ENSAIO: Peugeot Partner Style 1.6 e-HDi

Em Portugal não se fabricam apenas monovolumes, descapotáveis e desportivos. Na fábrica que o grupo PSA detém em Mangualde desde 1962 (inicialmente só Citroën), de onde saiu, por exemplo, o último 2CV, é produzido um modelo líder do seu segmento. Como há algum tempo procurávamos um bom motivo para regressar a esta forma de carroçaria - e a este modelo em particular - a oportunidade surgiu com o lançamento desta versão Style, que inclui algum equipamento extra e que é comercializada com o motor 1.6 e-HDi de 92 e 115 cv.

Vários motivos reuniam-se para o desejo de voltar a um modelo que não sofreu assim tantas alterações desde o último ensaio efectuado em 2009 (ler AQUI o resultado do teste à versão “Outdoor”).
Líder regular de vendas no seu segmento, o Parner Tepee (na Peugeot a designação Tepee distingue a variante de passageiros do furgão de carga) recebeu, em 2012, uma secção dianteira de acordo com a nova imagem de marca e luzes diurnas em led colocadas no pára-choques. Mais importante ainda, ganhou motorizações com tecnologia e-HDi (Stop & Start de última geração), que anunciam economias de até 15 % de combustível em circulação urbana e redução de emissões.
Outra das razões para regressar à Partner é o facto de se tratar de um modelo produzido em Portugal em dois formatos de carroçaria: a de passageiros (com versões que podem ir até aos sete lugares, não comercializada em Portugal) e a comercial, esta última impondo naturalmente como trunfo um vasto espaço de carga, equipando ainda a frota de alguns grandes grupos portugueses, como é o caso da Portugal Telecom.


Versatilidade máxima do interior

Além de tudo isto, há quem veja no conceito uma alternativa válida à estrutura tradicional de um monovolume médio. É que, no caso da Partner, ela alia todas as valências de versatilidade que um espaço interior amplo oferece – boa habitabilidade traseira, espaço de carga amplo e múltiplos pequenos espaços para guardar pequenos objectos -, à capacidade de poder dispor de uma série de acessórios que ampliam essa mesma versatilidade e conferem ao habitáculo uma funcionalidade sem rival.
Um conceito que a marca francesa designou como Ludospace.
Olhemos então mais atentamente para o habitáculo da Partner Tepee.
Espaço para passageiros ou bons acessos é coisa de que não carece. Nos lugares traseiros há que contar com três bancos individuais rebatíveis e amovíveis e, no segmento médio, não há tantos monovolumes com esta função. Além das estradas e saídas facilitadas pelas portas laterais deslizantes.


Altura do habitáculo permite acessórios extra

A altura ao tecto é igualmente soberba, o que permite a colocação de alguns acessórios (caixas com tampa ou redes) junto ao tejadilho, que podem servir para guardar casacos, por exemplo.
Alguns estão descritos no texto do ensaio à Partner Outdoor (ver AQUI) e constam da lista de acessórios.
De resto oferece outras funcionalidades mais comuns, como espaços com tampa sob o piso, tabuleiros que servem os lugares laterais traseiros, uma vasta caixa com tampa entre os lugares dianteiros, espaços na consola central e até um outro, também com tampa, à frente do volante.
Em contraste, o porta-luvas não é de grandes dimensões, tal como as bolsas no forro interior das portas.
Para encerrar o capítulo das funcionalidades, a versão Style ensaiada acrescentava aos três bancos individuais traseiros, escamoteáveis e amovíveis (quando rebatido, o encosto do banco central pode também servir como tabuleiro ou porta copos), o ar condicionado (não consta no nível anterior) e um sistema de som com Bluetooth, além do pack “Weekend”, que inclui espelho interior para vigilância dos lugares traseiros, fecho de segurança automático das portas e dos vidros traseiros, cortinas laterais, espaço de arrumação na consola central e rede junto ao tecto.

Apresentação exterior mais cuidada

Ora se há quem aprecie o conceito, existe também quem considere a sua forma demasiado comercial e pouco atraente. Se no primeiro caso isso se deve, sobretudo, à configuração do volume reservado ao habitáculo, no segundo, a Partner Teppe beneficia, pelo menos, de versões que exteriormente apresentam um estilo bastante radical e aventureiro que lhe confere ares de SUV.
A versão Outdoor é aquela que leva essa ideia ao máximo, não esquecendo sequer uma suspensão sobreelevada. Já o nível Style, como o próprio nome indica, refina a aparência do exterior. Assim, exteriormente há que contar com um pack exterior de estilo que inclui iluminação diurna em led colocada num pára-choques dianteiro pintado na cor da carroçaria, faróis de nevoeiro com aro metalizado, barras no tejadilho, óculo traseiro escurecido com abertura independente e jantes especiais.
Uma das coisas que ressalta deste equipamento, até pelo reforço da versatilidade, é a abertura independente do óculo traseiro, sobretudo quando se leva a bagageira cheia e não se pretende dar nas vistas. Por falar nela, a capacidade de carga varia entre os 675 litros (sob a chapeleira), os 1350 litros (até ao tejadilho) e os 3000 litros, após a remoção dos bancos traseiros.


Atitude em estrada, condução e consumos

Feita a apresentação exterior e interior do modelo e da versão ensaiada, cujos preços são de 24.236 ou de 26.241 euros consoante a potência do motor, é chegada a altura de falar sobre a condução e atitude em estrada.
Por demais conhecido, o comportamento do motor a gasóleo 1.6 e-HDi evidencia-se, principalmente, pela moderação de consumos. Mas também pelo equilíbrio e pouco ruído de funcionamento, factores que contribuem para a boa insonorização e ausência de vibrações no habitáculo. A viatura ensaiada dispunha do motor menos potente, que demonstra, ainda assim, competência suficiente para animar o veículo em estrada, até mesmo com a lotação máxima. No final do teste a média foi de 5,5 litros, um valor bastante bom atendendo à maior resistência ao vento deste formato de carroçaria e não muito distante do anunciado.
É que uma das maiores diferenças entre a carroçaria da Partner Tepee e um monovolume médio é a maior altura entre o piso e o tejadilho. E se isto é garantia de uma boa habitabilidade e de um maior aproveitamento do espaço interior, por outro, torna o conjunto mais sensível aos ventos laterais e faz com que se produzam mais ruídos aerodinâmicos sobre a carroçaria, nomeadamente durante velocidades mais elevadas.
Na verdade, nada de extraordinário ou de preocupante. Com uma posição de condução não apenas confortável como eficaz graças à ampla superfície vidrada frontal e lateral (os extremos da carroçaria requerem apenas alguma atenção durante as manobras), a suspensão da Partner mostrou também uma atitude saudável em termos de conforto e de comportamento. É que o centro de gravidade mais elevado exige um redobrado equilíbrio da plataforma e alguma firmeza das molas, mas tanto a tendência para alargar a trajectória, como a natural sensação de adorno da carroçaria em curva, não se revelaram preocupantes.

Dados mais importantes
Preços desde
24236 euros
Motores
1560 cc, 92 cv/4000 rpm, 230 Nm às 1750 rpm, common rail, turbo com geometria variável
Prestações
165 km/h, 14,2 seg.(0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
4,9 / 4,6 / 5,5 litros
Emissões Poluentes (CO2)
123 gr/km
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