OPEL KADETT: Uma viagem até ao Astra
Corria o ano de 36 do século passado, quando a alemã Opel apresentou o primeiro Kadett. Em vésperas do segundo maior conflito mundial, a marca respondia ao desejo nazi para que a Alemanha dispusesse de um veículo prático, familiar e com preço acessível a todos os cidadãos do III Reich. Apesar de esse desígnio ter cabido, como se sabe, ao VW (VER AQUI), o Kadett foi não apenas o pioneiro da marca no segmento dos automóveis compactos, como representou o progresso técnico, a capacidade e o engenho alemão. Foi, seguramente, uma das gamas mais populares a nível europeu. Portugal não foi excepção e ainda hoje se avistam muitos “pré-Astra”, designação que sobreviria ao Kadett.
A história do Opel Kadett teve início há precisamente 75 anos..
Em 1936, ano de realização de Jogos Olímpicos na Alemanha, a Opel já era um dos maiores construtores automóveis da Europa. O Kadett representou a entrada da marca no segmento dos automóveis compactos.
Em Rüsselsheim, perto de Munique, os engenheiros da Opel utilizaram os ingredientes de sucesso de modelos anteriores como base para o desenvolvimento do novo modelo. O primeiro Kadett serviu-se do motor de 1,1 litros e quatro cilindros, com 23 cv de potência, do modelo P4. A carroçaria reflectia uma clara inspiração nas linhas modernas do Olympia. E pela primeira vez, um automóvel de produção em série adoptava o conceito de carroçaria autoportante, totalmente fabricada em aço.
Da Alemanha para a URSS
Com quatro lugares e duas portas, o primeiro Kadett era vendido em duas variantes: sedan e sedan descapotável.
O preço-base era de 2100 marcos.
As versões de quatro portas estavam destinadas à exportação. Na sua primeira geração, durante quatro anos, foram vendidas mais de 100.000 unidades do Kadett. Até à interrupção da produção de veículos civis, em 1940, por causa do conflito.
Facto curioso e desconhecido de muitos, no final da II Guerra, em 1945, na distribuição dos despojos de guerra entre os vencedores, coube à União Soviética ficar com os estudos e projectos do Kadett. Em resultado disso, até aos anos 50 a Rússia comercializa o veículo sob a designação de Moskvich 400.
2.ª geração: o relançamento
O crescimento económico europeu – e sobretudo alemão – pós-conflito, levou à massificação da produção automóvel. A forte injecção de capital americano na parte ocidental da Alemanha, ao abrigo do plano Marshall, resultaria numa rápida recuperação da economia do agora dividido território.
Em 1962 surge um novo Kadett equipado com um motor 1.0 com válvulas à cabeça e 40 cv de potência. Este Opel compacto é não apenas espaçoso e tecnicamente avançado, como passa a estar disponível num género de carroçaria que contribuiria bastante para o seu sucesso: station wagon, entre nós conhecido como carrinha.
Inovação tremenda e vanguardista foi a proposta de uma caixa de quatro velocidades, algo quase inédita mesmo entre os automóveis de maiores dimensões da época.
Um coupé, com 48 cv de potência, seria lançado pouco tempo depois. Tornar-se-ia bastante popular entre os jovens pilotos e a razão era simples: com poucas transformações era conseguida uma boa base para acesso às mais diversas (e acessíveis) competições automóveis que então começavam a vulgarizar-se.
3.ª geração: a massificação
Seria contudo a terceira geração do Opel Kadett, lançada no final de 1965, a responsável pelo estabelecimento definitivo da gama entre os automóveis familiares de gama média. Tal como a anterior, a presente geração era produzida em Bochum.
O número de opções crescia drasticamente: passou a haver versões de três volumes com duas ou quatro portas, versões de dois volumes, variantes coupé e "station wagon".
Para completar a gama, a partir de 1967 a Opel comercializou uma versão luxuosa chamada Olympia. Esta edição compilava elementos do Rekord e do desportivo Rallye-Kadett, versão que a Opel utilizou na competição automóvel.
Até 1973 a produção do Kadett B contabilizou cerca de 2,7 milhões de unidades.
4.ª geração: a consagração
Na senda do sucesso alcançado, a nova geração Kadett C era comercializada inicialmente nas versões sedan, station wagon e coupé.
Em 1975 surgia o ainda hoje tão desejado coupé desportivo GT/E , equipado com motor de 1.9 litros com injecção de combustível.
Nesse mesmo ano despontaria um novo membro na família: o Kadett City. Este modelo tinha uma particularidade que começava a vingar na Europa em meados dos anos 70: um grande portão traseiro, de serventia à mala de uma carroçaria compacta de somente 3 portas.
O modelo “Aero” introduzia de novo uma variante descapotável do sedan, algo que não acontecia desde a década de 30. Fabricado a partir de 1976 pelo especialista em carroçarias Baur, em Estugarda, para assegurar a rigidez estrutural e aumentar a segurança dos ocupantes, esta versão surgia no formato "targa", com arco de segurança.
