, reclamando uma maior atenção da parte do piloto. Aliado a isto, a TRW acrescentou um outro capaz de detectar a ausência, por mais de 5 segundos, de mãos sobre o volante.
Mas há mais. Um novo controlo do andamento, efectuado com recurso aos sinais pintados na faixa de rodagem, permite manter, automaticamente, o veículo dentro da respectiva faixa. Consegue, inclusive, descrever as curvas.
Apesar de todo este processo não poder, por enquanto, dispensar a atenção do condutor, deixa adivinhar que não estará longe o dia em que um automóvel poderá deslocar-se, de um ponto para o outro, somente com a indicação do destino pretendido.
Mas, para isso acontecer, torna-se primeiro necessário conjugar todo este equipamento com sistemas de navegação e criar “balizas” ou sinais indicadores mais fiáveis ao longo das estradas.
Controlo de tracção e aumento da capacidade de travagem
Um sistema particularmente interessante, e que revela grande importância na abordagem ou transposição de declives bastante acentuados e com más condições de aderência, é um procedimento de controlo da tracção que impede o veículo de resvalar sem controlo.
Explicando melhor, seja a subir ou a descer, este equipamento mantém o veículo a uma velocidade constante e relativamente baixa, aumentando a segurança da condução e evitando bruscas variações de velocidade.
Este equipamento de controlo de tracção revela-se particularmente útil para SUV ou modelos de todo-o-terreno, mas também para automóveis destinados a países com estradas periodicamente cobertas de gelo ou neve.
No que respeita a sistemas de travagem, a TRW tem vindo igualmente a desenvolver novas possibilidades, nomeadamente no que toca à utilização em modelos híbridos ou eléctricos. A questão assume relevância porque, até agora, os sistemas de auxílio à travagem (nomeadamente servo-freios) utilizavam a força de vácuo da aspiração dos motores para reforçar a sua acção.
Para quem não compreende esta parte técnica, basta lembrar a maior pressão que é necessária aplicar sobre o pedal de travão quando um veículo não está a funcionar. O efeito é um mesmo num carro eléctrico, daí a necessidade de desenvolver um processo capaz de aumentar e tornar mais eficaz (e mais suave) o procedimento de travagem.
Processamento de dados
Para muitos destes procedimentos ocorrerem, os automóveis são equipados com uma câmara (geralmente instalada no vidro, junto ao retrovisor, ou na zona da grelha) e um conjunto de sensores electrónicos capazes de trabalharem em simultâneo. As informações recolhidas são enviadas para uma centralina que as analisa e actua em conformidade, provocando as manobras necessárias.
Como é bem de ver, todo este processo tem que ser executado rapidamente por um computador, requerendo não só uma elevada rapidez de processamento, como de transmissão de dados.
Até ao momento, o que geralmente acontecia é que muito deste equipamento actuava de forma independente e era proveniente de várias origens.
Um dos desafios actuais da TRW, até porque os avanços constantes da electrónica o permitem (com consequente redução de custos) é integrar grande parte destes sistemas numa só unidade, capaz de (re)produzir os mesmos efeitos.
Custos mais baixos
Ao congregar num só componente diversos processos co-relacionados, conseguem-se vários objectivos: diminui o risco de conflito entre sistemas, devido à maior integração e troca de informações, aumenta a velocidade de troca de dados e de procedimentos e obtém-se, naturalmente, também uma importante redução de custos.
Diminuição com reflexos não apenas no preço do equipamento, como da sua instalação e posterior manutenção.
Aos descrentes ou receosos da crescente integração da electrónica nos carros de série, convém lembrar os reflexos produzidos sobre a segurança de todos.
E que, já hoje, na aviação, a maioria das carreiras comerciais utiliza o piloto automático para muitas das funções de voo…
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