ENSAIO: Dacia Sandero TCe90 (898 cc/90 cv)
É um facto incontornável (e agradável) que o Sandero seja uma das propostas
mais baratas do mercado, com preços que começam abaixo dos 10 mil euros. A
Dacia nunca escondeu ser a marca “low cost” da Renault, contudo este facto não significa
má qualidade. É verdade que em termos de materiais, qualidade de construção e
até de design não há muito para destacar, mas tem havido uma clara evolução em
qualquer destes campos. Até porque o menor custo destes automóveis também se
deve à circunstância da sua produção beneficiar de uma economia de escala, já
que muitos componentes provêm de séries anteriores do construtor francês. Assim
como toda a mecânica e isso está bem visível quando se abre o capot e o símbolo
que nos surge é o losango francês. Mesmo os motores mais actuais, como é o caso
do pequeno gasolina de 898 cc instalado neste Sandero e que foi estreado na
mais recente geração do Renault Clio.
A mais recente remodelação do utilitário romeno trouxe duas
novidades ao mercado: a estreia em Portugal da versão Stepway (ver AQUI o
ensaio a este modelo com o motor 1.5 DCi) e a disponibilidade do pequeno bloco
de 3 cilindros, com apenas 898 cc, mas capaz de debitar 90 cv graças ao efeito
da acção de um pequeno turbo.
Depois de revisto na versão acima mencionada, chegou a vez
de contactar com a variante mais acessível presente no mercado.
Com preços que vão dos 8.990 euros até aos 12.550 euros
pedidos para a variante Stepway equipada com este motor (acrescidos das
habituais despesas de transporte e legalização), a versão “civil” mais
equilibrada é o nível “Comfort”, disponibilizado por 10.550 euros. Não porque o
equipamento proponha algum item revolucionário, antes porque, pelo menos, é
possível contar, entre outros, com ar condicionado, fecho centralizado das
portas com comando e função de trancamento automático das portas, duplo airbag
frontal e laterais dianteiros, ABS e assistência à travagem de urgência, ASR +
ESP, sistema ISOFIX, faróis de nevoeiro, rádio CD MP3 com conexão Jack, USB e comandos
volante, vidros dianteiros eléctricos (os traseiros são manuais), banco do
condutor regulável em altura, banco traseiro assimétrico… e um conjunto de
outras características que tornam menos espartano o interior do Sandero.
Para mais características de equipamento bem como para
perceber as diferenças entre o Sandero actual e o anterior recomenda-se a
leitura do TEXTO DE APRESENTAÇÃO do modelo.
Utilitário espaçoso
Sem querer repetir muito o que já foi adiantado em textos anteriores,
o Dacia Sandero é um compacto de cinco portas com 4,06 metros de comprimento. Exteriormente
não houve alterações muito profundas na carroçaria, exceptuando o facto de ter
ganho uma frente mais assertiva e de acordo com a nova identidade de marca,
além de uma traseira onde se destaca um grupo óptico mais moderno. Portugal
passou também a conhecer a variante Stepway caracterizada por uma maior altura em
relação ao solo e alguns elementos decorativos que lhe conferem uma aparência
mais aventureira.
Naquilo em que o Sandero mais continua a destacar-se face a
carros de preço e tamanho idênticos é a disponibilidade de espaço interior. Os
bancos traseiros são não apenas espaçosos, beneficiando ainda de bons acessos.
Acompanhando esta tendência está também a capacidade da mala, 320 litros, uma
das maiores da categoria.
O restante interior sofreu alterações que vieram beneficiar
a imagem e a funcionalidade. Há menos primarismo nas linhas e o novo painel de
bordo passa a integrar evoluídos sistemas multimédia e de navegação. Os
comandos dos vidros mantêm a posição central, agora com botões mais discretos.
Pequenos detalhes tornam mais atraente o tablier, como as cercaduras prateadas
em redor dos instrumentos. Houve ainda um acréscimo do número de pequenos espaços,
embora nada de significativo.
No geral a qualidade dos materiais mantém-se. Embora agora a
aparência seja outra, mais cuidada. Do mesmo modo, a insonorização passou a beneficiar
do trabalhar das motorizações, já que, em relação aos ruídos aerodinâmicos, não
sofreu alterações. O sentimento que daqui resulta é que o Sandero é um carro
competente mas despretensioso. Não promete mas também não compromete e nesse
equilíbrio reside a sua mais-valia. É espaçoso e suficientemente confortável
(quiçá os bancos poderiam ser mais firmes), tem um desempenho que dificilmente
entusiasma mas que também não deixa ficar mal quem o conduz. Tudo isto, já se
vê, por um dos preços mais baixos do mercado.
Motor competente
Olhando agora para aquilo que justificou este ensaio, o
desempenho do Sandero equipado com este pequeno motor foi outra agradável
surpresa. Ele já se tinha revelado no Clio (ler AQUI o respectivo ensaio à versão de 5
portas), representando para o Sandero a possibilidade de poupança de mais umas
centenas de euros em impostos face ao anterior bloco 1.2 que equipava as
versões mais acessíveis.
Este motor de 75 cv permanece disponível para a versão
bi-fuel que funciona tanto a gasolina como a GPL.
A condução com este motor permanece segura e previsível,
beneficiando da presença de série do controlo de estabilidade. As reacções são
suficientemente rápidas, ajudadas pelo facto do motor começar a gerar bastante
cedo parte significativa do seu binário. Tudo isto complementado com o
desempenho bem escalonado da caixa de cinco velocidades, permitindo uma
condução descontraída em cidade. Fora dela e para maiores impulsos há que
manter o motor mais próximo das 4000 rpm.
A boa resposta a baixas rotações e as relações de caixa contribuem
para a economia dos consumos, no final do ensaio pouco acima dos seis litros de
média. Não muito diferentes dos registados com o Clio, apesar do Sandero
apresentar menores qualidades aerodinâmicas. Mesmo se, fruto do menor peso, consegue ter acelerações mais vivas do que o Clio com este mesmo motor.
Uma palavra final para autonomia. Acompanhando a tendência
para grandes capacidades, o tanque de combustível com 50 litros de capacidade
garante-lhe muitos quilómetros de estrada.
CARACTERÍSTICAS MAIS IMPORTANTES
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Preço (euros):
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Desde 8990 (*)
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Motores
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898 cc, 3 Cil./12 Valv., 90 cv às 5250
r.p.m., 135 Nm às 2500 rpm, injecção indirecta, turbo com intercooler
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Prestações
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175 km/h, 11,1 seg.
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Consumos (médio/estrada/cidade)
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5,0 / 4,3 / 6,4 litros
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Emissões Poluentes (CO2)
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116 gr/km
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(*) sem despesas administrativas e de transporte
Textos que complementam este trabalho:
- APRESENTAÇÃO: Dacia Sandero e Sandero Stepway (MY 2013)
- ENSAIO: Dacia Sandero Stepway 1.5 dCi 90 cv FAP
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