Sempre que ensaio um pequeno
leão vem-me à memória a história de sucesso do Peugeot 205. Versátil, familiar
ou citadino, desejado nas suas versões desportivas, com um invejável palmarés
nas pistas de terra ou nos ralis de asfalto, o 205 marcou uma época.
Apesar disso, a Peugeot não
se deu mal com os sucessores 206 (análise ao 206+ 1.1)
Sejamos sinceros: qualquer
deles - 206 ou 207- consegue naturalmente ser melhor do que o 205, apesar de uma
apreciação deste género dever ter em conta o tempo em que “reinou” qualquer um
destes modelos.
Mas regressemos ao 208,
objecto deste ensaio. Aproveitando também para explicar as razões de tão longo
preâmbulo.
Mais
pequeno. Contudo…
Como foi tendência nos últimos
anos, a evolução das gamas foi sendo feita com o aumento das dimensões exteriores
da carroçaria. Foi assim do 205 para o 206, mais expressivo ainda deste para o
207.
A necessidade de reduzir
consumos e emissões têm feito inverter este processo, com muitos construtores a
apostarem em carroçarias mais compactas, mais leves e, sobretudo, mais
aerodinâmicas. Foi o que se passou com o 208, com um ganho médio de 110 kg e um
máximo de 173 kg. Tem ainda menos 7 cm de comprimento e menos 1 cm de altura do
que o 207 (é mesmo ligeiramente menor do que o 206, embora seja mais largo e
mais alto), mas nada disto interferiu na habitabilidade: segundo dados do
construtor há mais espaço nos lugares traseiros, enquanto a bagageira cresceu para
285 l.
Análise
ao habitáculo
Contudo, há que afirmá-lo,
esta não é, claramente, uma versão com pretensões familiares. Fora este
aspecto, o 208 proporciona uma excelente posição de condução, aparentemente
capaz de se adaptar facilmente a qualquer corpo.
Em termos de visibilidade a
questão divide-se. Se durante a condução ela é boa para o exterior e
dificilmente alguém encontrará dificuldades em manobra, já a visão do painel de
instrumentos é capaz de levantar alguma dificuldade.
A Peugeot quis criar algo
distinto e conseguiu-o. Desejou ainda evoluir na qualidade dos materiais
utilizados e, aparentemente, com sucesso. Contudo, resta saber se o conjunto será
também funcional.
É que, apesar do volante
pequeno e da sua forma achatada na base (o que lhe dá um ar bastante
desportivo), nalguns casos a parte superior deste acaba por obstruir a
visibilidade do painel de comandos. Mesmo após alguns demorados exercícios de ajuste
com as regulações do banco do condutor e da coluna da direcção.
Igualmente pouco funcional é
o equipamento que acompanha versões mais elevadas. Com um ecrã táctil, este
acessório concentra funções do sistema de som, de navegação e algumas informações
do automóvel. Pode bem ser tecnologicamente bastante evoluído mas peca por ser
pouco intuitivo.
É que, se algumas
informações podem ser encontradas com a viatura parada – convém até que sejam…
- controlar o rádio, por exemplo, durante a condução, é um exercício que pode levar
o condutor a perder a concentração. O que não convém!
Inspirador e provocante
De resto, o 208 - e este modelo
em particular – é um automóvel que não enjeita qualquer condução desportiva. Com
uma potência de 115 cv mas, sobretudo, entregando um binário que roça os 300 Nm
bem cedo, esta versão apresenta uma atitude que beneficia de qualquer um destes
factores: peso, dimensões e aerodinâmica.
Tudo isto ajuda a torná-lo
numa máquina divertida e eficaz. Sem esquecer o contributo de uma suspensão que
evidencia um curso curto mas que, apesar disso, não penaliza demasiado o
conforto.
Há também muito de atlético
na pequena silhueta do 208. É verdade que a sua frente se aproxima muito das
versões com maior porte, mas uma caixa de seis velocidades e o equipamento
interior fazem por deixar transparecer a garra que existe debaixo do capot,
capaz de inspirar qualquer alma mais pacífica e respeitadora dos limites de
condução.
Para conseguir homologar este motor para emissões de apenas 99 g/km, o construtor aligeirou o conjunto - em vazio pesa menos de 1200 kg – e equipou-o com sistema start/stop, entre outras tecnologias destinadas a economizar. Contudo, pese embora um consumo médio anunciado de apenas 3,8 litros ser apelativo, desembolsar mais de 21 mil euros é capaz de afastar muito potencial interessado. Ainda que parte desse valor seja atenuado pelo equipamento elevado da versão “Allure”.
Novos motores mais
acessíveis
Em resumo, trata-se de um carro
muito fácil de guiar. Um daqueles veículos em que não se entra para o interior
mas que se “veste” em volta do condutor, e que se encaixa neste como um
prolongamento do seu corpo.
É verdade que não é dá para
(re)vestir muitos corpos humanos em simultâneo mas, caramba, também há coisas
que não se gosta de partilhar com muita gente.
Só se forem para despertar a
cobiça…
Capaz de ser dotado de
pequenos motores a gasolina de 1,0 l e 1,2 l (ler AQUI o ensaio à versão 1.2 VTi/82 cv), ao invés do 207, cuja unidade
motriz mais pequena, na Europa, é de apenas de 1,4 l (análise ao 207 1.4i 16V). Esta foi uma das razões que levou ao ressurgimento do 206 numa versão "+" (ver AQUI o ensaio ao 206+ 1.1 Trendy). A evolução dos novos
motores a gasolina permite que se obtenha mais força em blocos mais compactos, fazendo
com que seja, apesar disso, mais económicos e menos poluentes do que os
anteriores.
Mais informações sobre estas versões estão no TEXTO DE APRESENTAÇÃO do Peugeot 208. Em breve iremos analisar com mais pormenor cada um destes motores. O texto de apresentação referente às versões GTi e XY encontra-se AQUI.
Para já são apenas conhecidas
duas formas de carroçaria do 208: com 3 ou com 5 portas, desconhecendo-se o futuro
das versões SW (carrinha) e CC (cabrio/cabriolet), disponíveis no 206 e 207 e
igualmente importantes para a marca.
Dados mais importantes
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Preços desde
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21.301 euros (3 portas, 1.6 HDi Allure)
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Motores
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1560 cc, 115 cv/3600 rpm, 270 (285) Nm às 1750 rpm, common rail, turbo com geometria variável
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Prestações
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190 km/h, 9,7 seg.(0/100 km/h)
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Consumos (médio/estrada/cidade)
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3,8 / 3,4 / 4,6 litros
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Emissões Poluentes (CO2)
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99 gr/km
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