Parece-me que ainda não é desta que a Renault consegue ultrapassar o sucesso do primeiro Twingo. É verdade que o novo é competente nos propósitos e, ainda assim, mais original e peculiar do que o anterior. E se na terceira geração perdeu habitabilidade, ganhou em contrapartida uma condução mais fácil, graças a um tremendo poder de manobra. Se é irreverente? Talvez. Mas fica longe do original.
Lançado em 1993, o Twingo foi inovador. Detestado por uns, amado por outros, a forma original da primeira geração era a razão principal de um espaço interior invejável. A isto acrescentava um banco traseiro modular, para aumentar ou reduzir a capacidade da mala, e o rebatimento total de todos os encostos, de praticamente criava uma cama no habitáculo.
Mas se o Twingo original (o link remete para a história do modelo) está a um pequeno passo de se tornar num carro de culto, o mesmo não se pode dizer da segunda geração que, por mais virtudes de conforto, eficiência ou qualidade, nunca conseguiu despertar a mesma paixão. Nem mesmo com o desportivo Gordini ou RS.
Desenvolvido em conjunto com a Daimler (o novo Twingo é “primo” do novo smart forfour), a terceira geração prometia devolver alguma da irreverência original do modelo. O resultado final consegue até ser, a meu ver, visualmente mais equilibrado do que o do Smart. Mas a única coisa que acaba por ressaltar como novidade, é o conceito do “tudo atrás”. Ou seja, motor e tracção traseiros.
Encontro de vontades
Li algures que a Renault há muito queria ter um modelo com motor e tracção atrás. Não sei se é verdade ou se essa vontade seria para o segmento do Twingo. O que é seguro é que a Daimler procurava uma fórmula para desenvolver uma nova geração Smart, com custos mais baixos, para tentar que finalmente a marca apresentasse resultados precisos.
Daí que a união entre construtores e vontades tenha resultado natural. Até porque os franceses já fabricam para a Mercedes-Benz um carro – o comercial Citan – motores para as Classes A, B e C do construtor alemão.
Coube a estes o desenvolvimento da base. O fabricante francês ficou encarregue pela parte mecânica, incluindo os motores a gasolina. Até porque eles já existiam.
O desafio estava em seguir o conceito original da Smart: tudo atrás. Desafio, porque isso significou refazer este motor em concreto (Tce 90), para que ele pudesse funcionar inclinado a 49º, sem problemas de distribuição da lubrificação, porque isso traria resultados desastrosos também para o arrefecimento.
Vantagens de tudo atrás
Muitos pequenos citadinos do século XX utilizaram esta solução até à criação do Mini original (o link remete para a história deste modelo). Por isso, para os mais atentos, há pouco de novo nesta ideia. Mas aquilo que o Twingo tem de diferente, é conseguir colocar o pequeno motor do Renault Clio (link do ensaio) praticamente acoplado ao eixo traseiro.
A inclinação do motor deveu-se ainda a dois factores essenciais: permitir a existência de uma pequena mala e, sobretudo, garantir a segurança dos ocupantes em caso de embate traseiro. Em parte por causa disso, o novo Twingo é ligeiramente mais alto do que o anterior.
Há vantagens nesta solução. Há. Duas estão mais abaixo, mas outra, mais simples, tem a ver com a distribuição de pesos. É que, geralmente, os carros citadinos transportam apenas um ou dois ocupantes, naturalmente sentados à frente.
Espaço interior
A nova geração é 1 cm mais curta do que a anterior. Mas a frente curta e a colocação das rodas nas extremidades do chassis, permitiu à distância entre os eixos crescer 12 cm. Isto permite-lhe oferecer quatro lugares aceitáveis (atrás naturalmente mais condicionados, não apenas no espaço para as pernas mas também em altura) e vários pequenos espaços distribuídos pelo habitáculo. No total, mais 50 litros: debaixo dos bancos traseiros, nas portas, no porta-luvas ou com a ajuda de uma pequena caixa extra, que se encaixa na consola central.
Isto complementa uma bagageira escassa. Tem pouco mais de 200 litros de capacidade, uma plataforma elevada sobre a tampa de acesso ao motor, a que se acede através de uma porta traseira em vidro suspensa por dobradiças superiores.
Por causa desta colocação do motor, não se verificam grandes problemas de aquecimento para o habitáculo. Ou pelo menos não os notei, mas a verdade é que o testei durante dias de inverno bastante frios.
Os encostos dos bancos traseiros podem ser dobrados em duas metades, o que prolonga o piso plano da mala. O mesmo pode ser feito ao encosto do banco do passageiro da frente.
