ENSAIO: Mazda6 2.2D Skyactiv Wagon/150 cv

Com uma presença magnética à qual muito poucos deverão conseguir ficar indiferentes (sobretudo quando se apresenta em tons de vermelho), o novo Mazda6 é, esteticamente, um conjunto bem conseguido. A silhueta musculada mas simultaneamente elegante, fluída, inspirada e inspiradora de agradáveis sensações, parece desde logo insinuar todo o prazer de condução que o novo familiar japonês efectivamente oferece. Estabelecido um primeiro contacto com a sedutora versão carrinha (curiosamente mais curta do que o sedan de 4 portas) equipada com o único motor disponível no mercado nacional, o resultado desse ensaio é o que se observa já a seguir.

Ao criar esta nova geração, a marca japonesa pretendeu elevar a fasquia do conforto e da eficiência. Para isso, apostou numa numa estética sedutora e na elevada qualidade do produto. O objectivo é bem claro: equiparar o novo Mazda6 aos tradicionais líderes da classe, modelos que geralmente trazem estampado na chapa o símbolo das chamadas marcas “premium”, na sua maioria de origem alemã.
Os mercados americano e da Europa do Norte são claramente a grande aposta do construtor; só assim se entende a oferta circunscrita a motores a gasolina de 2.0 ou 2.5, bem como o diesel 2.2 (o único vendido em Portugal). Ambos penalizados em mercados onde parte da fiscalidade incide sobre a cilindrada, ao invés dos valores de eficiência energética e de emissão de poluentes.
Apesar disso, há reconhecer o esforço do importador nacional para colocar as duas formas de carroçaria com preços de entrada que começam na casa dos 34 mil euros. Que podem ser de 40 mil euros quando se evolui para o nível de equipamento seguinte (Evolve), dotado ainda de sensores de estacionamento, bancos aquecidos, sistema de navegação, alerta à transposição de faixa de rodagem e outras ajudas à condução, sem esquecer, naturalmente, a pintura metalizada. Portanto, não muito diferente dos praticados na anterior geração.

Desafio superado

Mas esta é a incontornável realidade fiscal portuguesa e, se confrontarmos este modelo com a concorrência equipada com motores de cilindrada idêntica ou aproximada, a perspectiva é bem mais atraente do que quando o fazemos face a motores de menor cilindrada. E mesmo assim…
Regressando à análise do novo Mazda6, a frente com uma entrada de ar bojuda e provocante parece prometer desde logo muita animação. A verdade é que qualquer contacto, mesmo que breve, com a sua condução, é suficiente para confirmar todas as (boas) impressões pressentidas logo no início. Esta nova geração consegue ser ainda mais eficaz do que a anterior (ler AQUI o último ensaio realizado), quer do ponto de vista do prazer que empresta à condução, quer no desempenho dinâmico e até mesmo no conforto.
Grande parte do mérito deve-se a dois factores ou, na linguagem do construtor nipónico, a duas filosofias: Kodo e Skyactive. A primeira respeita ao design do conjunto, realizado em prol da eficiência energética, o segundo a um pacote tecnológico que incide sobre a eficácia mecânica.

Impressões do interior

Disponível em dois tipos de carroçaria – 4 portas e carrinha – a pose atlética comum a ambas não impede um habitáculo amplo e muito bem construído. Quer do ponto de vista da escolha dos materiais, quer na forma e funcionalidade do interior, o novo Mazda6 prolonga no painel de bordo as impressões que o exterior transmite. E não foram precisos grandes rasgos imaginativos para o conseguir, aliás, o tablier é até bastante simétrico e com formas mais conservadoras do que se poderia imaginar. Há até evocação de madeira que é afinal… plástico. Perpassa contudo uma agradável sensação de envolvência, tendo sido conseguida uma postura capaz de satisfazer condutores que também prezam uma imagem de prestígio e elegância.
Com uma posição de condução capaz de se adaptar facilmente a várias estaturas e estilos de condução, a funcionalidade dos comandos e a sua leitura é facilitada pela simplicidade e pela funcionalidade. Os comandos estão á mão e mostram-se intuitivos, a pega do volante é agradável, tal como o é, ao toque, o revestimento suave do tablier.

