ENSAIO: Mercedes-Benz Classe E Station 250 CDI Station BE

O novo classe E surge da renovação encetada à versão lançada em 2009. Actualizado no exterior, beneficia de motores mais eficientes e de novos equipamentos de ajuda à condução. Talvez porque a abordagem à gama tenha sido feita através do ensaio à versão carrinha, a sensação com que fiquei é que o resultado das alterações estéticas torna a silhueta mais familiar. Apesar do conjunto não ter perdido a pose de estadista. Interiormente existem também algumas diferenças que vieram actualizar e enriquecer visualmente o “E”. Sem alterações permanece a excelente habitabilidade e a fantástica capacidade da bagageira, afinal são praticamente 5 metros de carro… Vamos então saber aquilo com que se pode contar do novo Classe E, sobretudo quando equipado com este fantástico motor de 204 cv.

Alcançado este patamar, um Classe E não é para qualquer tipo de consumidor. Se é verdade que a marca alemã tem “democratizado” a gama com versões mais compactas e acessíveis (entre as marcas “premium” nem sequer é a mais cara), o Classe E destina-se claramente ao circuito executivo ou a particulares com um estatuto, digamos, mais… abonado.
Em primeiro lugar, em Portugal, qualquer das versões disponíveis situa-se acima dos 51 mil euros. Mas se falarmos da “station”, então, o valor de entrada na gama sobe para os 56.500 euros. Portanto, seguramente ao alcance de poucas bolsas portuguesas. Ainda que, meramente por curiosidade, versões equivalentes sejam em Espanha, em média, 10 mil euros mais baratas…

O que alterou por fora e por dentro

Debrucemos-nos sobre as alterações. O redesenho da face dianteira, conjunto óptico, grelha e pára-choques, originou um “E” mais consensual, mais dinâmico e mais moderno. Poderá haver quem tenha apreciado, por mim acho que o sistema de óptica dupla da geração anterior (ler AQUI o texto de ensaio à versão anterior) não era particularmente feliz, embora o conceito se mantenha mas agregado numa só unidade. Além da possibilidade da iluminação poder recorrer a luzes Led, um pormenor curioso é o facto de coexistirem duas grelhas diferentes, consoante a opção quanto ao nível de equipamento.
Lateralmente, a silhueta mais fluída do novo Classe E redundou visualmente num maior apelo emocional.
Sem grandes exageros desportivos, se exceptuarmos as versões AMG. Nas restantes, a existir essa entoação, ela é conferida principalmente por jantes de maior dimensão, montadas em pneus de perfil reduzido.
Revelando a mesma classe e a presença elegante do exterior, a harmonia interior do renovado E não conheceu alterações muito profundas. Pelo menos nos contornos estéticos. Mas a forma dos mostradores principais do painel de bordo é diferente, tal como alguns comandos e o desenho das saídas de ventilação na consola central (que passa a incluir um novo relógio de aspecto bastante clássico), além das funcionalidades presentes num novo volante. Sem esquecer outro pormenor importante e que se saúda com entusiamo: a posição da manete que comanda a velocidade de cruzeiro que, no anterior modelo, vastas vezes era confundida com a que acciona os piscas…
Melhorando a qualidade de alguns materiais ou alterando o padrão dos revestimentos, o Classe E conserva um interior aristocrático, onde a qualidade sobressai de modo subtil e nada arrogante. A cada momento há a noção clara de estarmos a conduzir ou a bordo de um carro capaz de evidenciar uma nobreza mais tradicional (sobretudo quando a opção do comprador incide sobre revestimentos de madeira, por exemplo), mas também uma modernidade intemporal e até subtilmente desportiva, consoante as várias opções de decoração interior.
Outra novidade é a faculdade de se poder optar por combinar uma decoração interior distinta da escolha que é feita para o exterior

