A ignição está dada e a primeira velocidade engrenada. Para trás ficou um ano de retoma para o mercado automóvel em Portugal. Mas será que os factores que beneficiaram o sector em 2014 vão prolongar-se para 2015?
Até ao final de Agosto de 2014, as vendas de carros novos em Portugal superaram as 100 mil unidades e os valores totais de 2012. No final de Setembro foi a vez de ultrapassarem os números de 2013. Mas se 2012 e 2013 foram os piores anos da década para o mercado automóvel em Portugal, poucos prenunciariam, no entanto, que 2014 encerrasse com vendas de quase 170 mil unidades.
A verdade é que o mercado automóvel em Portugal não tem muito mais por onde crescer. E, por isso, são poucos os que acreditam que seja capaz de repetir o feito em 2015.
Por diversas razões.
Um conjunto extraordinário de circunstâncias concorreram em 2014. Aos primeiros sinais de uma retoma económica europeia, as empresas portuguesas despertaram. E precisaram de renovar ou aumentar as suas frotas, encolhidas ou com prazos de financiamento das viaturas que tinham dilatados ao máximo, devido à conjuntura dos dois anos anteriores.
Não menos importante, louva-se o regresso do crédito em 2014. Às empresas, mas também aos particulares. No ano passado, o crédito ao consumo subiu de forma consolidada e os dados demonstram que grande parte dele foi destinado à aquisição de meios de transporte.
Preparados para reagir estavam os construtores automóveis, alguns dos quais tinham mesmo atrasado os seus lançamentos. E a entrada em vigor de novas normas ambientais e de segurança no espaço europeu fez com que, em 2014, surgissem novas propostas mais apelativas. A que vão juntar-se muito mais novidades até ao Verão.
Os novos modelos são mais económicos. Comparando com os antecessores, os carros novos estão mais baratos e oferecem mais equipamento. Têm também custos de utilização mais reduzidos. Quer porque são mais económicos, como porque a manutenção ficou mais barata, dado que é possível fazer a assistência em oficinas fora da rede oficial, sem prejuízo da garantia.
Por fim, um factor inesperado: a descida acentuada do preço dos combustíveis, devido à ainda mais abrupta descida do preço do barril do petróleo. Gasolina e gasóleo são hoje vendidos aos preços de 2009.
Poderá tudo isto manter-se ao longo de 2015? É pouco provável. O ajustamento das frotas de algumas empresas está mais ou menos concretizado e não deverá ser tão expressivo como em 2014. Para compensar, poderão crescer as vendas a particulares.
Se a Europa não se constipar, a economia portuguesa não precisará de antibióticos. Também é provável que o crédito e as facilidades em obtê-lo aumentem e isso vai certamente estimular o consumo. Um ano de eleições e a retoma de alguns subsídios poderão ser outros agentes impulsionadores.
Mas é preciso não esquecer que o mercado de carros usados está igualmente a recuperar, por força da renovação dos novos, e que o Orçamento de Estado de 2015 veio devolver algumas vantagens fiscais à importação de viaturas usadas.
O preço dos combustíveis também não deverá descer muito mais. O mesmo OE para 2015 traz aumentos nos impostos sobre os produtos petrolíferos. Por isso e porque, apesar do aumento da produção e da retracção do consumo, devido ao abrandamento da economia chinesa, mais tarde ou mais cedo, os produtores vão ajustar a sua produção para estabilizar ou fazer subir o custo do barril de crude.
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