ENSAIO: Toyota Yaris Hybrid 1.5 HSD CVT

Pelo ambiente ou pela carteira? Parte da estratégia de preços da Toyota passa por oferecer, pelo mesmo preço da versão diesel, um carro tecnologicamente mais evoluído e mais ecológico do ponto de vista dos consumos e emissões. Mas será que em matéria de poupança vale mesmo a pena?

A primeira impressão que retive do Toyota Yaris Hybrid foi a suavidade da sua condução. Apesar da actual geração ter crescido em tamanho, o Yaris continua a mostrar-se bastante vontade em cidade e isso é algo comum a todas as versões e motores. Não porque tenha um ângulo de viragem espantoso, antes porque a direcção responde bem, o conjunto é ágil e estável, mesmo em manobras de emergências ou travagens imprevistas.

Neste caso em particular - perdoem-me os mais puristas - conduzir um carro com transmissão automática é um luxo e um conforto. E se a forma e o manípulo de comando da caixa de variação contínua não são um primor de beleza, garanto-vos, é muito fácil levá-la à posição certa durante uma manobra de estacionamento, por exemplo.

A terceira geração do Toyota Yaris ganhou uma imagem dianteira mais jovem e provocante, muito semelhante à do novo Aygo. Face às restantes versões, a frente do Yaris Hybrid acrescenta também alguns pormenores aerodinâmicos com a finalidade de reduzir a resistência ao vento.

Bastante mais importante, nesta actualização o pequeno utilitário japonês recebeu melhores materiais interiores e reajustou a disposição de alguns comandos, devido à necessidade de disponibilizar mais funcionalidades multimédia.

Estas alterações não tiveram reflexos na habitabilidade. Atendendo à dimensão compacta do exterior, o espaço do interior pode considerar-se bem rentabilizado. Apesar de já não haver a possibilidade de ajustar longitudinalmente o assento traseiro, como acontecia na primeira geração. Destaque para o bom ângulo de abertura das portas traseiras da versão de cinco portas (a única disponível para a versão híbrida) e para a capacidade da mala: 285 litros.

A introdução de mais material insonorizante resulta num maior conforto em viagem: nota-se menos o ruído proveniente do rolamento e também do funcionamento do motor.

Mecânica híbrida acrescenta potência


A versão híbrida do Yaris tem como motor principal o 1.5 a gasolina proveniente de uma geração anterior do Prius.

A unidade eléctrica de 61 cv é alimentada por baterias colocadas por baixo do banco traseiro (não retirando espaço à bagageira) e controlada por uma unidade de regeneração colocada junto do motor térmico.

Embora contando com a ajuda de dois motores que, no total, somam uns respeitáveis 100 cv de potência, o Yaris Hybrid não é um desportivo. Não regateia esforços em estrada, mas a ideia é... poupar.

Para isso, o condutor pode contar com a ajuda de informações que o ecrã central de 7’’ vai fornecendo, de modo a jogar com o uso do motor eléctrico para poupar nos consumos do motor a gasolina.

A autonomia das baterias é limitada. Permitem que o Yaris possa circular no modo totalmente eléctrico, seleccionável através de um pequeno botão, pouco mais de 1 km, desde que num trajecto plano. A recarga é feita através da energia proveniente das travagens e do excedente de energia gerado pelo motor térmico.

Se isto resulta em grandes poupanças? Se retirarmos o adjectivo à pergunta, a resposta é afirmativa. O construtor anuncia um consumo misto de 3,3 litros, mas duvido que isso seja possível fora das situações ideais em que tais valores foram homologados. Num percurso absolutamente misto e sem preocupações exageradas em economizar, cheguei ao final do ensaio com o computador de bordo a indicar uma média de 4,9 litros.

O que não é mau, já que fiz quase sempre uma condução despachada, embora raramente acelerando com vigor.

Vale a pena um híbrido em Portugal? 


Posto isto, é legítimo perguntar: quanto vale um Yaris Hybrid que, por não ser “plug-in”, fica de fora dos benefícios fiscais atribuídos pelo governo no abate de viaturas com mais de 10 anos?

Ou, no caso das empresas, não poderem obter outras vantagens para as respectivas contabilidades?

Em Portugal, não é fácil responder a esta pergunta. Porque praticamente não temos áreas urbanas que obriguem à circulação em modo puramente eléctrico, porque os incentivos ao uso de carros menos poluentes não se traduzem numa clara economia monetária e, sobretudo, porque ainda existe uma diferença significativa entre o preço da gasolina e do gasóleo.

Face à versão diesel 1.4 D-4D de 90 cv, o Toyota Yaris Hybrid consegue somente algumas pequenas poupanças no IUC e, eventualmente, em custos de manutenção. De resto, custa o mesmo: 18.760 euros na versão Confort, o nível intermédio de equipamento.

A razão da Toyota apostar nos híbridos


Mas Portugal representa apenas parcela ínfima do mercado europeu de veículos híbridos. A Europa tem as maiores taxas de crescimento e a região é responsável por cerca de 15% do volume de vendas de híbridos à escala global.

Presentemente, 20% de todos os veículos de passageiros Toyota são híbridos, mas este valor irá certamente crescer com o alargamento da tecnologia a toda a gama. Só o Yaris Hybrid representa actualmente 50 mil unidades/ano e é responsável por cerca de 30% das vendas totais do modelo na Europa Ocidental.

Entre os modelos com sistemas alternativos de propulsão, o Yaris é o segundo mais vendido no mercado europeu. Logo atrás da Toyota Auris Hibryd.

Dados mais importantes
Preço
desde 18310 euros
Motores
- Gasolina: 1497 cc, 16 V, 75 cv às 4800 rpm, 111 Nm das 3800 às 4400 rpm
- Eléctrico: 61 cv às 2500 rpm, 169 Nm até 1290 rpm
Potência máxima: 100cv às 4800 rpm
Bateria: Hidretos metálicos de níquel: 144 v, 6.5 Ah
Prestações
165 km/h, 11,8 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
3,3 / 3,3 / 3,1 litros
Emissões Poluentes (CO2)
75 gr/km


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