Outros detalhes: os vidros traseiros têm abertura em compasso, os bancos dianteiros com apoios de cabeça integrados permitem ganhar espaço e estão existem duas opções multimédia: um rádio ao qual pode ligar-se um smartphone e replicá-lo através de um aplicativo disponível para sistemas Android e iOS (após o qual, a partir de um telemóvel ou de uma tablet é possível ter navegador, computador de bordo e acesso a estações de rádio de internet) ou o conhecido sistema R-Link, com ecrã táctil e cãmara de estacionamento traseira.
Mais informações sobre este e outro equipamento, bem como características estão no Texto de Apresentação do Renault Twingo (MY 2015)
Outros detalhes: os vidros traseiros têm abertura em compasso, os bancos dianteiros com apoios de cabeça integrados permitem ganhar espaço e estão existem duas opções multimédia: um rádio ao qual pode ligar-se um smartphone e replicá-lo através de um aplicativo disponível para sistemas Android e iOS (após o qual, a partir de um telemóvel ou de uma tablet é possível ter navegador, computador de bordo e acesso a estações de rádio de internet) ou o conhecido sistema R-Link, com ecrã táctil e cãmara de estacionamento traseira.
Mais informações sobre este e outro equipamento, bem como características estão no Texto de Apresentação do Renault Twingo (MY 2015)
Manobra em cidade
O aumento do poder de manobra acaba por ser a grande vantagem da colocação do motor atrás. A ausência de motor à frente liberta espaço para uma maior brecagem das rodas, sendo que o diâmetro de viragem de 8,65 metros é equivalente ao do pequeno smart de dois lugares!
Para ajudar o trabalho da direcção, os pneus dianteiros têm uma dimensão menor que os traseiros. Na dianteira 185/50 R16, atrás 205/45 R16. Mais largos, estes últimos têm que garantir tracção de motor e contribuir para o comportamento, como acontece no Smart.
Por falar em fortwo, a forma de abertura da tampa dianteira – capot - é em tudo semelhante. Retiram-se duas coberturas frontais na grelha e deslocam-se os manípulos laterais, um dos quais com chave. A tampa, em fibra, desliza e não é possível retirá-la sem lhe desprender duas correias fixas à estrutura do carro. A abertura é suficiente para chegar à bateria e aos depósitos do líquido limpa-pára-brisas e do sistema de refrigeração.
Habitáculo e conforto
O primeiro é assegurado com uma suspensão macia, típica de um citadino, enquanto a maior distância entre eixos acaba por ajudar à extraordinária estabilidade que o Twingo mostra em estrada.
A isto acrescente-se um motor ágil a baixas rotações, regime ideal para a condução em cidade e, insista-se, uma soberba capacidade de manobra. E temos um carro desenhado para a cidade.
Mas seja por causa do escalonamento da caixa, do atrofiamento do motor no seu pequeno espaço ou por causa de um controlo de estabilidade bastante ativo (porque tem que o ser, afinal a tracção traseira pode trazer algumas surpresas aos mais incautos, sobretudo se o piso estiver escorregadio), o Twingo de terceira geração está longe de ser um pequeno desportivo.
Mesmo a versão “Sport”, com motor de apenas 898cc mas que reivindica atingir os 90 cv com a ajuda do turbo.
A média de consumos varia muito. É possível obter bons valores em cidade, entre os 6 e os 7 litros, dependendo do tráfego e também muito da utilização do modo "ECO" que limita bastante o ímpeto da aceleração. O facto do carro ser leve, ter uma caixa de 5 velocidades bem escalonada e contar com start/stop (desligável) ajuda bastante.
A média em estrada pode oscilar ainda mais. Conduzido de forma tranquila, o Twingo revela-se bastante económico. Se pelo contrário se quiser tirar partido da sua agilidade, então naturalmente os valores elevam-se significativamente.
O Twingo “normal”
Mais económico e suficiente para as voltas urbanas, a versão “aspirada” de 999 cc e 70 cv apresenta menos binário. No entanto, ele está disponível mais cedo.
Além de um consumo médio e de emissões mais reduzidas, esta versão é igualmente a mais acessível.
Está disponível por cerca de 12 mil euros, se bem que, devido às muitas possibilidades de personalização que o novo Twingo oferece, facilmente este valor final irá subir algumas centenas (ou milhares) de euros.
Está disponível por cerca de 12 mil euros, se bem que, devido às muitas possibilidades de personalização que o novo Twingo oferece, facilmente este valor final irá subir algumas centenas (ou milhares) de euros.
CARACTERÍSTICAS MAIS IMPORTANTES
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Preço (euros):
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Desde 14.450,00 (*)
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Motores
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898 cc, 3 Cil./12 Valv., 90 cv às 5500
r.p.m., 135 Nm às 2500 rpm, Injecção multiponto sequêncial, Turbo. EURO6b.
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Prestações
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165 km/h, 10,8 seg.
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Consumos (médio/estrada/cidade)
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4,3 / 3,9 / 4,9 litros
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Emissões Poluentes (CO2)
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99 gr/km
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(*) sem despesas administrativas e de transporte
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