Na francesa Citroën coexistem dois tipos de produto: a linha C e a mais exclusiva e refinada gama DS. Ora a condução do novo C4 Picasso deixou a impressão de que a presente geração ficou mais próxima desta última classe de produto. Significa isto que ele se tornou num veículo mais sedutor e tecnologicamente mais evoluído. Mas outra suspeita pairou no ar: a atender pelo que oferece o habitáculo, e olhando para as formas do exterior, a sensação é que se trata de um carro “construído de dentro para fora”. Todos os motivos destas análises são explicados já a seguir.
É fácil resumir, num só parágrafo, o novo Citroen C4 Picasso: na sua categoria é um dos veículos mais agradáveis e fáceis de conduzir, tanto em estrada como em cidade. Do ponto de vista tecnológico, ergonómico e funcional impressiona, pelo menos enquanto toda a panóplia de instrumentos digitais funcionar correctamente. E, em termos de espaço, é seguramente um dos mais amplos e confortáveis. Sobretudo se atendermos ao facto de ter formas exteriores mais compactas do que na anterior geração.
Grande parte de tudo isto deve-o à nova e genial plataforma modular, sobre o qual assenta uma carroçaria capaz de dividir opiniões. Mas o Picasso nunca foi um carro consensual, se calhar fazendo jus à designação.
É esta base, designada EMP2, capaz de aumentar ou de diminuir de tamanho para acomodar segmentos diferentes, ou até de suportar mais do que um amortecedor traseiro e de receber diversos motores, a principal responsável da excelente habitabilidade e funcionalidade do habitáculo. Além de conter elementos móveis que reforçam a dinâmica consoante o modelo que a recebe, o novo berço do Citroen C4 Picasso é responsável ainda pela redução de cerca de 50 por cento dos 140 kg que o novo conjunto pesa a menos, em comparação com o anterior. Com esta diminuição de peso, em conjunto com a de atrito de diversos componentes e um apurado trabalho aerodinâmico da carroçarias, conseguiram-se importantes reduções de consumo e emissões.
Estética característica, pormenores DS
No capítulo da estética, haverá certamente quem a aprove e quem não goste.
É um facto que o novo modelo mantém a tradição de ser diferente entre os veículos da sua categoria. Uma irreverência que faz jus à personalidade da designação, claramente assumida com uma frente extraordinariamente individualista. Mas não só. Esta nova frente é também capaz de lhe conferir prestígio, o tal prestígio que caracteriza a linha DS, grandemente reforçado com a posição e forma das luzes diurnas em Led ou das várias aplicações cromadas em redor das entradas de ar frontais e dos vidros laterais.
À primeira vista esta secção dianteira pode até parecer muito pouco aerodinâmica. Efectivamente é; por detrás da entrada de ar existe um conjunto de palhetas que abrem e fecham consoante as necessidades de arrefecimento do motor, que ajudam a reduzir a resistência do ar.
Em conjunto com o vistoso e exagerado pára-brisas “Vision Drive”, capaz de oferecer uma visão da estrada (e do céu...) sem igual, a boa fluidez do vento está garantida. Apesar de tudo, em velocidades mais elevadas, é capaz de se pressentir alguma turbulência sobre os pilares laterais e na zona do tejadilho.
Capacidades e funcionalidades do habitáculo
Na traseira são as ópticas em Led com efeito 3D que dão um toque expressivo (e impressivo…) a esta secção.
Através de uma porta muito ampla acede-se a uma bagageira bem esquadrada e sem elementos intrusivos, com fundo duplo que pode também servir para guardar o pneu suplente. Se for essa a opção, custa mais 90 euros, ficando a sobrar muito pouco espaço sob o piso.
A plataforma de carga situa-se a cerca de 62 cm do chão, o que ajuda a carregar objectos mais pesados. Numa das laterais da mala presente a lanterna recarregável mas… lembram-se do carrinho para as compras?... Deixou de existir e não aparece sequer na lista de opcionais!
Além da boa qualidade do revestimento da mala, impressão que se estende ao restante habitáculo, algumas versões dispõem de abertura ou fecho eléctrico da porta da bagageira. Na posição mais recuada dos 3 bancos individuais traseiros, a mala do C4 Picasso tem 537 litros de capacidade, que podem ir até aos 640 com todos os bancos desta fila avançados para a frente. O rebatimento do encosto dianteiro do passageiro permite ainda transportar objectos mais longos, com até 2,5 metros de comprimento.
Estão igualmente disponíveis saídas de ar laterais dirigidas aos lugares traseiros. O modelo ensaiado dispunha ainda de serviço de massagens a bordo, ou seja, o encosto dos bancos dianteiros proporcionavam um aliviar da tensão ou fadiga lombar.
O banco do passageiro dianteiro continha ainda um prolongamento que servia para descansar as pernas do ocupante.
Imagens deste equipamento estão NESTE álbum de imagens da viatura ensaiada.
Além dos bons acessos ao habitáculo e da habitabilidade extraordinária, a atmosfera que se respira é nobre mas simplista nas formas. Tudo em prol da inovação tecnológica (novo piscar de olho à linha DS?), porque deve essa simplicidade à quase ausência dos comandos tradicionais. A maioria, como os de climatização ou de som, por exemplo, passaram a ter controlo digital efectuado a partir do ecrã táctil central.