Capacidades e funcionalidade

Não podemos falar em problemas de espaço. Afinal estamos perante um carro que roça os 5 metros de comprimento e que proporciona uma mala com 695 litros de capacidade!
Característica é a presença de dois pequenos bancos suplementares, escamoteáveis e que residem na zona da mala.
Uma solução decerto interessante mas que custa 1300 euros e que serve para pouco mais do que uma situação de recurso. Isso devido não só à exiguidade e à sua pouca altura, como ainda ao facto destes assentos se encontrarem em posição contrária ao sentido do carro.
Apesar da generosidade do espaço traseiro, a forma deste assento torna mais cómoda a viagem de dois ocupantes.
Rebatidos os encostos dos bancos traseiros, a vastidão de espaço oferecida dá para instalar um colchão: ao nível do piso o comprimento é de praticamente dois metros e a largura ultrapassa, em alguns casos, o metro e dez.
Pequenas bolsas laterais servem para acondicionar pequenos objectos, há a possibilidade de colocar calhas em alumínio no piso e, por debaixo deste, existem ainda pequenos compartimentos extra.
Dois pormenores para finalizar: portão traseiro com abertura/fecho eléctrico (de série em todas as versões station) e o facto da cobertura da mala acompanhar o movimento da respectiva porta, facilitando desse modo o acesso e acondicionamento da carga na bagageira.

Mais equipamento e maior eficiência

Com muito mais equipamento de ajuda à condução descrito em pormenor no TEXTO DE APRESENTAÇÃO desta nova versão, a gama Classe E a gasóleo começa na versão 200 CDI com 136 cv.
Com o mesmo bloco motor, embora numa versão mais potente com 204 cv (250 CDI), a oportunidade de ensaiar este belíssimo E station permitiu comprovar a suavidade e o conforto do seu andamento. Menos não lhe era exigido. Maior surpresa proveio da eficiência energética da nova geração de motores. Apesar de locomover um conjunto que pesa quase duas toneladas, os consumos em estrada desta versão ficaram abaixo dos seis litros, num circuito misto rondaram os 7,2 litros. Isto apesar (ou por causa da eficácia) da belíssima e suave caixa de velocidades automática com sete velocidades.
Principalmente nesta versão carrinha, o “E” é um carro confortável. Claro que a força e prontidão do motor permitem-lhe andamentos bastante elevados, convém contudo lembrar que este é o típico carro indicado para grandes viagens e longas distâncias… em boas estradas e, de preferência, sem limites de velocidade. O que não é o nosso caso.
Apesar da suavidade com que pisa o alcatrão, o Classe E 4MATIC revela segurança e, principalmente, denota uma enorme rapidez de reacção no caso das condições do piso variarem bruscamente. Por isso, pese embora o tamanho, peso e distância entre eixos, conduz-se sem temores e surpreendente agilidade, revelando um equilíbrio que permite ao condutor antecipar com segurança a resposta do conjunto a desvios de trajectória.
A responsabilidade deste desempenho deve-se ao sistema "4MATIC" permanentemente activo, apoiado pelo programa electrónico de estabilidade ESP® e pelo sistema electrónico de tracção 4ETS.
Este último trava sistematicamente as rodas em patinagem e distribui o binário do motor às rodas com tracção. Isto permite optimizar o arranque e a aceleração em especial sobre mau piso de estrada. O sistema 4MATIC dispensa os convencionais bloqueios dos diferenciais, porque os impulsos de travagem automáticos melhoram o arranque sobre piso escorregadio e aumentam a estabilidade quando existe necessidade de variar bruscamente de direcção. Este sistema está exclusivamente disponível em combinação com a caixa automática 7G-TRONIC.
Mas tudo isto tem um preço: com esta configuração, o Mercedes E 250 CDI 4 MATIC BE não custa menos de 72 mil euros… oito mil euros acima da versão com caixa manual de seis velocidades e ainda mais uns valentes “pozinhos” se quisermos acrescentar algumas ajudas à condução ou outro equipamento que ajudam a tornar este modelo ainda mais atraente e eficaz. Grande parte por culpa do aumento de emissões: enquanto a versão manual apresenta valores que oscilam entre as 139 e as 143 g/km, na versão 4Matic o intervalo é de 174 a 177 g./km.



Dados mais importantes

Preços desde
Station: 63250 euros (E 250 CDI) / 71950 (E 250 CDI 4 MATIC)
Motor
2143 cc, 4 cil/16 V, 204 cv às 4200rpm, 500 Nm das 1600 às 1800 rpm, common rail, turbo, geometria variável, intercooler
Prestações
230 km/h, 8,1 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
6,8 / 5,7 / 8,5 litros
Emissões Poluentes (CO2)
177 gr/km

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