ENSAIO: Mercedes-Benz GLA 200 CDI (MY 2014)

É uma forma mais radical do “classe A”. Como outros do seu género, o GLA nasceu por questão de estilo. Há quem lhes chame “SUV” ou “Crossover”. Designações que, afinal, servem apenas para classificar modelos com aparência de possuírem qualidades para condução off-road mas que, na realidade, não a têm. É o caso do GLA. A pouca altura do conjunto (definitivamente "Classe 1" nas portagens nacionais) e a configuração do interior aproximam-no mais de um familiar do que, efectivamente, de um SUV clássico. Por enquanto, a versão mais acessível é esta. Tem preços a partir de 41 mil euros. Vamos conhecê-la.

Baseado na plataforma da classe A, concorrência não lhe falta. A começar pelo imbatível Qashqai, embora o GLA, pelos pergaminhos de qualidade e imagem da marca alemã, queira jogar noutro patamar.
Pelo menos até chegar o GLA 180, equipado com o motor 1.5 dCi igual ao que existe nas classes A e B da Mercedes. O preço mais acessível dessa versão justifica outra disputa de mercado.
O construtor alemão classifica-o como um SUV compacto. Na verdade, a configuração exterior e a disposição do interior aproximam o GLA das sensações de um familiar.
Mesmo a versão 4x4 220 CDI 4MATIC, existente na gama, não apresenta grande altura ao solo. Pelo que a vantagem da tracção integral desse modelo só se fará sentir sobre piso (plano) escorregadio (neve, gelo, lama) do que em piso (irregular) fora de estrada ou na transposição de obstáculos.
Mais características técnicas desta versão estão no TEXTO DE APRESENTAÇÃO do modelo.

Habitáculo pouco amplo

Além de não se notarem diferenças significativas nos acessos ou na postura de condução, o espaço a bordo não difere assim tanto se comparado com o Mercedes-Benz Classe A de 5 portas.
Na realidade, o GLA é bastante compacto, pelo que a habitabilidade do banco traseiro só sai favorecida com alguma altura a mais que existe entre o assento e o tejadilho.
Sendo que esta pode variar um pouco em função da presença (ou não) do tejadilho panorâmico.
Em relação à carroçaria de 5 portas do Mercedes-Benz A, a capacidade da mala ganhou sensivelmente 80 litros. Passa a reivindicar 421 litros e, uma vez que não existe pneu suplente debaixo do piso, esse espaço é parcialmente ocupado por uma caixa plástica dobrável. Após montada, esta caixa pode ser utilizada, por exemplo, para acondicionar melhor os sacos das compras ou outros pequenos objectos na zona da bagageira.
Não existir pneu suplente num carro apresentado com algumas qualidades fora de estrada é aborrecido. Ele nem sequer aparece na lista de opcionais. Para contornar essa contrariedade, é possível optar por montar 4 pneus com tela lateral reforçada MOExtended (mais 250 euros), que permitem circular alguns quilómetros com ele vazio a baixa velocidade.

Condução muito confortável

A posição de condução é confortável. E bastante acessível porque facilmente adaptável a diversos tipos de constituição de corpo e de postura ao volante.
Tudo características que contribuem para aumentar o agrado que proporciona a condução do GLA.
Acrescentemos ainda uma boa visibilidade para o exterior.
Interiormente, o pormenor mais saliente (na verdadeira acecção do termo) é o painel central que sobressai do tablier. A opinião permanece igual à emitida em relação a mais modelos que recorrem a este sistema (A, CLA, B e, mais recentemente, o novo C): esteticamente não é elegante, mas sofre menos reflexos com o efeito da acção solar. Ao integrá-la nesta posição, a intenção da Mercedes foi facilitar a leitura das informações que transmite, sem obrigar o condutor a desviar os olhos da estrada.
Há um comando localizado na consola entre os bancos, destinado a controlar e aceder às diversas funções deste painel digital. Uma habituação rápida permite operá-lo facilmente, até mesmo durante a condução.
Mais factores contribuem para o conforto a bordo. Em primeiro lugar, "é um Mercedes". Isto significa que houve bastante cuidado na sua concepção e dedicada atenção aos pormenores. O resultado é um habitáculo bem insonorizado e o motor 200 CDI não é propriamente silencioso...

Suspensão anula efeito desportivo

Apesar do centro de gravidade baixo e de tudo quanto o seu estilo exterior parece prometer, o modelo ensaiado não se revela um conjunto particularmente desportivo.
E apesar de classificado como SUV, os acessos e a posição de condução equivalem-se aos de uma viatura de turismo. Porque o respectivo banco não fica a uma altura muito elevada, o modo como ficamos sentados ao volante faz esquecer rapidamente a condição um pouco mais elevada do conjunto.
A configuração envolvente dos bancos ajuda a absorver convenientemente qualquer sensação de inclinação lateral do conjunto.
Para isso conta com uma suspensão “Conforto” de série, bem equilibrada entre as exigências de segurança dinâmica e a habilidade para absorver as irregularidades da estrada. Embora a suspensão não seja sujeita a grande esforço, uma vez que o GLA tem uma plataforma próxima do solo e uma altura total baixa para um SUV.
Opcionalmente é possível uma suspensão mais desportiva (a partir de 1250 euros), por isso obrigar a alterações no tipo de direcção, jante (que são de ferro na versão “base”) e pneu.
Quem desejar uma atitude mais dinâmica pode ainda contar com o pacote AMG.
Para reforçar a opinião favorável anteriormente emitida em relação à condução do Mercedes GLA, a versão ensaiada ampliava essa sensação de agrado com um desempenho em estrada que comunica bem com o condutor. O conjunto mostra-se, ainda, previsível e seguro quando provocado. Para isso, conta com uma direcção bastante informativa e razoável capacidade de manobra.

Peso do conjunto não ajuda a dinâmica

Até à chegada de uma versão 180 CDI (com motor 1,5 a gasóleo de origem Renault), o “diesel” mais acessível é este 200 CDI. Baseado no bloco de 2143 cc, debita uns pouco expressivos 136 cv e mostra natural vocação familiar.
Essa postura assumida por esta versão torna o GLA 200 CDI um carro bastante suave e confortável.
A maior capacidade para absorver as irregularidades da estrada acaba por penalizar em parte o desempenho em curva, apenas porque se nota alguma falta de agilidade durante trajectos repetidamente sinuosos.
Apesar do centro de gravidade baixo, o GLA 200 CDI também não se torna num conjunto desportivo. Antes de mais, é um modelo muito agradável de conduzir, com bom tacto e reacções previsíveis, com uma direcção bastante informativa e razoável capacidade de manobra.
Mas não sendo também um carro propriamente leve – esta versão pesa, em vazio, tonelada e meia -, a desmultiplicação assertiva da caixa de velocidades acaba por consentir boas prestações.
Tudo isso sem grande prejuízo dos consumos e emissões. A média anunciada é de 4,3 litros e as emissões de 114 g/km, embora seja mais razoável falar de um consumo médio (real) entre os seis e os sete litros.

Dados mais importantes
Preços desde
40 350 euros
Motor
2143 cc, 4 cil/16 V, 136 cv das 3400 às 4000 rpm, 300 Nm das 1400 às 3000 rpm, common rail, turbo, geometria variável, intercooler
Prestações
205 km/h, 10 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
4,3 a 4,5 / 3,7 a 3.9 / 5,4 a 5,5 litros
Emissões Poluentes (CO2)
114 a 119 gr/km
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