ENSAIO: Nissan Juke Nismo 1.6 DIG-T 200 cv

Há carros que impressionam logo pela espectacularidade daquilo que parecem ou prometem. O Juke Nismo é um deles. Confesso que não sei bem como defini-lo. Na base está um pequeno SUV urbano, com as características e as condicionantes habituais deste género de conceito. Mas por debaixo do capot pulsa um coração muito desportivo. E se 200 cv juntos despertam muita atenção, quando se sabe que esta versão muito especial e desportiva foi desenvolvida directamente pelo departamento de competição da Nissan a curiosidade aumenta. Mas como validar uma mecânica tão rebelde numa estrutura com centro de gravidade mais elevado e curta distância entre eixos? Foi o que tentei perceber.

Por Toutatis, os deuses devem estar loucos como diria Astérix! Colocar 200 irrequietos cavalos debaixo de um carro que não tem propriamente a forma ou as características dinâmicas de um desportivo convencional foi o risco que o construtor japonês assumiu com resultados mais brilhantes no estilo do que na eficácia.
Isso acontece porque o Juke é um carro leve, tem um centro de gravidade um pouco mais elevado e que implica maiores transferências de massa e, embora ofereça pouca resistência frontal ao vento, lateralmente não acontece o mesmo. Tudo razões para que, apesar dos 200 cv entregues por este motor sobrealimentado 1.6 a gasolina serem válidos em recta, mais difícil se tornar apreciá-los em estradas mais sinuosas.

Lá andar rápido ele é…

Obviamente que para garantir não apenas melhor tracção como um comportamento dinâmico mais seguro, a suspensão é mais firme do que qualquer dos restantes pares da gama. Só que isso não parece suficiente para assegurar um desempenho à altura das prestações que o motor promete. E se a falta de suporte lateral em curva reduz a confiança de quem o conduz, fazendo com que haja tendência para desacelerar mais cedo, num andamento mais rápido qualquer movimento mais brusco do acelerador - ou, por instinto, de travagem - faz derivar o conjunto. E nem a pronta acção do controlo de estabilidade a corrigir esta atitude é suficiente para diminuir grande parte da inspiração e do prazer da sua condução.
Embora, claro, as prestações anunciadas sejam de respeito: 215 km/h de velocidade máxima e uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 7,8 segundos não desiludem. Se bem que a entrega de potência deste motor seja progressiva e não brusca, o que só ajuda a tornar a condução do Juke Nismo surpreendentemente fácil em ambiente urbano.

O que tem de diferente

Sendo este motor basicamente o mesmo do Renault Clio RS ou o utilizado pela versão de 190 cv do Juke, a versão Nismo reduz a altura ao solo, acrescenta uma suspensão mais rija e uns belíssimos travões, idênticos aos da versão de 190 cv, para travar pneus mais largos e de maior diâmetro (225/45 R18).
Exteriormente tem um pára-choques diferente, cavas das rodas mais largas, spoiler traseiro e molduras nas partes inferiores laterais. Segundo a Nissan, estas mudanças não são apenas de aparência, servem também para melhorar o “downforce” em velocidades mais elevadas.

Regressando à condução

Mas lá que a condução do Juke Nismo pode resultar em muito gozo e diversão… lá isso é verdade!
O prazer começa desde logo com a sua presença exterior agressiva mas atraente e prolonga-se pelo interior de um habitáculo vincadamente com aparência desportiva.
Estabelecidos acordos de compromisso entre o comportamento rebelde do conjunto e os limites de condução de quem lhe toma o volante nas mãos, o Juke Nismo acaba se mostrar tranquilo em ambiente urbano, graças à evolução linear da aceleração e ao reforço e chegada mais cedo de binário.
A favor desta facilidade, a boa sincronização do manípulo da caixa – curto como convém – e uma direcção bastante informativa. As dimensões compactas ajudam nas manobras e, se a superfície vidrada por vezes não ajuda em certas acções, pode-se contar com os préstimos da câmara de visão traseira (de série) ou dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros que pertencem à lista de extras.
Não se tornando desconfortável em boas estradas por causa da maior firmeza da suspensão (mas perde quase tudo o que tinha de SUV com a redução da altura, com a suspensão mais rija e a tracção da versão ensaiada era apenas dianteira), o Juke Nismo proporciona um posto de condução facilmente adaptável a diversos tipos e estruturas de condutor.
Talvez a forma "escavada" dos assentos possa resultar incómoda para corpos mais avantajados é, no entanto, um dos aspectos que destaco de mais positivo: os apoios laterais firmes e o revestimento em camurça dos estofos fixam bem o corpo em curva, impedindo que este escorregue e contribuindo para atenuar as forças de gravidade.

A origem da espécie

Estofos, iluminação, pormenores da instrumentação e diversas aplicações vermelhas ou com a palavra “Nismo” (na soleira das portas e nos estofos, por exemplo) lembram a proveniência da versão e distinguem-no da restante gama Juke. É que “Nismo”, acrónimo de Nissan Motorsport, é utilizado para designar versões especiais e mais desportivas de modelos da Nissan.
Por fim o preço. Menos de 29 mil euros até não se podem considerar excessivos para um modelo tão exclusivo e que encerra características tão especiais. Além, claro está, do equipamento que é acrescentado à versão. Embora, neste caso, haja que baste para adicionar ao preço final, a começar pela pintura exterior unicamente em branco pérola ou negro metálico (415 euros) ou por um dos muitos acessórios dinâmicos ou embelezadores criados especificamente para este Juke.
No entanto, de série conta com o sistema Nissan Connect 2.0 controlado a partir de um ecrã táctil com 5,8 polegadas. Trata-se da versão mais recente que inclui o software de navegação “Send to Car” do Google, o qual permite transferir directamente para o automóvel rotas planeadas em casa e integra diversas outras funcionalidades úteis.
Dados e características mecânicas e de equipamento estão no TEXTO DE APRESENTAÇÃO desta versão que se encontra AQUI.


Dados mais importantes
Preços desde
28.915 euros (sem despesas)
Motor
1618 cc, 16 V, 200 cv às 6000 rpm, 250 Nm às 2400 às 4800 rpm, turbo, injecção alta pressão sequencial
Prestações
 215 km/h, 7,8 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
6,9 / 5,6 / 9,1 litros
Emissões Poluentes (CO2)
159 gr/km

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