HISTÓRIA: VOLVO 240 (242, 244, 260, 262, 265)

Chegou aos mercados em Agosto de 1974, no prolongamento e desenvolvimento lógicos da popular série 140. E o carro que, no seu início foi por muitos criticado pela sua aparência sensaborona e quadrada, acabaria por se tornar na série da Volvo mais vendida de sempre, com cerca de 2,9 milhões de carros produzidos durante 19 anos, até Maio de 1993. Durante a sua vida definiu o padrão internacional de segurança e do meio ambiente, ganhou o Campeonato Europeu de Carros de Turismo e acabaria por alcançar o estatuto de carro de culto da era “yuppie” carro antes que ele foi interrompido em maio de 1993. Para tanto muito contribuíram uma série de soluções técnicas inovadoras, em muitas áreas, com particular realce para o elevado nível de segurança que o carro proporcionava.

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Dois anos antes do seu lançamento, a marca sueca apresentou um concept: o VESC abordava de uma forma séria e convicta, como nenhum construtor automóvel o fizera até aí, a segurança dos ocupantes em caso de embate e, novidade total, dos peões em caso de atropelamento.
Entre as características de segurança apresentadas pelo concept VESC, destacam-se as zonas de deformação e de protecção de capotamento, barras de protecção nas portas, um volante retráctil em caso de embate frontal, um sistema de travagem anti-bloqueio automático, cintos de segurança, airbags, apoios de cabeça reguláveis e zonas de absorção interiores. Tudo isto em 1972!
Entre os muitos detalhes da nova série 240, um destacava-se, contudo, de forma evidente: o volumoso pára-choques, uma saliente mandíbula dianteira com capacidade para absorver parte da energia do embate em caso de acidente.
Para se ter a noção da importância deste modelo no que respeita à segurança, após uma longa série de testes de colisão realizados pelas autoridades de segurança rodoviária nos EUA, utilizando o 240 e seus concorrentes, ficou claro que o Volvo 244 era, de longe, aquele que oferecia melhor protecção aos ocupantes. Os resultados desses ensaios acabariam por ser utilizados para formar a base da futura legislação de segurança rodoviária norte-americana e o Volvo 244 tornar-se-ia o modelo “padrão” a ser seguido por todos os outros construtores nesse capítulo.

Interior espaçoso, confortável mas também pouco emotivo

Como se referiu no início, se as propriedades dinâmicas e de segurança do 240 foram bem recebidos de início, o mesmo não aconteceria com a parte estética do automóvel. Haveria mesmo quem considerasse as suas linhas chatas e demasiado perpendiculares. Até mesmo o seu interior, espaçoso e confortável, não parecia capaz de despertar grandes emoções: imperava a racionalidade, a funcionalidade dos comandos, a simplicidade das funções e dos mostradores, que lhe valeriam uma aura de fiabilidade e durabilidade que até hoje permanece. 
Como a Série 140, alguns anos antes, os 240 foram também comercializados numa versão mais luxuosa, com um motor de seis cilindros: o 260.
Mais popular ainda seria a versão familiar, a carrinha. O Volvo 245 estabeleceria, também ele, um padrão futuro para as carrinhas do seu segmento, um carro verdadeiramente versátil e espaçoso, simultaneamente divertido de conduzir e confortável, além de, claro está, o mais seguro à época. 

Estabelecer um padrão no que respeita à protecção do ambiente 

Ao mesmo tempo, a Volvo trabalhava intensivamente no controle de emissões.
À beira da obrigação, em alguns mercados, do uso de catalisador para controlo e/ou redução de emissões nocivas de hidrocarbonetos (HC), monóxido de carbono (CO) e óxidos de azoto (NOX), em 1976, o 240 seria o primeiro Volvo a empregar uma nova solução: o sensor de lambda.
Com o objectivo de melhorar a capacidade de limpeza dos gases de escape, através de um controlo mais apurado da mistura de combustível e do ar na fase de injecção, este pequeno e genial acessório era responsável pela redução de mais de 90 por cento do hidrocarboneto prejudicial, do monóxido de carbono e dos níveis de óxido nítrico, gerados no momento da combustão que, de seguida, eram enviados para o catalisador e, daí, para o sistema de escape.
No ano seguinte, o estado americano da Califórnia introduziu níveis máximos de emissão mais rigorosos para estas substâncias, na época as mais rígidas em todo o mundo. Automóveis Volvo utilizando catalisadores de três vias e sensor Lambda conseguiam emissões consideravelmente mais reduzidas do que os níveis exigidos. As emissões de óxidos de azoto eram de tal modo baixos que, como consequência, a Volvo seria premiada pela administração do presidente Carter, devido ao seu esforço e trabalho pioneiro nesta área. 

Nas pistas e como símbolo de uma geração 

O Volvo 240 foi um passo em frente da indústria automóvel em termos de segurança e de cuidado ambiental, mas foi continuamente desenvolvido e actualizado durante a sua existência.
Refinados e revitalizados ao longo dos anos, foram-lhes adicionadas novas soluções técnicas, motores turbo e propulsores a gasóleo. O interior e o design exterior foram também objecto de actualizações e melhoramentos, o mais visível dos quais as alterações dianteiras que modificaram a arquitectura das ópticas.
A reputação de ser um carro chato foi eficientemente apagada quando a Volvo 245 se mostrou um carro rápido em competição e o "tijolo voador" varreu as pistas europeias, dando à Volvo o título de campeã nas provas de Turismo.
Por outro lado, já na fase final da sua carreira, o 240 de cinco portas carro experimentou um renascimento quando se tornou o carro preferido entre muitos “yuppies” europeus. Até mesmo em mercados improváveis como o italiano, onde o 240 Polar, como era chamado, foi o carro escolhido por jovens com carreira e alcançou um quase estatuto de modelo de culto.
A gama 240 era então tratada, dentro da própria marca sueca, como um produto quase independente dentro da empresa, com uma unidade de desenvolvimento distinta embora integrada: o 240-Bolaget.

O culto permanece vivo

Apesar de todo este sucesso, a 5 de Maio de 1993 a sua produção foi descontinuada. Após 19 anos de muito sucesso e 2.862.573 veículos fabricados, dos quais 177.402 eram os luxuosos 260.
Os últimos modelos da série 240 a serem construídas conheceram versões especiais – incluindo uma versão encurtada sem fins comerciais – e o último 245 foi entregue a uma cliente sueca numa cerimónia especial ao lado da última linha de montagem deste modelo.
O seu sucessor imediato seria a série 700.
Ao longo da sua carreira conheceu as seguintes mecânicas: motores a gasolina de 1.784 cc, 1.986 cc, 1.986 cc, 2.127 cc, 2.316 cc, 2.664 cc V6, 2.849 cc V6; a gasóleo, de 1.986 cc e 2.383 cc. Transmissões manuais de 4 velocidades, 4 velocidades manual com “overdrive” automática, 5 velocidades manual e caixas inteiramente automáticas de 3 e 4 velocidades.
Actualmente existem ainda muitos Volvo 240 em circulação nas estradas de todo o mundo e está cada vez mais consolida a sua posição de carro de culto. Além de muitos condutores continuarem a utilizá-lo como carro de todos os dias, cresce o número de clubes de fãs que se dedicam a trabalhar, activamente, na preservação da memória do 240.


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