ENSAIO: Peugeot 308 1.6 HDi 92 e 1.6 e-HDi 115 (MY 2013)
Inserido num segmento bastante competitivo em termos europeus, o novo Peugeot 308 assume uma dimensão importante para a viabilidade futura do grupo PSA. Daí o cuidado colocado na concepção deste novo produto, e isso é notório não apenas na qualidade dos materiais e de construção, mas também em matéria de desempenho e de eficiência energética. Porque as duas versões testadas só diferem no motor, em algum equipamento e, naturalmente, no preço, estão concentradas num único texto as impressões recolhidas durante o ensaio a ambas. No essencial mais leve e compacto do que na geração anterior, o novo 308 acabou por crescer alguma coisa em espaço interior. Disponibilizando mais ajudas à condução, consegue descer nos consumos e nas emissões. Enfim, é caso para dizer, mais pequeno mas com mais valor!
A redução de peso, como forma de aumentar a sua eficiência energética, foi uma preocupação tida durante o desenvolvimento do novo familiar médio da marca do leão.
Para isso, além de utilizar a nova plataforma modular designada "EMP2", igualmente base no novo Citroën C4 Picasso, cada parte e cada peça do carro foi optimizada com esse objectivo. Daí que os guarda-lamas dianteiros e o capot sejam em alumínio, enquanto a porta traseira foi trabalhada num material compósito denominado termoplástico.
Além desta nova plataforma permitir gerir melhor a colocação dos elementos mecânicos e, com isso, libertar espaço para a habitabilidade, os benefícios do seu uso incidem também sobre o desempenho. Aliado a uma significativa redução dos habituais atritos de rolamento, tudo isto concorre para que a nova geração do carro francês consiga ser mais rápida e, ainda assim, mais eficiente em matéria de consumos.
Desempenho soberbo
O resultado é um carro muito agradável de dirigir e com presença, capaz de responder com rapidez e precisão às ordens do volante.
A suspensão equilibrada, nem demasiado rija, nem demasiado macia, absorve bem as irregularidades da estrada e controla correctamente o conjunto em curva ou durante uma travagem de emergência.
A cooperar com este bom desempenho está a atitude do conjunto motor/transmissão.
Aqui distinguem-se, mas não muito, as versões testadas. A principal diferença está na transmissão, a menos potente com caixa de 5 velocidades, o motor 1.6 e-HDi 115 com transmissão de 6 velocidades.
Sendo ambos os motores rápidos a reagir, mas também suficientemente elásticos durante uma condução mais tranquila, esta atitude comum a ambas as motorizações (no essencial a mesma) só se torna possível devido à correcta desmultiplicação das duas caixas de velocidades.
Em termos concretos, a caixa de seis velocidades e a existência de um turbo com geometria variável vão permitir à versão mais potente maior velocidade máxima (graças à sexta velocidade, os dados oficiais indicam um aumento de pouco mais de 10 km/h) e melhor valor de aceleração (mais uma vez a caixa a interferir, mas também o acréscimo do binário fazem ganhar menos de 1 segundo na típica aceleração dos 0 aos 100 km/h).
Como resultado prático destas diferenças, pressentem-se alguma coisa no desempenho em condução urbana, principalmente nas fases de arranque em percursos inclinados. Mas a verdade é que elas nunca pareceram significativas ao ponto de poder incomodar uma condução descontraída e mais familiar. Já em estrada, principalmente nas recuperações após ultrapassagens, o ligeiro acréscimo do binário (+ 40 Nm) e, mais uma vez, o número de relações da caixa, jogam a favor da versão mais potente.
Posto isto, é caso para fazer as contas: com um diferencial de preço de apenas 1100 euros entre as versões com 92 ou 115 cv, no segundo caso ganha um modelo com provável melhor valor de retoma e caixa de seis relações.
Sendo que, às duas versões, é também comum a excelente insonorização do habitáculo; quer em relação ao motor, quer no que se refere aos habituais ruídos gerados durante o andamento.
Após os ensaios ambas as versões registavam sensivelmente o mesmo valor de consumo médio: 4,4 litros no 308 mais potente, 4,6 litros do motor HDi92, provavelmente derivado ao facto de não dispor de sistema start/stop como o acontece com a versão HDi115. Valores que representam outra surpresa realmente muito agradável.
Funcionalidade “limpa” de comandos visíveis
No habitáculo são empregues soluções introduzidas no 208 e no 2008: a forma e colocação da instrumentação sobre o tablier (velocímetro, conta-rotações, etc), a estrutura mais pequena, mais fina e ligeiramente achatada na parte inferior do volante, e a maioria dos comandos (de climatização, som, navegação e diversas outras funções) manipulados a partir de uma tela de ecrã, que substitui a generalidade dos botões presentes numa consola tradicional. Embora com um detalhe curioso e muito pessoal: as agulhas do velocímetro e do conta-rotações giram em sentidos opostos!
