ENSAIO: Citroën C4 Aircross 1.6HDi 2WD Seduction

Este carro é fruto de uma parceria antiga entre o grupo francês PSA e o construtor japonês Mitsubishi e tem, à partida, uma vantagem face ao “primo” ASX: poder dispor deste mais económico e consagrado motor 1.6 HDi com 115 cv. Pegando na base mais austera da viatura japonesa, a marca francesa recriou com elegância o estilo, preservando, contudo, as linhas musculadas que sugerem um veículo multifuncional e com (alguma) capacidade fora de estrada. Apesar da designação, a ligação à berlina C4 é inexistente. O “Aircross” pertence a outro “campeonato”; proporciona não só mais espaço, uma outra versatilidade de condução e bastante conforto, mas também uma experiência limitada como “todo-o-terreno”.

Comparado exteriormente com o Mitsubishi, torna-se evidente uma imagem exterior mais refinada e elegante. Sobretudo as versões que comportam um nível mais elevado de equipamento.
Mais pequeno do que o anterior C-Crosser, este Aircross mede 4,34 metros de comprimento, 1,84 metros de largura e tem 1,63 metros de altura. Dimensões similares aos líderes da classe - Nissan Qashqai  e Duster  – e igualmente uma capacidade para 5 ocupantes.
Apresentando-se como um SUV urbano, o C4 Aircross não está vocacionado para o uso tradicional de uma viatura de todo-o-terreno. Apesar da versão ensaiada ser a mais económica e contar apenas com tracção dianteira, até a mais potente e com tracção total oferece um uso limitado enquanto tal, se bem que estas características possam ser apreciadas em países onde o frio, o gelo e a neve tornam o piso mais escorregadio no inverno.
Mesmo assim, a maior altura ao solo - que também é um atributo do modelo ensaiado – tranquiliza mais o condutor quando envereda por caminhos fora da estrada, desde que o piso se mantenha relativamente consistente.
Já a sua postura sobre o alcatrão é mais cómoda e segura do que a de um automóvel familiar, consequência do melhor ângulo de visão que a posição de condução mais elevada oferece. Algo que ficou bem evidente nos dias de chuva intensa durante o ensaio.

Desempenho confortável e económico

À posição de condução mais elevada e que é típica de um SUV junta-se, neste caso em particular, o conforto de uma suspensão que privilegia claramente a comodidade dos ocupantes. Para acentuar ainda mais tal pretensão, concorrem uns pneus com perfil mais elevado do que é habitual (215/70 R16), logo com maior capacidade de amortecimento.
Nesta versão, o custo é ainda valorizado pelo baixo índice de emissões - 119 gr/km – ainda que, apesar disso, o melhor preço para a motorização 1.6 HDi ronde os 32 mil euros.
Contrariedades à parte, o que este C4 Aircross 1.6 HDi proporciona é um consumo médio efectivamente baixo – a média durante o ensaio oscilou entre os 5,2 e os 5,5 litros – valores excelentes para o peso e volumetria da carroçaria, mas só possíveis de realizar em estrada. É que, nunca comprometendo a agilidade ou o empenho no arranque, a condução intensa em cidade irá não apenas acentuar estes valores, como impedir a melhor eficácia desta unidade a gasóleo.
Refira-se também que grande parte do mérito dos consumos se deve à presença do sistema start/stop – bastante rápido a actuar -, mas também de uma caixa de seis velocidades correctamente escalonada. A isto soma-se equipamento mecânico que permite a regeneração de energia durante o andamento e nas fases de desaceleração.
A capacidade de carga é de 745 kg e o peso rebocável, sem travão, de 695 kg. Com travão de 1300 kg.

Espaço preterido em favor do estilo

Apesar da lotação para cinco ocupantes, dois adultos viajarão com maior conforto no banco traseiro. E ainda que esta zona do habitáculo seja bem rentabilizada em termos de espaço para a colocação das pernas, aquilo que mais se destaca é a altura interior, por permitir que passageiros de estatura mais elevada possam viajar confortavelmente nestes assentos. A parte central do encosto rebate para fazer um apoio de braços, mas também para permitir que se transportem objectos de maior comprimento como esquis, por exemplo. 
Já foi mencionado anteriormente a vantagem de uma posição elevada sobretudo em alturas de menor visibilidade, mas ela é também uma razão para uma postura bastante confortável do corpo em viagens mais longas. Nesse campo, o C4 Aircross vale-se de toda a experiência do construtor francês e os bancos frontais são francamente mais ergonómicos do que os traseiros, permitindo um apoio firme e correcto do corpo e da cabeça.
Embora os revestimentos insistam em superfícies rígidas de plástico, a percepção de robustez e os acabamentos são de muito bom nível. Nota igualmente elevada para a ergonomia, em parte devido à simplicidade na colocação dos comandos, o que facilita bastante a tarefa do condutor durante o andamento.
Parte desses comandos podem ser acedidos a partir do volante – consoante o nível de equipamento existem até alguns com reconhecimento vocal -, comportando na parte central do tablier um painel multimédia no qual é possível visionar imagens da câmara traseira do veículo (opcional: 2290 euros). Há ainda entradas para fontes auxiliares de som ou imagem na caixa localizada entre os bancos da frente.
O volume da mala alinha com a média – 419 litros -, e a sua ampliação através do rebatimento dos assentos traseiros (possível apenas a partir do habitáculo) eleva essa capacidade para bem perto dos 1200 litros e liberta um espaço perfeitamente plano. A entrada da bagageira é ampla embora pouco esquadrada, tal como o espaço interior por causa do volume ocupado pelas cavas das rodas. Se o equipamento contemplar o avançado sistema de som desenvolvido pela Rockford Fosgate, a parte direita da bagageira é ocupada pelo sub-woofer.
Uma vez que a volumetria do carro e a percepção das suas extremidades podem enganar quem o conduz, um equipamento bastante útil serão certamente os sensores de estacionamento ou a câmara de visão traseira, bem-vindos durante as manobras mais apertadas.


Dados mais importantes
Preços desde
31448 euros
Motores
1560 cc, 114 cv/3600 rpm, 285 Nm das 1750 às 2000 rpm, common rail, turbo com geometria variável
Prestações
182 km/h, 10,8 seg.(0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
4,6 / 4,2 / 5,3 litros
Emissões Poluentes (CO2)
119 gr/km

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