Até 1979, seriam produzidas mais de 1,7 milhões de unidades Opel Kadett C.
5.ª geração: a tracção dianteira
A quinta geração do Kadett inaugurou a era da tracção dianteira e do motor colocado em posição transversal. O novo motor de 1,3 litros, de quatro cilindros, do Kadett D é o primeiro motor da Opel construído com cabeça em liga leve e árvore de cames à cabeça.
Graças a isto, este motor podia receber, sem necessidade de grandes afinações, gasolina sem chumbo que passaria a ser obrigatória em meados nos anos 90.
Mais tarde, este bloco serviria ainda de base ao primeiro motor Diesel da história do Kadett, com cilindrada de 1,6 litros.
A nova disposição do motor trouxe vantagens evidentes em termos de habitabilidade e capacidade da bagageira. A publicidade clamava: “Novo Kadett. Tem algo que muita gente quer!”.
A nova gama de dois volumes e a popular station wagon assentavam na longa tradição na gama Opel. As variantes com carroçaria de três volumes e descapotável saem temporariamente da linha Kadett, reaparecendo a seguir com o Kadett E.
6.ª geração: a aerodinâmica e o sucesso
As opiniões dividem-se quanto a considerar o modelo surgido em Agosto de 1984 como uma nova geração. Ele era muito baseado na mecânica do anterior, mas revestido por linhas brilhantes, numa carroçaria que, apesar do passar dos anos, mantém uma actualidade incrível!
O coeficiente de resistência aerodinâmica é de apenas 0.30 no desportivo GSi de 115 cv, valor ainda hoje invejável e que lhe valeria o título de sedan mais aerodinâmico do mundo.
A Opel desvendaria o Kadett descapotável em 1985 durante a 51.ª edição do Salão Automóvel de Frankfurt.
Este último Kadett foi desenvolvido no centro de design de Rüsselsheim, em colaboração com o estúdio de Nuccio Bertone. Foi galardoado com diversos prémios internacionais e, a meu ver muito injustamente, nenhum Kadett seria premiado com o troféu Carro do Ano Europeu.
E se houve carro que o mereceu, ele foi muito justamente o Opel Kadett.
Em Portugal, as versões mais populares foram a carrinha e o “3 portas”. Os motores 1.3 a gasolina e 1.6 diesel os mais procurados, com algumas breves incursões em versões a gasóleo 1.5 (origem Isuzu) e, com maior sucesso, o 1.7 diesel que transitaria para o seu sucessor, o Astra. Tal como a motorização 1.4 a gasolina, já equipada com catalisador.
Este último Kadett foi comercializado sob diversas marcas do grupo General Motores: na América Latina como Chevrolet e, em finais dos anos 90, princípios deste século, como Daewoo. A marca coreana actualizou os modelo de 3, 4 e 5 portas em termos de linhas, mantendo a essência prática do modelo. Chama-se Daewoo Nexia.
Em 1989, a produção total do modelo Kadett ultrapassou a marca de 10 milhões.
A história do Opel Kadett teve início há precisamente 75 anos..
Em 1936, ano de realização de Jogos Olímpicos na Alemanha, a Opel já era um dos maiores construtores automóveis da Europa. O Kadett representou a entrada da marca no segmento dos automóveis compactos.
Em Rüsselsheim, perto de Munique, os engenheiros da Opel utilizaram os ingredientes de sucesso de modelos anteriores como base para o desenvolvimento do novo modelo. O primeiro Kadett serviu-se do motor de 1,1 litros e quatro cilindros, com 23 cv de potência, do modelo P4. A carroçaria reflectia uma clara inspiração nas linhas modernas do Olympia. E pela primeira vez, um automóvel de produção em série adoptava o conceito de carroçaria autoportante, totalmente fabricada em aço.
Da Alemanha para a URSS
Até ao final da produção, em 1940, são vendidas mais de 100 mil unidades. A partir dele a Rússia criaria o Moskvich 400 |
O preço-base era de 2100 marcos.
As versões de quatro portas estavam destinadas à exportação. Na sua primeira geração, durante quatro anos, foram vendidas mais de 100.000 unidades do Kadett. Até à interrupção da produção de veículos civis, em 1940, por causa do conflito.
Facto curioso e desconhecido de muitos, no final da II Guerra, em 1945, na distribuição dos despojos de guerra entre os vencedores, coube à União Soviética ficar com os estudos e projectos do Kadett. Em resultado disso, até aos anos 50 a Rússia comercializa o veículo sob a designação de Moskvich 400.
2.ª geração: o relançamento
O crescimento económico europeu – e sobretudo alemão – pós-conflito, levou à massificação da produção automóvel. A forte injecção de capital americano na parte ocidental da Alemanha, ao abrigo do plano Marshall, resultaria numa rápida recuperação da economia do agora dividido território.
Em 1962 surge um novo Kadett equipado com um motor 1.0 com válvulas à cabeça e 40 cv de potência. Este Opel compacto é não apenas espaçoso e tecnicamente avançado, como passa a estar disponível num género de carroçaria que contribuiria bastante para o seu sucesso: station wagon, entre nós conhecido como carrinha.