Sobre a assistência da direcção há que dizer que, depois de uma menos boa impressão inicial quanto à sua elevada ligeireza (para a qual muito contribuem também os pneus de reduzido atrito), ela acaba por adquirir um "peso" mais conveniente e seguro em função da velocidade.
Referência para o equipamento introduzido de forma a tornar a sua condução mais confortável e segura. Entre os novos itens de assistência conta-se o "Driver Assistance Pack", disponível em opção, que integra três dispositivos: "Cruise Control Activo", "Alerta de Risco de Colisão" e "Travagem Automática de Urgência".
De série ou em opção, há ainda sistema de vigilância de ângulo morto, travão de estacionamento eléctrico, ajuda ao arranque em declive, câmara de visão traseira, acesso e arranque mãos livres e sistema de assistência ao estacionamento.
Mais detalhes de equipamento encontram-se no TEXTO DE APRESENTAÇÃO deste modelo disponível AQUI.
Qualidade interior e índices de habitabilidade
Evoluindo claramente nos materiais empregues e nos acabamentos, uma evidência desse facto observa-se no revestimento cuidado da mala e na aparente maior solidez do piso, sob o qual se aloja uma roda de emergência.
Tal como acontece com o restante habitáculo, a nova plataforma veio permitir um aumento da capacidade da bagageira, apesar das dimensões mais reduzidas da actual geração ter. A volumetria passa a ser de 398 litros, mais 50 do que o 308 que substitui.
Já quanto à restante habitabilidade do interior, ela não é muito diferente do modelo anterior, porque além de uma plataforma mais versátil ter permitido uma melhor arrumação dos órgãos mecânicos, ocorreu um rebaixamento da posição de todos os bancos.
Na média da categoria no que se refere à habitabilidade do assento traseiro, o espaço para as pernas dos seus ocupantes está naturalmente condicionado com as necessidades de avanço ou recuo dos bancos dianteiros.
Conclusões e notas finais
Extraordinariamente agradável de conduzir e muito saudável do ponto de vista dinâmico, o novo Peugeot 308 assume-se claramente como uma das propostas mais interessantes da sua classe.
Por enquanto, a única forma de carroçaria disponibilizada é a de 5 portas, mantendo-se em comercialização as versões carrinha e o descapotável (CC) da geração anterior. Por esta ordem deverão surgir, a partir de 2014, as mesmas variantes respeitantes ao novo modelo. Desconhece-se quando chegará - ou se chegará - a carroçaria de 3 portas.
A gasolina, a proposta passa pelo motor 1.2 VTi de 82 cv por 20.390 euros, associado a uma caixa manual de 5 velocidades.
Além de se revelar um conjunto muito bem insonorizado, o baixo peso de toda a estrutura, aliado à redução de atrito e ao uso de pneus Michelin Energy de baixa resistência ao rolamento, contribuem para fazer do novo 308 um carro rápido em todas as versões, mas também muito económico.
A eficiência energética dos conjuntos testados assegura emissões de CO2 homologadas, em média, de apenas 95 g/Km para os dois valores de potência em análise, com variações em função do tipo de pneu utilizado.
Recentemente conquistou a nota máxima dos testes de colisão da Euro NCAP, com pontuações individuais de 5 estrelas em 4 categorias: protecção de adultos, crianças, peões e sistemas de assistência.
Dados
mais importantes
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1.6 HDi 92
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1.6 e-HDi 115 (*)
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Preços
desde
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23.100 a
26.400 euros
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24.200 a
27.500 euros
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Motores
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1560 cc
92 cv às 4000 rpm
230 Nm às 1750 rpm
common rail, turbo intercooler
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1560 cc
115 cv às 4000 rpm
270 Nm às 1750 rpm
common rail, turbo com geometria variável, intercooler
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Prestações
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183
km/h
11,3 a
12,8 seg.(0/100 km/h)
|
196
km/h
10,2 a
10,9 seg.(0/100 km/h)
|
Consumos:
médio
- extra-urbano
- urbano
|
3,6 a
3,8
3,3 a
3,4
4,3 a
4,5 litros
|
3,7 a 3,8
3,3 a
3,5
4,2 a
4,4 litros
|
Emissões
Poluentes (CO2)
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93 a 99
gr/km
|
95 a
100 gr/km
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(*) Com sistema start/stop
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