Digital, tecnológico, evoluído e… simples de operar!
Um conjunto vasto de informações integralmente digitais é projectado ou comandado a partir de um de dois vistosos ecrãs. Este interface de condução 100 por centro táctil orienta-se em torno de um ecrã de 7 polegadas e de um outro, panorâmico e de alta definição, de 12 polegadas.
A partir do primeiro, instalado numa posição central do tablier, o condutor ou o passageiro dianteiro podem controlar até sete funções, incluindo as habituais de climatização, navegação e áudio, por exemplo.
O processo é simples, se apreendido previamente: basta pressionar um dos botões laterais (igualmente digital) para, neste ecrã, surgirem os restantes comandos necessários.
Tomemos como exemplo os de climatização: pressionado o botão lateral, no painel surgem os restantes que permitem fazer variar a temperatura ou a velocidade da ventoinha.
Complementarmente, um ecrã panorâmico de 12 polegadas disponibiliza as informações essenciais de condução, como o velocímetro, conta-rotações, capacidade do depósito de combustível, etc.. Igualmente configurável, o condutor pode alterar essas indicações de acordo com os seus desejos. Quer em termos de ambiente gráfico (com o tempo irão sendo criadas aplicações diferentes), ou alternar entre informações de navegação, de áudio ou de auxílio à condução. Por ser personalizável, podem mesmo afixar-se fotos pessoais ou definir um fundo de ecrã. O carregamento de imagens a partir de uma “pen” é feito através da entrada USB.
Na tablet de 7 polegadas é possível aceder ao portal de aplicativos "Citroën Multicity Connect", descarregar e instalar um conjunto de aplicações que permitem encontrar o posto de combustível mais próximo, pesquisar um hotel ou um restaurante, ou até mesmo receber informações meteorológicas.
Multi-funcional em termos de pequenos espaços, o novo Citroen C4 Picasso dispõe ainda de uma caixa instalada na secção central do painel de bordo, dentro da qual existem entradas de som, porta USB e até uma tomada de 220V, para a ligação de aparelhos com consumo até 120 W!
Mais dados sobre o equipamento e acessórios disponibilizados podem ser vistos no texto de apresentação do modelo que se encontra AQUI.
Gama de motores conservadora mas melhorada na eficiência
Menos revolucionário no que toca a motores, a gama não traz para Portugal nada de realmente novo, exceptuando a melhoria da eficiência energética das versões diesel baseadas no bloco 1.6 HDi. Com 90 ou 115 cv, este motor já foi aqui testado e comprovado em muitas unidades do grupo PSA e não só. Podendo dispor de caixa manual ou pilotada de seis velocidades, coube para ensaio a versão mais potente, equipada exactamente com esta forma de transmissão.
Sobre a mecânica pouco há a acrescentar de novo, para além de lhe realçar o equilíbrio do desempenho. O baixo peso do conjunto e a aerodinâmica são factores que contribuem para a redução de consumos e emissões de CO2, em alguns casos abaixo das 100 g/km. O consumo médio da versão 1.6 e-HDi 115 ETG6 ensaiada variou, ao longo do ensaio, entre os 4,9 e os 5,5 litros.
Quanto ao comportamento da nova caixa de velocidades pilotada de seis relações - capaz de melhores prestações segundo indicações do fabricante - a opinião é menos positiva.
Ao olhar para os consumos médios e para o conforto de condução que uma transmissão automática invariavelmente proporciona, nada a apontar. Excepto dois pequenos pormenores: um, que o hábito e mais atenção podem ajudar a contornar, a colocação do manípulo de controlo da caixa automática está situado quase sobre o volante; não raras vezes, em vez dele, accionei o limpa pára-brisas ao arrancar ou ao inverter a marcha do veículo. O segundo, apesar da Citroën declarar que possui uma modulação mais simples dos regimes de passagem em função das solicitações do condutor, a verdade é que continuam a pressentir-se variações de velocidade durante as trocas de velocidade. Ao contrário do que acontece em transmissões automáticas que dispõem de dupla embraiagem.
Por fim, uma das novidades da presente geração capaz de facilitar a vida a muita gente: o sistema " Park Assist", incluído de série nesta versão (1.6 e-HDi/115 cv/ETG6), é capaz de executar três tipos de manobras automáticas: estacionamento lateral paralelo, estacionamento "horizontal" traseiro e saída de parqueamento lateral. Qualquer destas manobras pode ser executada à esquerda ou à direita do sentido da marcha, bastando indicar qual dos lados desejado através da direcção do "pisca-pisca".
Dados mais importantes
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Preços desde
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desde 29.717 euros (1.6HDi 115 ETG6 Seduction)
25617 euros (1.6HDi 90 CVM Attraction)
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Motores
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1560 cc, 115 cv/3600 rpm, 285 Nm das 1750 às 2500 rpm, common rail, turbo com geometria variável
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Prestações
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189 km/h, 11,8 seg.(0/100 km/h)
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Consumos (médio/estrada/cidade)
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4,0 / 3,8 / 4,4 litros
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Emissões Poluentes (CO2)
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105 gr/km
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