Como afirmou Paulo Portas, Ministro dos Negócios Estrangeiros, "a boa notícia é que metade deste ano já passou". É que este promete (continuar a) ser um "annus horribilis" para os importadores nacionais de automóveis e, por mais que surjam novos modelos ou versões e que se criem campanhas agressivas para cativar o consumidor, as vendas teimam em não descolar do vermelho. Mesmo assim, o mês de Junho atenuou a queda generalizada das vendas automóveis em Portugal e foi o melhor mês do ano, com 10805 unidades comercializadas. Contudo, continua a registar-se um decréscimo acentuado do comércio de viaturas ligeiras de passageiros e o valor das vendas representa o pior mês de Junho desde 1988, ano em que o mercado foi liberalizado. Confira a seguir os valores totais e a posição que cada uma das marcas ocupa na tabela elaborada pela ACAP.
Por tradição, Junho é o melhor ou um dos melhores meses do ano para o sector automóvel. Este ano não fugiu à regra, mas as 10805 viaturas comercializadas representaram um decréscimo de 37 por cento face a idêntico período do ano passado.
No total, de Janeiro a Junho deste ano, o total acumulado de automóveis ligeiros de passageiros comercializados foi de 53406, enquanto, em 2011, já tinham sido vendidos 91293 unidades. Percentualmente isso representa um saldo negativo de 41,9 %.
Embora a quantidade não seja tão expressiva, o cenário é bastante pior no que toca ao segmento dos comerciais ligeiros e das viaturas pesadas, onde essa queda representa valores negativos da ordem dos 55% e 47,3% respectivamente. O que indicia, claramente, dificuldades de renovação de frotas por parte das empresas.
São valores que contribuem negativamente para a recolha de receitas da parte do Estado. No início de Junho, a ACAP – Associação Automóvel em Portugal – alertou para o facto de a receita de ISV (Imposto Sobre Veículos), respeitante ao período de Janeiro a Abril, não ter ido além de 135 milhões de euros. Uma diminuição de 40% face aos 259,7 milhões obtidos no período homólogo de 2011, além da consequente quebra do IVA.
“A esta realidade vamos agora adicionar os cerca de 5.200 empregos perdidos no sector automóvel e que irão engrossar as listas dos subsídios de desemprego a pagar pelo Estado”, salienta o mesmo comunicado da ACAP.
Análise às vendas por marca
Quando olhamos para a tabela das marcas mais vendidas em Portugal, ressalta o quarto lugar da BMW com 600 unidades em Junho e um total de 3369 desde o início do ano. Apesar de, em parte, justificado pelo facto da gama da marca alemã dispor de modelos mais acessíveis à bolsa do consumidor, a verdade é que esse número ultrapassa construtores generalistas e bem implantados em Portugal como é o caso da Opel, Ford, Fiat ou Citroën.
Por outro lado, e ainda que se possam apontar as mesmas razões da BMW, a Audi ocupa uma surpreendente sexta posição.
De facto, ao contabilizarmos as vendas totais do semestre, o grupo de marcas representado em Portugal pela SIVA permitiu a este grupo reforçar a sua quota de mercado. Além dos bons valores da Audi, a VW é mesmo a segunda marca mais vendida em Portugal, enquanto a Skoda ocupa a 17.º posição, à frente de marcas com mais tradição no nosso mercado. Esta tendência acompanha as vendas europeias, já que o grupo VW (neste caso com a Seat integrada) ocupa a posição cimeira à frente do grupo PSA e da Renault.
Regressando ao mercado doméstico, apesar de uma queda das vendas de 42,7% (acompanhando a tendência generalizada do mercado), as 5999 unidades comercializadas pela Renault permitem-lhe destacar-se na primeira posição. São também de realçar as 491 unidades comercializadas pela Dacia.
Na tabela destaca-se ainda a subida percentualmente expressiva da Land Rover, facto que se deve à boa aceitação do modelo Evoque tem tido.
Resultado de uma aposta comercial bem direccionada, a Peugeot ocupa o terceiro lugar das vendas, apesar de uma queda de 40,5 % desde o início do ano.
Apesar da forte valorização da moeda japonesa, o Iene, três grandes construtores do país do sol nascente conseguem prestações interessantes em face da realidade do mercado: Toyota, Nissan e Honda. A isso não é alheia a circunstância de qualquer delas dispor de fábricas na Europa, por isso menos sujeitas à flutuação cambial. Com excepção da Nissan, as outras duas conseguiram mesmo aumentar a quota de mercado no nosso País.
Quanto aos dois gigantes coreanos, a Kia voltou a superar a Hyundai. Isto apesar da geração mais recente do modelo “de combate” da Kia, o Ceed, não ter ainda iniciado a sua comercialização em Portugal. Mais uma vez, uma aposta comercial forte, que passou, por exemplo, pela geração actual do Ceed, permitiu à Kia vender 1165 automóveis desde o início do ano.
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