Em contraciclo com os 27 estados que constituem a União Europeia, as vendas de automóveis ligeiros em Portugal, durante o primeiro semestre de 2013, cresceram timidamente: mais 2,1 por cento face a igual período de 2012, enquanto a nível europeu, durante o mesmo período, se registou uma quebra de 6,6 por cento. O crescimento português pode não representar uma retoma do sector de actividade e resultar apenas de um ano de 2012 realmente mau para as vendas de automóveis em Portugal, conjugado com uma situação temporária de renovação de frotas. Contudo, é um sinal de esperança para todos os agentes deste mercado, fortemente apostados em dinamizar vendas com campanhas realmente agressivas de oferta de equipamento, redução de preços e condições únicas de retoma. Tudo isto para ultrapassar as dificuldades de acesso ao crédito e a falta de condições económicas ou de confiança que continua a existir da parte de muitos potenciais clientes.
Quando se analisa constantemente o lançamento de novos modelos ou a renovação das gamas, a percepção com que se fica é a de que, em termos gerais, as viaturas estão 20 a 30 por cento mais baratas do que há dois ou três anos atrás. Com eventual excepção dos modelos de prestígio com preços mais elevado, o aumento de dotação de equipamento e as diversas campanhas comerciais, com ofertas únicas de retoma por parte de algumas marcas, contribuem para isto aconteça.
Tudo isto apesar do aumento da carga fiscal, parcialmente contornado com os benefícios resultantes dos incentivos ambientais que “premeiam” os modelos menos poluentes.
Face a um ano de 2012 realmente mau para as vendas de viaturas ligeiras de passageiros, o primeiro semestre de 2013 conseguiu um resultado positivo face a idêntico período de 2012. Apesar do crescimento de 2,1 das vendas de ligeiros (passageiros e comerciais) representarem apenas pouco mais de 1250 unidades vendidas, em seis meses, a nível nacional.
Quando se analisa a tabela de vendas de viaturas ligeiras durante esses primeiros seis meses do ano, constata-se a manutenção da Renault como líder invicta tanto entre os ligeiros de passageiros como de comerciais. Foi graças a este último sub-segmento que conseguiu aumentar o número total de vendas face a 2012 (cerca de mais 400 unidades), fazendo variar positivamente as vendas em 5,7 por cento.
Também outra marca do grupo Renault, a Dacia, teve um crescimento de 43,8 por cento das vendas em relação a 2012, embora tal se traduza apenas em mais 224 unidades vendidas. A renovação dos modelos e o lançamento do Dacia Lodgy muito contribuíram para os resultados alcançados.
Se olharmos para outra marca da Aliança Renault-Nissan, esta última obteve também uma variação positiva de 11,3 por cento. Isto significa mais 248 unidades Nissan vendidas face aos primeiros seis meses de 2012.
Somados os valores de venda de viaturas ligeiras destas 3 marcas (Renault, Dacia e Nissan), elas representam cerca de 70 por cento do crescimento do mercado português durante o primeiro semestre de 2013!
Os valores em Portugal tornam-se mais expressivos quando se reduz o período homólogo em análise. Mensalmente, Junho de 2013 representou um crescimento global de 15,7 por cento face a 2012, tendo sido comercializados 14.021 veículos ligeiros.
Segundo explicação da ACAP, “para este comportamento do mercado contribuiu o facto de terem transitado para Junho matrículas cujas liquidações de ISV ocorreram no final de Maio, o que se deveu a uma avaria no sistema informático da Autoridade Tributária e Aduaneira.”
Quanto ao mercado de pesados, tanto de mercadorias como de passageiros, está em queda face a 2012. O que não é bom sinal, uma vez que a vitalidade deste sector costuma prognosticar a actividade económica do País.
Analisando a tabela de vendas de ligeiros de passageiros, continuam-se a verificar-se complicações para algumas marcas: as coreanas Kia e Hyundai conhecem variações negativas acima dos 30 por cento em relação ao mau ano de 2012 e, entre as marcas mais representativas do mercado português, a Ford é a que mais dificuldade encontra em retomar as vendas, com menos 16,2 por cento em comparação com os primeiros seis meses de 2012. Contudo, o mês de Junho de 2013 representou para a Ford um crescimento de mais de 50 por cento face a idêntico mês do ano anterior.
