ENSAIO: Renault Laguna Coupe Mónaco GP


Depois do sucesso que foi a primeira edição da série “Mónaco”, a Renault repete a dose no Laguna Coupé. Acrescenta novos elementos, mas ainda e sempre são as quatro rodas direccionais que estabelecem a diferença.
Já agora, confesso a minha falta de paixão pela gama Laguna, alvo de diversos ensaios nas suas diferentes motorizações e formas de carroçaria. Mas é sempre com muito entusiasmo que volto a pegar em mãos a versão coupé!
A razão para ambos os sentimentos é simples: enquanto automóvel, as versões Sedan e carrinha não se destacam por nenhuma razão em particular. Para mim, situam-se naquele patamar que tanto procura agradar a “gregos” como a “troianos”, não querendo com isso dizer que se tratam de maus produtos.
Bem pelo contrário! Mas é para mim um facto que essas versões não revelam a mesma inspiração desta, apostando na faceta mais familiar e conservadora típica de modelos que têm como missão defrontar “estrelas”, e logo num segmento particularmente exigente.


O príncipe da gama


Já este Laguna Coupé, de tão especial, distinto e com o entusiasmo que revela e proporciona, quase parece um automóvel novo e diferente!
E não, não é apenas por causa da aparência desta versão “Mónaco GP”. Ela é, é um facto, de um elegante branco glaciar que contrasta em absoluto com o negro do tejadilho, das jantes e dos retrovisores exteriores. Mas a elegância deve-se também à fluidez das formas, que lhe garantem uma menor resistência ao vento e uma silhueta desportiva. Não apresentando uma frente inteiramente inspirada e aqui e ali acusando já os anos da sua concepção, o Laguna Coupé continua a revelar um certo charme…


Interior distinto


Na versão “Monaco”, o interior do Laguna Coupé ganha garra e personalidade. A última conferida pelas inscrições “Monaco GP”, realçadas no encosto das confortáveis “baquets” em couro, de cor carbono escuro, que acolhem condutor e “pendura”. A par do reforço do equipamento, o branco pérola do exterior trespassa para o habitáculo em pormenores do revestimento da consola e das portas. A pedaleira em alumínio, a forma do volante e a configuração dos instrumentos encarregam-se, finalmente, de realçar a componente desportiva.


Habitabilidade traseira


Com tudo isto, o Laguna Coupé não perde em classe nem em habitabilidade. Com uma certa surpresa descobre-se que dois adultos conseguem viajar confortavelmente no banco traseiro, porque apesar da forma da carroçaria descer abruptamente nesta zona, a posição baixa das baquets que os recebe contorna a pouca altura do interior.
Há ainda que contar com a bagageira de dimensões razoáveis (423 litros) e o rebatimento facilitado do encosto dos bancos traseiros a partir da zona da mala. Esqueça-se, contudo, o pneu suplente, preterido em favor de um kit anti-furo.


Virar para o lado certo


Aquilo que realmente diferencia o Renault Laguna Coupé é um comportamento em estrada diferente dos demais. Tudo por obra e graça do sistema de 4 rodas direccionais, capaz de conferir redobrado entusiasmo durante a condução deste modelo.
Com este chassis designado “active drive”, o ângulo de viragem das rodas traseiras é regulado em função da velocidade. Abaixo dos 60 km/h elas viram no sentido oposto ao das dianteiras, tornando o veículo mais manobrável; acima desse valor, elas rodam no mesmo sentido das dianteiras.
Isso leva o trem traseiro a manter a precisão da trajectória, assegurando também uma melhor aderência de todos os pneus à estrada.


Preços e motores


Num patamar onde se jogam questões de personalidade, prestígio, qualidade, mas também atitude, a marca francesa não precisa sequer de recorrer ao seu motor mais potente para garantir grande parte de tudo isto. E ainda proporcionar um preço final vantajoso.
Os 150 cv debitados pela versão “Dynamique S 4Control” já servem para o assegurar, colocando o preço de entrada, em Portugal, abaixo dos 42 mil euros. Claro está, emissões de apenas 136 g/km de CO2 também contribuem para o apuramento final dos impostos.
Se são os 180 CV da versão “Monaco GP” que se encontram à melhor altura de o representar, verdade é que, para as estradas portuguesas, de muito pouco vale tanta potência. Realmente contribuem para um binário mais agradável, sobretudo à saída de uma curva, e a caixa de seis velocidades também está lá para o assegurar. Mas, ainda por cima em altura de crise, não convém arriscar a encarecer a viagem com a ultrapassagem dos limites legais de velocidade.
Talvez por isso o consumo médio registado durante o ensaio tenha parecido comedido. Mesmo se acima do anunciado pelo fabricante, ele oscilou entre os 6,3 e os 7,0 litros conforme o tipo de andamento e o trajecto escolhidos. Nada mau!



Dados mais importantes
Preços desde45000 euros
Motores
1995 cc, 16 V, 180 cv às 3750 rpm, 360 Nm às 2000 rpm, common rail, turbo, geometria variável
Prestações
222 km/h, 8,5 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
5,7 / 4,7 / 7,7 litros
Emissões Poluentes (CO2)150 gr/km


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