ENSAIO: Hyundai Veloster Turbo 1.6 GDi/186 cv

Ao criar um carro diferente, com trejeitos de desportivo provocante, a Hyundai descurou, no início, um motor à altura daquilo que o exterior prometia. E fez desse 1.6 atmosférico com 140 cv um modelo dedicado aos (bons) consumos e às emissões, não se esquecendo até de lhe acrescentar um sistema “start  & stop”. Para ajudar à festa do ambiente, esticou-lhe mesmo as relações da caixa. O resultado é um conjunto que, embora divertido de olhar, dificilmente consegue oferecer grandes emoções a quem o conduz. Quanto a economia… q.b.! Mas, na forja, estava já em preparação esta versão. E o que ela contém de novo é um turbo, ligado ao mesmo bloco 1.6 a gasolina, e mais uns pozinhos, aqui e ali, para lhe incrementar o desempenho. Graças a isso, o construtor coreano fez (re)nascer o modelo. Dito assim até parece pouco. Mas foi quanto bastou para que o Veloster, acrescido da designação Turbo GDi, conseguisse, finalmente, garantir um desempenho sintonizado com as formas. Que, sem surpresa, ganharam também maior agressividade.

A versão Turbo GDI não substitui a única até agora comercializada, equipada com a variante atmosférica do motor a gasolina de 1591 cc. Ela complementa simplesmente uma gama que passa agora a dispor de dois níveis de potência: 140 e 186 cv.
O problema da primeira (ler AQUI o resultado desse ensaio) é ser incapaz de presentear o condutor com um desempenho à altura daquilo que se espera obter de um carro com características exteriores mais desportivas.
Vamos lá ver então o que é que mudou.

Exterior ainda mais arrojado

O Veloster, a apreciar pelo número de carros que se têm visto a circular nas nossas estradas, não tem granjeado muita popularidade em Portugal. Ao contrário das gerações anteriores de coupés compactos desportivos da Hyundai e em sentido inverso ao que está a acontecer em mercados importantes para a marca coreana, como o da América do Norte.
Já quanto a Portugal, talvez venha a reunir maiores simpatias, agora que o acréscimo de potência desta versão mais “vitaminada” lhe acrescentou um conjunto de alterações exteriores capazes de lhe realçar credenciais mais desportivas: uma maior e mais ousada grelha com formato hexagonal, pára-choques e faróis de nevoeiro dianteiros modificados, saias laterais esculpidas e jantes exclusivas de 18 polegadas.
Quanto à secção traseira, ela ganha uma nova aerodinâmica com aileron, acompanhada de um pára-choques com difusores integrados e por um design arredondado da ponteira do tubo de escape. E se isto distingue ambas as versões, terrivelmente confere ao Veloster Turbo um aspecto mais provocante.

Interior não sofre grandes alterações

Apesar da designação coupé e da estrutura compacta, este carro consegue proporcionar algum espaço interior e uma acessibilidade acrescida pela terceira porta lateral do lado do passeio. A habitabilidade do banco traseiro não é desprezível para adultos e a mala, razoável nos seus 320 litros de capacidade, oferece boa capacidade de arrumação e óptimo acesso.
Interiormente há ainda que contar com um tablier de formas personalizadas e modernas, agradável à vista e funcional o bastante para não nos perdermos numa miríade de comandos.
Permanecem neste aspecto válidas as impressões recolhidas aquando do ensaio da versão atmosférica Veloster GDi. (ler AQUI)
E se quer em termos de acessos, habitabilidade ou design interior muito pouca coisa se alterou (na realidade, à vista, a diferença maior é o facto de receber de série um ecrã multifuncional de 7 polegadas sensível ao toque e os bancos ostentarem a indicação “turbo” estampada no encosto), em matéria de comportamento alguma coisa mudou.

Temperamento mais desportivo

Disponível a partir de 30.940 euros, número que contrasta bem com os 23.700 que custa a versão mais barata do motor de 140 cv (equipado com sistema start/stop e emissões de CO2 fiscalmente mais favoráveis), o novo Veloster Turbo (GDi) conserva, naturalmente, a peculiar característica de só ter três portas laterais: uma do lado do condutor e duas do lado oposto.
Isso implica uma estrutura chassis/carroçaria alvo de inúmeros reforços capazes de manter a sua capacidade de torção, mas fez também com que a Hyundai não enveredasse por uma suspensão demasiado seca e mais orientada para o comportamento.
Assim, embora para receber em segurança este incremento de força, chassis, carroçaria, suspensão e sistema de travagem tenham sido aperfeiçoados (o equipamento pneumático mantém jantes 17 ou 18 e pneus de perfil 40 ou 45), a suspensão conserva brandura suficiente para contrabalançar no conforto, reduzindo, com isso, parte do potencial mais desportivo da versão turbo.
Mas isso não é, convenhamos, uma coisa má. Porque as afinações produzidas sobre esta versão Turbo já a deixaram suficientemente sensível às variações do piso. Afinal, um pequeno preço a pagar para a maior eficácia de um conjunto, corrigindo em parte o temperamento mais brando da suspensão da versão com menor potência.
Mecanicamente ainda, a adição de um turbo de dupla entrada reforçou, de sobremaneira, o estatuto de pequeno desportivo.
Este turbo tem características especiais que estão descritas no TEXTO DE APRESENTAÇÃO do Veloster Turbo (subtítulo: “Motor com turbo de dupla entrada. O que significa ‘Twin-Scroll’?”)
Embora aquilo que melhor caracteriza o seu comportamento seja o elevado binário que disponibiliza – 265 Nm – numa faixa ampla de regime: entre as 1.500 e as 4.500 rpm.
Curiosamente, valores ligeiramente diferentes são os do Veloster Turbo comercializado na América do Norte: 201 cv às 6000 rpm, reduzindo o valor do binário a 195 Nm, disponibilizados entre as 1750 e as 4500 rpm.
Ora se a disponibilidade de binário bem cedo, a baixas rotações, ajuda principalmente os consumos e o controlo de emissões, a verdade é que o temperamento mais rebelde deste motor só se manifesta verdadeiramente acima das 3500/4000 rpm. Pode dispor de transmissão manual ou automática de 6 velocidades. Neste último caso é permitido o controlo sequencial da caixa, através do manípulo ou dos comandos montados no volante.


Dados mais importantes
Preço (euros)
30.940 (1.6 TURBO GDi Style)/ 32.940 (CX Aut.)
Motores
1591 cc, 16 V, 186 cv às 5500 rpm, 265 Nm das 1500 às 4500 rpm, injecção directa, turbo de entrada dupla
Prestações
214 km/h, 8,1 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
6,9 (7,7) / 5,5 (5,9) / 9,3 (10,8) litros (CX Aut.)
Emissões Poluentes (CO2)
157 a 174 gr/km (CX. manual e Automática)

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Textos relacionados com este ensaio:

APRESENTAÇÃO: Hyundai Veloster Turbo (GDi) / 186 cv (2013)
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