Espaço e capacidades

Em todo este cenário bem construído há um factor capaz de incomodar aqueles que gostam de dispor de pequenos espaços: a exiguidade da bolsa nas portas, capaz apenas de transportar uma garrafa de litro e meio. E nada mais.
Já a consola central e entre os bancos oferecem-se mais hipóteses, incluindo pequenos espaços fechados, como no interior do apoio de braços, local onde se encontram as entradas auxiliares de som e uma tomada de energia.
E porque se trata de uma versão carrinha, sempre mais familiar e onde a volumetria e a funcionalidade da bagageira contam bastante, há que referir os 522 litros da sua capacidade e a facilidade de acesso através de um portão amplo e com o piso de carga próximo do solo. Se para um carro desta dimensão a mala não é excepcionalmente ampla, importa salientar dois pormenores: para tornar mais prático o acesso, a cobertura da mala acompanha a abertura do portão traseiro e é muito fácil rebater o encosto dos bancos traseiros a partir da zona da mala. Essa manobra aumenta substancialmente a capacidade de carga sobre um piso que se prolonga plano, mesmo com os encostos rebatidos.

Desempenho e eficiência

Facto curioso e inverso ao que é habitual, na nova geração Mazda6 a carrinha é mais curta do que a versão de 4 portas. Mas não será tanto por causa disso, antes pelo equilíbrio de todo o conjunto e por mérito da suspensão, a realidade é que a agilidade deste chassis acompanha bem o andamento que o motor é capaz de imprimir quando tal lhe é imposto.
Como de início se referiu, em Portugal está apenas disponível o bloco diesel de 2,2 litros com 150 cv, apesar de, em alguns mercados, existir também uma versão com 175 cv. Tal como acontece no Mazda CX-5. (ler AQUI o respectivo ensaio)
Este motor é um perfeito exemplo do engenho e da capacidade tecnológica do construtor japonês. Perante o apertar das normas ambientais no que concerne à emissão de algumas substâncias potencialmente cancerígenas, que exigem o uso de dispendiosos sistemas catalisadores para as deter, a Mazda enveredou por desenvolver uma motorização a gasóleo que funciona com baixíssimas taxas de compressão.
Conciliando isso com um sistema de injecção mais eficiente e com colectores de escape especialmente concebidos para garantir temperaturas apropriadas de funcionamento, juntou-lhe um conjunto turbo constituído por duas turbinas, capazes de funcionarem em sequência ou em conjunto, consoante as necessidades de potência e binário.
Como resultado dessa acção sequencial ou conjunta, este motor, além de mais leve, permite uma condução suave, descontraída e sem recurso constante à caixa de velocidades, sendo no entanto capaz de rapidamente se transfigurar para proporcionar uma atitude mais desportiva.
Para ajudar à poupança, a Mazda6 recorre ainda ao sistema start/stop e à tecnologia i-ELOOP (“Intelligent Energy Loop”). É o primeiro a ser equipado com este sistema de travagem regenerador de energia, que converte em electricidade a carga cinética gerada durante a desaceleração e a armazena num condensador.
Esta energia é utilizada para fazer funcionar diversos componentes eléctricos do veículo. (ler mais detalhes no TEXTO DE APRESENTAÇÃO do modelo)
Apesar das preocupações do construtor ser a redução de consumos e emissões, a verdade é que dificilmente obtive médias capazes de me surpreenderem ao longo do ensaio. Mesmo sabendo que se trata de um 2.2, pelo facto de ser mais leve e mais aerodinâmico esperaria melhor do que os 6,4 litros registados no computador de bordo.


DADOS MAIS IMPORTANTES
Preços desde
33.980 euros (Essence) / 36661 euros (Evolve)
Motor
2191 cc, 150 cv/4500 rpm, 380 Nm das 1800 às 2600 rpm, 16 V., common rail, turbo com geometria variável e intercooler
Prestações (velocidade máxima/aceleração)
210 km/h, 9,1 seg. (0/100 km/h)
Consumos (combinado / extra urbano / urbano)
4,4 / 3,8 / 5,5 litros
Emissões Poluentes (CO2)
116 g./km

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