Inovação tremenda e vanguardista foi a proposta de uma caixa de quatro velocidades, algo quase inédita mesmo entre os automóveis de maiores dimensões da época.
Um coupé, com 48 cv de potência, seria lançado pouco tempo depois. Tornar-se-ia bastante popular entre os jovens pilotos e a razão era simples: com poucas transformações era conseguida uma boa base para acesso às mais diversas (e acessíveis) competições automóveis que então começavam a vulgarizar-se.
3.ª geração: a massificação
Um best-seller com mais de 2,7 milhões de unidades vendidas. O mais vistoso surge em 1966, na versão Kadett Rallye. |
O número de opções crescia drasticamente: passou a haver versões de três volumes com duas ou quatro portas, versões de dois volumes, variantes coupé e "station wagon".
Para completar a gama, a partir de 1967 a Opel comercializou uma versão luxuosa chamada Olympia. Esta edição compilava elementos do Rekord e do desportivo Rallye-Kadett, versão que a Opel utilizou na competição automóvel.
Até 1973 a produção do Kadett B contabilizou cerca de 2,7 milhões de unidades.
4.ª geração: a consagração
Na senda do sucesso alcançado, a nova geração Kadett C era comercializada inicialmente nas versões sedan, station wagon e coupé.
Em 1975 surgia o ainda hoje tão desejado coupé desportivo GT/E , equipado com motor de 1.9 litros com injecção de combustível.
Nesse mesmo ano despontaria um novo membro na família: o Kadett City. Este modelo tinha uma particularidade que começava a vingar na Europa em meados dos anos 70: um grande portão traseiro, de serventia à mala de uma carroçaria compacta de somente 3 portas.
O modelo “Aero” introduzia de novo uma variante descapotável do sedan, algo que não acontecia desde a década de 30. Fabricado a partir de 1976 pelo especialista em carroçarias Baur, em Estugarda, para assegurar a rigidez estrutural e aumentar a segurança dos ocupantes, esta versão surgia no formato "targa", com arco de segurança.
Até 1979, seriam produzidas mais de 1,7 milhões de unidades Opel Kadett C.
5.ª geração: a tracção dianteira
A quinta geração do Kadett inaugurou a era da tracção dianteira e do motor colocado em posição transversal. O novo motor de 1,3 litros, de quatro cilindros, do Kadett D é o primeiro motor da Opel construído com cabeça em liga leve e árvore de cames à cabeça.
Graças a isto, este motor podia receber, sem necessidade de grandes afinações, gasolina sem chumbo que passaria a ser obrigatória em meados nos anos 90.
Mais tarde, este bloco serviria ainda de base ao primeiro motor Diesel da história do Kadett, com cilindrada de 1,6 litros.
A nova disposição do motor trouxe vantagens evidentes em termos de habitabilidade e capacidade da bagageira. A publicidade clamava: “Novo Kadett. Tem algo que muita gente quer!”.
A nova gama de dois volumes e a popular station wagon assentavam na longa tradição na gama Opel. As variantes com carroçaria de três volumes e descapotável saem temporariamente da linha Kadett, reaparecendo a seguir com o Kadett E.
6.ª geração: a aerodinâmica e o sucesso
Um coeficiente aerodinâmica de apenas 0.30 do Kadett GSI tornava-o no modelo de produção mais aerodinâmico do mundo à época |
O coeficiente de resistência aerodinâmica é de apenas 0.30 no desportivo GSi de 115 cv, valor ainda hoje invejável e que lhe valeria o título de sedan mais aerodinâmico do mundo.
A Opel desvendaria o Kadett descapotável em 1985 durante a 51.ª edição do Salão Automóvel de Frankfurt.
Este último Kadett foi desenvolvido no centro de design de Rüsselsheim, em colaboração com o estúdio de Nuccio Bertone. Foi galardoado com diversos prémios internacionais e, a meu ver muito injustamente, nenhum Kadett seria premiado com o troféu Carro do Ano Europeu.
E se houve carro que o mereceu, ele foi muito justamente o Opel Kadett.
Em Portugal, as versões mais populares foram a carrinha e o “3 portas”. Os motores 1.3 a gasolina e 1.6 diesel os mais procurados, com algumas breves incursões em versões a gasóleo 1.5 (origem Isuzu) e, com maior sucesso, o 1.7 diesel que transitaria para o seu sucessor, o Astra. Tal como a motorização 1.4 a gasolina, já equipada com catalisador.
Este último Kadett foi comercializado sob diversas marcas do grupo General Motores: na América Latina como Chevrolet e, em finais dos anos 90, princípios deste século, como Daewoo. A marca coreana actualizou os modelo de 3, 4 e 5 portas em termos de linhas, mantendo a essência prática do modelo. Chama-se Daewoo Nexia.
Em 1989, a produção total do modelo Kadett ultrapassou a marca de 10 milhões.
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