Os carros de Monsieur Président
Características técnicas e mecânicas conferem ao Citroën DS5 Hybrid4 o privilégio merecido de ser embaixador da capacidade inventiva e tecnológica da indústria automóvel francesa.
Não admira, portanto, que François Hollande o tivesse escolhido para descer os Champs-Elysées, em Paris, após a tomada de posse como novo Presidente da República Francesa.
Com o Arco do Triunfo em fundo, Holland agradeceu à multidão que o saudava ao longo do percurso até à sede do governo. Ia a bordo de uma versão adaptada “à medida” para a ocasião, já que, de origem, o Citroën DS5 não dispõe de tecto de abrir.
Sarkozy, que cede o lugar no Eliseu a Hollande, era adepto da Peugeot. Ao contrário do vanguardista DS5, o Peugeot 607, utilizado por Nicolas para fazer o mesmo percurso em 2007, dispunha de um motor V6 a gasolina. Sendo assim, o 607 Paladine jamais conseguirá ser tão poupado como o DS5 Hybrid4 consegue ser, já que o carro da Citroën alia um motor a gasóleo a um outro eléctrico acoplado às rodas traseiras.
Uma marca de sorte?
Além de um eventual propósito ecologista, a intenção de Hollande foi a de transmitir uma imagem de modernidade e mudança, a mesma que pretende para a sua governação. Fica por saber se ela é dirigida ao seu vizinho e, até agora, parceiro do Eixo – triste designação para um entendimento entre dois países que estiveram em campos opostos na última guerra… - se à restante Europa, ansiosa por uma alteração do rumo imposto pelo eixo franco-alemão.
Os gostos do carismático Presidente Francês Charles de Gaulle, símbolo da resistência francesa ao nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, foram também sempre para um modelo igualmente revolucionário da marca do “deux chevron”: o CitroënDS19, entre nós vulgarmente conhecido como “boca de sapo”.
Entre outras coisas, certamente, como muitos outros condutores e passageiros, o general De Gaulle terá apreciado a suspensão inovadora de que dispunha o DS e que foi responsável pela aura de conforto e segurança deste modelo.
Indefectível apaixonado do DS, que utilizaria ao longo de todo o seu mandato, foi a bordo de um deles que De Gaulle escapou incólume do atentado do Petit Clamart, em 1962.
Curiosamente, no mesmo dia em que foi empossado, Holland escapou de um acidente aéreo quando o avião em que seguia para a Alemanha foi atingido por raio.
A escolha de presidentes anteriores
Talvez porque, em diversas fases da sua história, a marca do duplo “V” invertido foi capaz de conceber diversos carros ousados e vistosos à época, coube-lhe a honra de ser uma das marcas mais utilizadas pelos presidentes franceses.
Nas mais variadas ocasiões, ao serviço dos anteriores inquilinos do Eliseu estiveram um mais clássico e conservador Citroën C6 e um espampanante mas presidenciável Citroën SM, desenhado em conjunto com a Maserati. Este último carro, vastamente utilizado aquando da visita a França de governantes estrangeiros, seria partilhado por Jacques Chirac e pelo seu antecessor Georges Pompidou.
Além do Peugeot 607 de Sarkozy, carros de outras marcas franceses ocuparam as garagens da residência oficial do presidente da República Francesa. Nos tempos mais recentes o anterior presidente foi bastante fiel ao Renault Vel Satis. Mas, da marca do losango, também por lá se viram Renault 25 e 30. Giscard d'Estaing dividiu com François Mitterrand um Peugeot 604 e, com o mesmo símbolo do leão estampado na grelha, um 508 continua ao serviço da República Francesa.
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