Entre as marcas de prestígio, ditas “premium”, a BMW continua a crescer fortemente no segmento de ligeiros de passageiros. Mas, embora ocupe um surpreendente quarto lugar nesta lista, é ultrapassada pela Mercedes quando analisado o mercado de ligeiros em conjunto com as propostas comerciais, sub-classe onde a marca alemã da estrela tem uma presença consolidada e significativa.
Quanto a outras três marcas com valores de venda acima das 100 unidades, Audi, Volvo e Porsche estabilizaram (no caso da Audi o crescimento foi de apenas 0,6 por cento) ou desceram as vendas face a 2012.
De saudar é ainda o regresso da Mazda a valores positivos, em grande parte alcançados com as vendas dos novos Mazda CX-5 e Mazda6.
A queda de 6,6 por cento no primeiro semestre de 2013 ou de menos 5,6 por cento em Junho de 2013 demonstram o aumento das dificuldades económicas a nível europeu.
Num mercado de 27 países que representam mais de um milhão de unidades mensais, o Reino Unido foi o único mercado importante com crescimento (+ 13,4 por cento), enquanto o mercado espanhol caiu 0,7 por cento, o alemão 4,7 por cento, o italiano 5,5 por cento e o francês 8,4 por cento.
No mês de Junho, o total de vendas nos 27 estados da EU ascendeu a 1.134.042 unidades, ou seja, o nível mais baixo registado desde 1996, segundo refere o comunicado da ACAP.
Nos primeiros seis meses do ano, apenas o Reino Unido, país que não faz parte do Euro, cresceu 10 por cento. Todos os restantes grandes mercados enfrentaram quedas: menos 4,9 por cento em Espanha, menos 8,1 por cento na Alemanha, menos 10,3 por cento em Itália e menos 11,2 por cento em França.
No total, as vendas de veículos ligeiros de passageiros durante este período cifraram-se em 6.204.990 unidades, uma diminuição de 6,6 por cento em relação a 2012.
Produção industrial em Portugal
Apesar da produção automóvel em Portugal não ser muito significativa face à generalidade dos países europeus, ela representa uma quota importante das exportações portuguesas e é também um sector que dinamiza muitas outras empresas responsáveis pelo fabrico de equipamento e acessórios para este segmento da indústria nacional.
Face a 2012, a produção de veículos em Portugal diminuiu 13,1 por cento durante o primeiro semestre de 2013, embora o aumento de 9 por cento durante o mês de Junho possa indicar perspectivas mais animadoras.
Em Junho, Portugal produziu 15.154 veículos automóveis, totalizando 84.260 unidades fabricadas deste o início do ano.
Deste último valor, 59.502 são ligeiros de passageiros e correspondem à produção da AutoEuropa em Palmela, distribuindo-se o restante aos comerciais (ligeiros e pesados) fabricados em Mangualde pelo grupo PSA (Peugeot Parner/Citroen Berlingo), pela Fuso no Tramagal (ex-Mitsubishi, agora divisão de comerciais do grupo Daimler) e pelo Grupo Salvador Caetano que, em Ovar, Aveiro e Vila Nova de Gaia, monta ou fabrica modelos comerciais, minibus e autocarros de turismo ou destinados a aeroportos.
O acréscimo da produção em Junho foi determinado pelo aumento da produção de veículos ligeiros de passageiros (mais 5,2 por cento) e de comerciais ligeiros (mais 21,8 por cento) visto que a produção de veículos comerciais pesados diminuiu 3,8 por cento.
Do total de veículos produzidos em Junho de 2013, 14.891 destinaram-se à exportação, o que representa 98,3 por cento da produção e mais 8,1 por cento do que os veículos exportados no mês homólogo do ano anterior, refere ainda a ACAP.
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